O fim de ano é época de balanços e desde o TopCycling quisemos juntar num texto os melhores momentos do ciclismo em 2024.
De Pogacar à dupla campeã olímpica no Madison, recorda os instantes em que ficar sentado no sofá se tornou missão impossível.
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A glória olímpica
A escolha de Gonçalo Moreira foi um dos momentos mais altos do ciclismo, e do desporto português, em 2024. A conquista do ouro olímpico por Iuri Leitão e Rui Oliveira no Madison coroou a aposta que se vinha a fazer no ciclismo de pista e que já tinha entregue vários títulos europeus e mundiais.
Um feito que merece ser engradecido: nunca Portugal tinha obtido uma medalha de ouro olímpica fora do atletismo; e há mais – com a medalha de prata que Iuri Leitão conquistou no Omnium, tornou-se no primeiro atleta olímpico português a trazer para casa duas medalhas na mesma edição dos Jogos. De Paris para a História.
Relembre em baixo o momento da conquista portuguesa em Paris, narrado por Gonçalo Moreira e Paulo Martins na Eurosport Portugal.
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O solo de 51 km
Tadej Pogacar foi – de longe – o nome maior do ciclismo internacional em 2024. Foram tantos os momentos de domínio que se torna difícil destacar só um.
Luís Beltrão tentou fazer isso mesmo e escolheu a vitória do esloveno no campeonato do mundo como um dos momentos do ano.
Quando faltam adjetivos para um ciclista, podemos sempre recorrer à única comparação que faz sentido: foi à Mercx que Pogacar venceu a camisola do arco-íris. Depois de uma época inteira a quebrar barreiras difíceis de imaginar, pôs a corrente no prato grande e lá foi ele: atacou a 100 km, partiu a corrida e fez um solo de 51 km em Zurique.
Um dos melhores solos de sempre, num dos maiores palcos do ciclismo mundial e com direito a completar a Tripla Coroa vencendo Giro, Tour e Mundial no mesmo ano. Senhoras e senhores, Tadej Pogacar.
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O dia D no Tour de France Femmes
A etapa oito do Tour de France feminino – a escolha de Bruno Antunes – teve contornos de conto épico. Foi o culminar de uma série de circunstâncias que elevaram um momento ao panteão do ciclismo: a campeã do ano anterior que foi “abandonada pela equipa”, uma craque em ano de afirmação e uma futura estrela que se intrometeu na luta pela camisola mais valiosa do mundo – e com o fim no Alpe D’Huez, uma das subidas mais icónicas do desporto.
Com Katarzyna Niewiadoma na liderança, cabia a Demi Vollering mexer para tentar recuperar a camisola amarela que tinha ganho no ano anterior. Conseguiu abrir o espaço, acompanhada da compratiota Pauliena Rooijakkers. O resto da etapa foi um braço de ferro brutal entre Vollering e Niewiadoma.
A etapa foi para a neerlandesa, mas Niewiadoma segurou a liderança da geral por quatro segundos, num dos finais de uma Grande Volta mais emocionantes do passado recente. Rooijakkers foi terceira, a 10 segundos da polaca.
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A melhor performance de sempre
Nos momentos do ciclismo em 2024 tem que haver espaço para dose dupla de Tadej Pogacar. A escolha de André Pinho recai no dia em que o impossível foi banalizado e se estabeleceram novos tetos para aquilo que podemos esperar dos aliens do nosso desporto – etapa 15 do Tour de France, com fim em Plateau de Beille.
Uma etapa brutal, com quatro contagens de primeira categoria e fim no topo de uma contagem de categoria especial. O esloveno da UAE Team Emirates seguia na liderança e a fórmula da Visma | Lease a Bike para levar Jonas Vingegaard à amarela era simples: explorar aquela que se achava a fraqueza de Pogacar – etapas em dias quentes, endurecidas desde o início.
O plano saiu furado. Vingegaard conseguiu atacar, aplicando números incríveis de w/kg, raramente antes vistos. Na memória, vai ficar a imagem do dinamarquês em sofrimento enquanto o esloveno seguia na sua roda, tranquilo, sem as mãos no guiador enquanto se hidratava. Pouco tempo depois contra-atacou e seguiu sozinho para – discutivelmente – a melhor performance já alguma vez vista no que toca aos w/kg gastos. Carimbou o terceiro Tour de France nesse dia.
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Menções honrosas
Quatro momentos seriam sempre escassos para tão rica época, vai daí quisemos deixar algumas menções honrosas no livro de honra do ciclismo em 2024.
- João Almeida 4.º no Tour de France – melhorou o 5.º lugar de José Azevedo (2004) e aproximou-se dos pódios de Joaquim Agostinho. João Almeida também se converteu no primeiro português a fechar as três Grandes Voltas no top 5.

- Quedas que condicionaram o ano – Van Aert e Pedersen na Dwars door Vlaanderen, o que precipitou o domínio de Van der Poel nas clássicas do Norte; no País Basco azar para Evenepoel, Roglic e Vingegaard que deixou Pogacar mais à vontade no Tour. Não foi dos melhores momentos de 2024, mas foi dos mais importantes.
- Vitória 35 de Mark Cavendish no Tour de France – ultrapassou Eddy Mercx e tornou-se no ciclista mais vitorioso de sempre na Grande Volta francesa.

- Remco nos Jogos Olímpicos – a dupla vitória no contrarrelógio e na corrida de estrada foi celebrada com uma foto para a eternidade, Remco e a Specialized na linha de meta, com a Torre Eiffel como cenário.
- Grace Brown sai pela porta grande – a australiana culminou uma carreira incrível com a vitória nos Jogos Olímpicos, depois de já ter vencido nos Mundiais.

- António Morgado 5.º na Volta à Flanders – a melhor classificação de sempre de um português no Monumento belga.
- A corrida de XCO dos Jogos Olímpicos – disputa tremenda entre Vitor Koretzky, que corria em casa, e Tom Pidcock, campeão em título. Tudo se decidiu na última volta. Um dos melhores momentos do ciclismo em 2024.

Créditos da fotografia de destaque: A.S.O. / Billy Ceusters