Cinco talentos made in Portugal

Cinco talentos made in Portugal

O que têm em comum Oier Lazkano, James Whelan, Phil Bauhaus, Simon Gerrans e Romans Vainsteins? Todos fizeram escala em Portugal rumo ao WorldTour.

Há tempos estive com Tom Steels a recordar histórias dos anos 90. Portugal sempre foi terreno de caça para corredores de topo mundial e o diretor da Quick-Step não foi exceção.

Após comentar a vitória de Oier Lazkano na clássica de Jaén pensei: “Porque não recordar outros craques estrangeiros que lançaram as carreiras em Portugal?

Alejandro Valverde, por exemplo, ganhou duas etapas no Troféu Joaquim Agostinho sendo neo-pro. Tadej Pogacar estreou-se a ganhar no Alto da Fóia, enquanto Sérgio Higuita ganhou no Malhão.

Outro trampolim tem sido a Volta ao Alentejo. Juan Sebastian Molano venceu duas etapas ao sprint, enquanto Jasper Stuyven e Enric Mas levaram a geral.

Aqui vão mais cinco talentos made in Portugal.

Oier Lazkano com Bastien Tronchon (Decathlon Ag2r) e Jan Tratnik (Visma Lease a Bike).
Créditos: Álvaro García Herrero

Oier Lazkano

Etapa 3 da Volta a Portugal de 20202: um jovem basco da Caja Rural resiste na fuga e ganha o braço de ferro ao pelotão em Viseu. Surpresa porque Oier Lazkano não tinha qualquer vitória em profissionais.

Em Viseu fez-se ciclista, mas algo mais quando na Boucles de la Mayenne fez uma 1ª etapa agressiva tirando a amarela a Ivo Oliveira que liderava desde o prólogo. Depois geriu até à vitória final.

Em 2024 começou forte: entrou na fuga da Clássica de Jaén a 95 km da meta, descarregou os colegas e fez a solo os 15 km finais.

Entrou triunfal na meta com o maillot de campeão espanhol e conquistou a azeitona de ouro. No entanto, pela exibição que fez merecia uma estátua no centro de Úbeda.

James Whelan

Etapa 9 da Volta a Portugal de 2023: subida à Senhora da Graça via Mondim de Basto, 8,4 km de pura agonia no penúltimo dia de competição.

As diferenças na geral eram curtas. A Glassdrive-Q8-Anicolor queria levar Artem Nych à liderança, mas o russo cedeu.

Entrou em ação o plano B da equipa de Rúben Pereira: James Whelan ataca na fuga e dá à Austrália o primeiro triunfo na Volta à Portugal desde 2016 (Will Clarke em Macedo de Cavaleiros).

O australiano é um talento a correr abaixo do seu nível. Ex-vencedor da Volta à Flandres sub-23, três épocas na EF Education First no WorldTour e participação no Giro de Itália.

Lesões e azares levaram Jimmy à Bridgelane, mas os problemas físicos continuaram e assim chegou a Portugal em 2023.

Aos 27 anos, mostrou na Senhora da Graça ter pernas para mais e reconquistou um lugar no pelotão profissional com a suíça Q36.5.

Phil Bauhaus deu nas vistas na Volta a Portugal de 2014.
Créditos: Charly López

Phil Bauhaus

Ao longo da história da Volta a Portugal foram vários os sprinters de categoria internacional que venceram etapas.

Em anos recentes o nível das equipas acompanhou a categoria do evento. A passagem de 2.HC (em 2009) para 2.1 afastou as super estruturas, mas abriu portas a projetos interessantes como o da Stolting.

Na edição de 2014 a formação germânica surpreendeu apresentando um sprinter que dominou a Volta. Phil Bauhaus tinha ganho uma etapa na Volta à Bulgária e era um sub-23 promissor.

Em juniores tinha sido top 15 no Europeu e no Mundial e encontrou na Stolting uma geração de ouro que em 2014 andou muito. Nils Pollit foi campeão alemão de contrarrelógio em elites e Max Walscheid fez o mesmo em sub-23.

Bauhaus começou por vencer na Maia e fechou em grande em Castelo Branco. No ano seguinte passou a profissional na Bora – onde coincidiu com José Mendes – e depois pela Sunweb.

O êxito inequívoco só chegou ao serviço da Bahrain, pela qual somou 14 das 20 vitórias que tem no palmarés.

Créditos: ASO/B. McBeard

Simon Gerrans

Na vida de Simon Gerrans a passagem por Portugal não ocupará mais do que meia dúzia de páginas. Não correu a Volta a Portugal, não ganhou por cá, mas por ter uma história curiosa é a exceção nesta lista.

O australiano deu as primeiras pedaladas aos 17 depois de crescer no motocrosse. Uma lesão levou-o a procurar uma bicicleta e o vizinho Phil Anderson, o primeiro não-europeu a vestir a amarela do Tour de France, foi o bom samaritano.

Aos 19 veio para a Europa estagiar primeiro na norueguesa Ringerike e depois na Carvalhelhos-Boavista.

Pelo Boavista só fez a Volta à França do Futuro – nesse ano corrida por equipas comerciais, seleções e aberta a atletas sub-26 anos. Alinhou com Gustavo César Veloso, Gustavo Dominguez, Danail Petrov (ex-Tavira), José Rodrigues e o também aussie Ben Day.

Foi uma passagem efémera, que não deixou marca no ciclismo português a não ser pela carreira que veio a fazer.

Gerrans foi o primeiro australiano a vencer etapas nas três grandes Voltas. Também ganhou a Milão-Sanremo e a Liège-Bastogne-Liège.

Após um curso de reconversão de carreiras na Goldman Sachs, coordena a Service Course – empresa que vende bicicletas, roupa, viagens, entre outras áreas de negócio ligadas ao ciclismo.

Romans Vainsteins

O único letão campeão mundial de estrada foi dos sprinters mais espetaculares que vieram ao nosso país.

Foram dois anos de paixão por Portugal que o atleta da Vini Caldirola que começaram com a vitória no GP Jornal de Notícias (1998) e culminaram na conquista da etapa de Matosinhos na Volta a Portugal (1999).

Essa edição da Volta terminou na cidade que converteu antigas fábricas de conservas em empreendimentos luxuosos. Vainsteins foi lançado por Andrej Hauptman, o melhor ciclista esloveno da história até aparecerem Pogacar e Roglic.

Em 1997 fizeram faísca os sprints com Fabrizio Guidi (Scrigno-Gaerne), Cândido Barbosa (Maia-CIN) e Jan Svorada (Mapei). No ano seguinte voltou o checo Svorada (etapas em Sevilha e Beja) e o duelo foi com Jeremy Hunt (Banesto – etapas na Póvoa de Varzim e em Lisboa).

Na era dos italianos foram vários os que se estrearam a ganhar em Portugal na primeira metade dos anos 90: Stefano Zanini (Portalegre, 1992) e Giuseppe Guerini (Abrantes, 1994) são bons exemplos.

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