Adeus aos ciclistas que se retiram em 2024 – Qual deixa mais saudades?

Com o fim de 2024, chegaram ao fim também carreiras de alguns dos mais célebres ciclistas que gracejavam o nosso desporto, que agora entram na reforma.
O Topcycling assinala a despedida aos atletas das duas rodas que vamos deixar de ver na estrada em 2025.
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Rigoberto Urán
O colombiano é o primeiro de alguns nomes de destaque que se reforma no fim de 2024. Uma das personagens mais caricatas do pelotão durante largos anos, despede-se da estrada com 14 vitórias – quatro delas em Grandes Voltas – e dois pódios no Giro D’Italia.
Em agosto, antes do início da Vuelta, o Topcycling teve oportunidade de falar com Rigo, em conferência de imprensa de antevisão da Grande Volta, e aproveitou para perguntar sobre a retirada que já se antevia:
Há muitos sentimentos, em muito relacionados também com a equipa, que é como uma família. Um pouco de nostalgia e alegria. O ciclismo é cada vez mais perigoso, a velocidade é muito alta, há muito risco, muitas quedas – daí a alegria.
Rigoberto Urán

Grace Brown
Falar do ciclismo feminino em 2024 é falar de Grace Brown. Vencer a Liége-Bastogne-Liége, e os contrarrelógios dos Campeonatos do Mundo e dos Jogos Olímpicos seriam pontos altos da carreira de qualquer ciclista: a australiana conseguiu todas estas conquistas (entre outras) em 2024 – ano em que se decidiu retirar.
Só chegou ao ciclismo em 2018, depois de fazer a transição do atletismo, mas veio mais que a tempo. Termina a carreira com 26 vitórias, e uma época que fez todos os adeptos da modalidade perguntar: “Porque se reforma agora?” A própria respondeu a essa pergunta:
“Sei que podia ter muitos mais anos no ciclismo, mas tenho muitas saudades da minha vida na Austrália com o meu marido, a minha família e os meus amigos. É algo cada vez mais difícil de deixar para trás”
Grace Brown

Thomas de Gendt
O belga é figura de culto no ciclismo. Mestre das fugas, capaz de animar qualquer etapa de transição num Grande Volta. Termina a carreira com 17 vitórias – 16 delas no WorldTour. Picou o ponto nas três Grandes Voltas e nas maiores corridas de uma semana. As vitórias no Mount Ventoux e no Stelvio ficaram guardadas nas memórias de muitos adeptos pelo mundo fora.
Disse, na altura da reforma, estar “orgulhoso” do que conseguiu: “Também estou muito feliz por ter conseguido decidir por mim quando parar. Muitos não têm essa oportunidade”.

Audrey Cordon-Ragot
Uma das melhores ciclistas francesas da sua geração termina a sua carreira após 16 anos ao mais alto nível. Especialista em corridas de um dia e no contrarrelógio, dá descanso à bicicleta depois de uma carreira onde amealhou 21 vitórias.
Dessas vitórias destacam-se os nove (!) títulos nacionais franceses. Cordon-Ragot venceu por duas vezes a corrida de estrada, mas dominou por completo a prova do contrarrelógio, com sete vitórias nos últimos 10 anos.

Edvald Boassen Hagen
Um dos ciclistas mais vencedores da década de 2010. O norueguês, que foi um ciclista versátil com uma ótima ponta final, termina a carreira em 2024 com um total de 81 vitórias.
Destacam-se três etapas no Tour de France, cinco no Criterium du Dauphiné e uma Gent-Wevelgem. Na retirada, o Boassen Hagen afirmou estar “orgulhoso” do que conseguiu durante a carreira: “Há uma altura para tudo, e depois de 17 anos no pelotão profissional, estou contente com o que alcancei durante a minha carreira”.

Outros destaques que seguem para a reforma
Para além dos cinco nomes já mencionados, aos quais se juntam Mark Cavendish e Peter Sagan, há mais alguns que merecem ser destacados pelo que conseguiram – ou pelo que apaixonaram – durante as suas carreiras:

Simon Geschke é um dos nomes obvios: 24 monumentos e 17 Grandes Voltas terminadas, e a carreira coroada com uma vitória no Tour, em 2022. As três vitórias não espelham tudo o que correu na carreira; outro nome que merece destaque é Michael Morkov, o dinamarquês – considerado o melhor lead-out man do pelotão durante largos anos – fez uma das parcerias mais bem-sucedidas da modalidade com Mark Cavendish.

Relembrar ainda dois nomes: Christine Majerus, ciclista há largos anos na SD-Worx – o CEO da equipa chamou-lhe o “ADN” do conjunto neerlandês – termina a carreira com 45 vitórias, e como um dos maiores exemplos de liderança no ciclismo profissional; e ainda Greg Minaar, um dos melhores ciclistas de Downhill da história do desporto.
Ler mais | Peter Sagan Pendura a Bicicleta
Vale a pena lembrar
Todo o espaço parece pouco para relembrar quem deu tudo durante anos para nos fazer vibrar sentados no sofá. Seria, então, sempre obrigatório mencionar os restantes ciclistas que penduram a bicicleta, e entram na reforma em 2025:
- Robert Gesink: 13 vitórias, e uma lenda da estrutura Visma | Lease a Bike
- Andrey Amador: Costa-riquenho retira-se com uma vitória no Giro em 2012
- Luis Ángel Maté: quatro vitórias na carreira, duas delas na Volta a Portugal
- Gorka Izagirre: nove triunfos, com destaque para etapa no Giro em 2017
- Julien Simon: um dos destaques da sua geração em França, venceu 13 vezes.
- Domenico Pozzovivo: 13 vitórias de carreira, incluindo etapa no Giro em 2012
- Dario Cataldo: termina com vitórias no Giro e Vuelta e uma campeonato nacional
- Fabio Felline: termina aos 34 anos com 14 vitórias, duas WorldTour
- Lilian Calmejane: retira-se com 32 anos, depois de vencer no Tour e Vuelta




Créditos da fotografia de destaque: A.S.O. / Thomas Maheux