Analisamos a temporada e a forma recente dos três portugueses que correm o Tour de France: Rui Costa, Rúben Guerreiro e Nélson Oliveira.
Costuma-se dizer que são poucos, mas bons. O ditado aplica-se aos portugueses no Tour de France deste ano, todos repetentes, com vitórias em grandes Voltas e vindos de temporadas muito sólidas.
Quem são? Que experiência têm no Tour de France? Que provas correram este ano e quais os resultados? Perguntas que encontram respostas neste breve guia dedicado a Rui Costa, Nélson Oliveira e Rúben Guerreiro.
- Rui Costa (Intermarché-Circus-Wanty)
- Participações no Tour de France: 10
- Melhores resultados: 18º da classificação geral em 2018; três etapas conquistadas
Como chega ao Tour de France? Rui Costa chegou com tudo à Intermarché-Circus-Wanty e no primeiro dia da época ganhou o Troféu Calvià, em Maiorca. Seguiu-se a vitória na Volta à Comunidade Valenciana, onde o TopCycling esteve para uma entrevista logo após o triunfo.
Na passagem por Portugal foi 4º lugar na Figueira Champions Classic e um 10º posto na Volta ao Algarve.
Ainda em fevereiro foi 9º na Faun-Ardèche e perdeu a Faun Drôme para Anthony Perez (Cofidis) – duas semiclássicas francesas para encerrar um mês tremendo.
Abriu março sendo 4º na Strade Bianche – o melhor resultado de um português na corrida toscana – antes da pausa para preparar as Ardenas. Aí começaram os problemas. Falhou a Flèche Wallone por uma irritação no joelho que estragou a campanha de clássicas e na Romandia nova lesão no joelho por culpa de um incidente mecânico raríssimo logo no prólogo de abertura.
Rui Costa preparou o Tour de France em Serra Nevada e tinha ideia de completar a Volta à Suíça, o que não se confirmou porque a Intermarché saiu da prova após o falecimento de Gino Mader.
A forma do poveiro parece ir de menos a mais, já que mesmo antes de deixar a prova que venceu em três ocasiões andou em fuga na etapa rainha e só um grande Juan Ayuso o impediu de discutir a vitória com os colegas de fuga.
Se Nélson Oliveira ganhou na Vuelta e Rúben Guerreiro fez o mesmo no Giro, no Tour de France foi Rui Costa a afinar a pontaria. Uma etapa em 2011 e duas em 2013, o ano do título mundial em Florença. Desde então já fez pódio em etapas das três grandes Voltas, mas nunca mais sentiu o gosto da vitória.
- Rúben Guerreiro (Movistar)
- Participações no Tour de France: 2
- Melhores resultados: 18º da classificação geral em 2021; em etapas foi 5º na chegada a Andorra la Vella na mesma edição
Como chega ao Tour de France? Rúben Guerreiro esteve sem competir desde as clássicas das Ardenas e regressou na Route d’Occitanie, prova onde os corredores passam os Pirenéus. Foram cinco dias de ciclismo ofensivo, que terminaram com a vitória de Michael Woods pelo segundo ano consecutivo.
O Cowboy integrou a manobra coletiva da Movistar que levou Einer Rubio e Iván Ramiro Sosa. O colombiano, vencedor de etapa no Giro de Itália, demonstrou boas pernas e perdeu o pódio por um segundo. Com três homens no top 10 a Movistar ganhou por equipas.
Rúben Guerreiro foi 9º o que significa que nas cinco corridas por etapas que fez este ano só não fechou com os melhores na Andaluzia e no País Basco. Destacam-se as vitórias no Saudi Tour (etapa rainha e geral) e o 3º posto no Gran Caminho (onde foi o único capaz de seguir Jonas Vingegaard nos dias duros).
A aposta da Movistar no corredor de Pegões Velhos tem sido amortizada com vitórias e boas exibições, mas Rúben Guerreiro assinou para ter oportunidade de se mostrar no Tour de France e o momento chegou!
Como disse ao TopCycling em janeiro, é um ciclista mais motivado do que nunca por cumprir o sonho de correr numa histórica equipa pela qual passaram históricos nomes como Perico Delgado, Miguel Indurain ou Alejandro Valverde.
- Nélson Oliveira (Movistar)
- Participações no Tour de France: 6
- Melhores resultados: 47º na classificação geral em 2015; em etapas foi 3º na chegada a Le Caverne de Pont d’Arc em 2016
Como chega ao Tour de France? Nélson Oliveira estagiou em Andorra antes e depois do Criterium du Dauphiné, acompanhado em todos os momentos pelo líder Enric Mas. Trabalhou para o maiorquino e no contrarrelógio foi 9º, embora referindo que a condição não era ideal e que poderia ter feito melhor.
O melhor resultado da época chegou na Volta à Romandia onde foi 4º num contrarrelógio de perfil duro. Depois de ter sido 8º no passado Mundial, os cronos desta época mostram que Nélson Oliveira recuperou a regularidade na disciplina em percursos entre 18-34km.
No Tour de France há apenas um contrarrelógio: 22km à 16ª etapa e com o Côte de Soudans nos primeiros 4km, passagem por Sallanches (onde Bernard Hinault se sagrou campeão mundial em 1980) e subida ao Côte de Domancy 2,5km a 9,4% e um bónus de mais 3,5km a 5% até à meta em Combloux.
Em 2013, num percurso também irregular com 37,5km de extensão, o corredor de Anadia fez um espetacular 3º lugar atrás de Tom Dumoulin e Chris Froome em Le Caverne de Pont d’Arc. No total são 85 contrarrelógios disputados por Nélson Oliveira em corridas WorldTour; poderá aos 34 estrear-se a ganhar na disciplina que o catapultou para a elite quando foi vice-campeão mundial em sub-23, em Mendrisio?
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