Morgado, Staune-Mittet e outros craques do Giro sub-23

Morgado, Staune-Mittet e outros craques do Giro sub-23

Eram 175 e só 115 terminaram. António Morgado fez a estreia e Johannes Staune-Mittet dominou, mas outros nomes fortes saíram do Giro sub-23.

Johannes Staune-Mittet (Jumbo Visma) foi coroado vencedor do Giro de Itália em sub-23 na Piazza dell’Unità d’Italia, em Trieste. O máximo favorito deu um golpe de autoridade na chegada ao Stelvio (4ª etapa) e a partir daí controlou a corrida.

Staune-Mittet é o primeiro norueguês campeão da prova e o segundo Jumbo-Visma campeão do Giro no espaço de três semanas depois de Primoz Roglic ter vencido em elites. O próximo objetivo é o Tour de l’Avenir e vingar a derrota perante Cian Uijtdebroeks em 2022!

A dobradinha Giro-Tour em sub-23 é uma raridade. Só Gianbattista Baronchelli, em 1973, venceu ambas as provas. Um desafio com 50 anos à altura do talento de Staune-Mittet.

Créditos: La Presse

António Morgado mostrou caráter                                               

Podia ter sido o Giro de António Morgado, mas a lesão sofrida em abril e a má disposição sentida no dia do Stelvio mostraram que não basta ser bom… é preciso uma pontinha de sorte.

O atleta de Salir do Porto acabou na 67ª posição a 58:51 do vencedor, cenário diferente do projetado pelo corredor da Axeon dias antes do Giro em entrevista ao TopCycling. Vale pela aprendizagem para um sub-23 de primeiro ambicioso que quer discutir o Tour de l’Avenir pela seleção nacional.

António Morgado mostrou caráter ao concluir a corrida e apoiou os colegas numa excelente campanha da Axeon.

António Morgado à esquerda e Darren Rafferty ao centro com o maillot da classificação Combinada.
Créditos: LaPresse

O pódio final

Ao lado Staune-Mittet ficou um irlandês da Axeon. Natural de Dungannon, Darren Rafertty não deu a sensação de poder ganhar, mas teve o 2º lugar controlado. Perdeu por 47 segundos e tem menos um ano e meio do que o campeão. É o primeiro irlandês a fazer pódio em 46 edições do Giro sub-23!

O último lugar do pódio foi para o alemão Hannes Wilksch (Tudor) que progrediu do 7º posto na edição passada para o 3º na atual, uma bela trajetória do corredor do projeto de Fabian Cancellara e Ricardo Scheidecker.

Créditos: LaPresse.

Dois sub-23 de primeiro ano no top 10

A classificação da juventude foi ganha pelo francês Alexy Faure Prost (Circus-ReUz-Technord), apesar de ter caído de 3º a 5º na última etapa montanhosa. O projeto de desenvolvimento da Intermarché foi o segundo melhor bloco na prova com mais um sub-23 de primeiro ano, Tim Rex, 27º classificado.

Outro menino no top 10 é Jan Christen, que (por uns dias) terminou o Giro ainda com 18 anos. Talento multidisciplinar que andava na Pogi Team na época passada, Christen já tem contrato com a UAE até 2027 e deixou a sua marca na segunda jornada mais dura vencendo em Pian del Cansiglio.

Staune-Mittet no Stelvio com o colombiano Umba, o francês Faure Prost e o irlandês Rafferty.
Créditos: LaPresse.

Crise da Itália não tem fim à vista

É verdade que Filippo Zana está em crescimento, Jonathan Milan fez um Giro surpreendente e Giulio Ciccone está numa boa fase… mas Filippo Ganna é a única estrela do ciclismo transalpino.

Pela 3ª edição consecutiva a nação anfitriã não meteu ninguém no pódio e só um atleta fechou no top 15 – Alessio Martinelli foi 7º; o lombardo corre na Bardiani que foi o melhor bloco da casa (7º). Boa notícia foi a confirmação do sprinter Davide De Pretto (Zalf) – bronze no Europeu de Anadia – vencedor da classificação por pontos.

A única vitória italiana no Giro foi dada por Alessandro Romele (Colpack Ballan).
Créditos: LaPresse.

Houve outras equipas italianas que não estiveram mal: a Biesse-Carrera venceu uma etapa com o dinamarquês Andreas Foldager, a EOLO-Kometa meteu o espanhol Arnau Gilabert no 16º lugar e a Colpack ganhou em fuga com Alessandro Romele.

O maior problema da Itália? A mentalidade. Na subida ao Stelvio 31 corredores subiram agarrados a carros e motas… 21 deles italianos. Acabaram desclassificados, mas não se livram da vergonha e com esta visão do ciclismo a crise da Itália não tem fim à vista.

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Nova fornada de colombianos

Este Giro sub-23 terminou na mesma praça onde Nairo Quintana foi coroado vencedor da edição de 2014 da prova de elites, disputada até ao limite com Rigoberto Urán. Entretanto apareceu uma nova geração menos virtuosa, mas com alguns raios de luz.

O 4º posto de Germán Dario Gómez e o 10º de Santiago Umba são motivos de alegria para os cafeteros, que têm na GW Shimano-Sidermec o veículo perfeito para se expressarem no calendário europeu. A equipa de Gianni Savio continua a ser a principal porta na alta-roda do ciclismo e o mais preparado é Germán Dario Gómez, bicampeão da Volta à Colômbia sub-23.

Alec Segaert é uma das estrelas emergentes do ciclismo belga.
Créditos: Facepeeters.

No radar do Moreira

Dos 175 jovens que correram o Giro podia destacar vários, mas fico com Alec Segaert. A Lotto-Dstny tem um diamante por lapidar, um rolador que em juniores mostrou potencial para vários terrrenos: bicampeão europeu de contrarrelógio, vice-campeão mundial, ganhou na Lombardia e 2º em Roubaix.

No Giro ganhou o prólogo, vestiu a rosa durante três dias e cedeu a liderança no dia do Stelvio. Perdeu a maglia, mas pode ter ganho um objetivo de carreira. Em vez de se desligar da geral, Segaert foi 12º no Stelvio e 8º em Pian del Cansiglio. Um rapaz com 1,88m e quase 80kg acabou no 11º lugar!

Alec Segaert já estava no radar do Moreira, mas foi uma surpresa vê-lo subir tão bem em altitude intermináveis passos montanhosos. A Lotto-Dstny sabe tão bem o talento que tem que Segaert iniciou a época na equipa de desenvolvimento e dois meses depois já tinha assinado contrato até 2025 com a ProTeam.

O pelotão de sub-23 vai agora competir nos campeonatos nacionais, reencontra-se no Giro della Valle d’Aosta (12-16 de julho) e segue-se o Tour de l’Avenir (20-27 de agosto). Quanto aos Mundiais de Glasgow têm o contrarrelógio agendado para 9 de agosto e a prova de fundo para dia 12.

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