Sete costelas, esterno, clavícula, dedo, pulmões perfurados e Jonas Vingegaard terminou 2024 vice-campeão do Tour. Como? O dinamarquês explica.
Jonas Vingegaard não compete desde 18 de agosto, data em que venceu a Volta à Polónia. Não encostou logo a bicicleta; continuou a treinar antes de parar duas semanas para fazer o reset mental.
Aproveitou para relaxar em família e desfrutar da paternidade. O dinamarquês, que já tinha uma menina, foi pai de um rapaz, formando um quarteto que é o pilar da vida do pacato bicampeão do Tour de France.
Num vídeo que a Visma | Lease a Bike enviou aos média inscritos para o Media Day da estrutura neerlandesa, vimos um Vingegaard sorridente, tranquilo e ansioso por uma corrida em concreto.
“O Tour de France é a corrida com maior significado para mim, a maior corrida do ano. Há qualquer coisa de especial no Tour de France. Tens que lá estar para sentir. Tentar discutir a vitória, estar à partida no Tour de France com a melhor preparação possível e melhor forma. Tentar ganhar pela terceira vez será o meu grande objetivo da época.”
Jonas Vingegaard no Media Day da Visma.
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“Estive nos cuidados intensivos oito dias”
Para lá chegar terá que retomar onde deixou a época anterior, marcada pela grave queda na Volta ao País Basco.
O momento teve tanta transcendência que no TopCycling o selecionamos como um dos episódios marcantes de 2024.
Para Jonas Vingegaard não foi só mais uma queda.
“As lesões foram más: parti sete costelas, o esterno, a clavícula ficou em três ou quatro pedaços, um dedo, perfurei ambos os pulmões. Estive nos cuidados intensivos oito dias, só isso diz o grave que foi. Passei 12 dias no hospital. Voltar disso e tão rápido… estou muito contente, orgulhoso de como voltei e do bem que voltei. Honestamente foi bem pior do que as pessoas sabem. Ter conseguido chegar ao Tour de France foi uma vitória em si, algo do qual estou orgulhoso. A partir daí foi tudo bónus, por isso ser 2.º no Tour de France e ganhar uma etapa foi incrível e estou muito contente.”
Jonas Vingegaard no Media Day da Visma.
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Foto: Charly Lopez
No País Basco parou a vida de Jonas Vingegaard
Curiosamente a época até tinha começado bem.
Exibições monstruosas na Galiza – onde já venceu dois Gran Camiño – e no Tirreno-Adriático, até que a queda no País Basco parou a vida de Jonas Vingegaard.
“Foi um ano louco 2024. Começou super bem (…) Eu estava mais forte do que nunca. Depois, claro, tive a queda feia no País Basco, que foi um grande contratempo e demorei tempo a voltar. Aprendi muito com a queda e o período posterior (…) Eu pensava ‘domino bem a bike, estas coisas não me acontecem’… de repente aconteceu-me. Pode acontecer a qualquer um. Nunca teria conseguido voltar sem o apoio da família. De certa forma aprendi que com uma menos boa preparação consigo render bem, mas também que sem a queda e uma melhor preparação teria estado melhor no Tour de France. Não sei com que desfecho, mas sei que podia ter sido melhor do que em 2024.”
Jonas Vingegaard no Media Day da Visma.
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Foto: Charly Lopez
“A Vuelta é uma das maiores corridas do mundo”
O caminho até ao objetivo do ano faz-se com algumas novidades no programa do corredor de 28 anos.
Vamos ter Jonas Vingegaard na Volta ao Algarve, no Paris-Nice, na Volta à Catalunha, naturalmente no Tour de France e depois na Vuelta a Espanha.
O bloco do Tour contará com Wout Van Aert e Simon Yates – que saem do Giro diretos para altitude.
“Vou a estas corridas para tentar ganhar; de todas estas o Paris-Nice ainda não ganhei, já lá estive há dois anos e não consegui ganhar, por isso estou ansioso por voltar e tentar ganhar. Na Catalunha também quero tentar ganhar, apesar de nunca ter participado. A Vuelta é uma das maiores corridas do mundo, que eu segui sempre pela televisão e que adoraria ganhar.”
Jonas Vingegaard no Media Day da Visma.
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Foto: Charly Lopez
Líder Vingegaard voltará a ter Matteo Jorgenson
Ao lado, o líder Vingegaard voltará a ter Matteo Jorgenson, que fará o mesmo calendário da época de estreia na Visma.
O estadunidense quer subir o já extraordinário nível de 2024, sendo mais consistente no Tour para ganhar peso estratégico na corrida.
“A forma como vejo as coisas – o Jonas e o Grisha [Niermann] concordam – a forma como temos que abordar [o Tour] com o Pogacar agora é usar os dois. Espero chegar a um nível onde seja uma ameaça real para o Pogacar e a UAE para que possamos usar-me como carta tática. É uma forma útil de tentar ganhar a corrida. O Jonas é claramente mais forte do que eu em todos os sentidos, numa grande Volta, não há dúvidas aí. Se eu chegar a um nível em que ele tenha que me perseguir posso ser usado taticamente para ajudar o Jonas. Manter-me na disputa da geral é benéfico para a equipa. Gostava de ter menos dias maus, no ano passado tive três etapas em que não ia bem.”
Matteo Jorgenson no Media Day da Visma.
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