O Giro sub-23 visto por António Morgado

O Giro sub-23 visto por António Morgado

Atleta da Hagens Bermans Axeon analisa os favoritos, o percurso e o papel que terá no Giro sub-23 em entrevista ao TopCycling.

O Giro sub-23 é uma das corridas mais espetaculares do calendário jovem internacional. O percurso este ano não é dos mais duros – mais informações na antevisão da prova – já que há duas etapas duras, um contrarrelógio curto e vários dias “fáceis” que nem podemos considerar de média montanha.

É curioso observar que no comunicado do organizador – a RCS, o mesmo do Giro de elites – António Morgado é colocado entre os favoritos. Como escrevemos na análise aos nomes fortes do pelotão, o corredor de Salir do Porto fez uma paragem longa e não fez a preparação ideal… mas como nunca se descarta um craque podemos classificá-lo como outsider.

“Parei um mês sem poder treinar com intensidade e a condição física caiu muito. Tinha metido esta corrida como um dos objetivos do ano, queria vir discutir a vitória, embora o Tour de l’Avenir seja o objetivo do ano porque quero ir discutir. No Giro fica sempre aquele sabor amargo porque queria correr para ganhar, mas sei que não tenho a capacidade física.”

Trabalhar muito e sonhar com o top 10

A realidade dos factos não tira ambição ao português da Axeon, que já se estreou a vencer provas UCI apesar de estar no primeiro ano de sub-23.

A equipa de Axel Merckx tem um bloco forte, mas para António Morgado “os favoritos são os Jumbo-Visma, não conheço os colombianos mas devem ser muito fortes, temos o [William Junior] Lecerf e atletas que vão aparecer a andar muito forte como é normal”.

Quanto à Axeon deixamos que seja o Bigode Voador a apresentar os colegas.

“Temos hipóteses de discutir a corrida com um ou dois corredores. Trazemos o Kasper [Andersen] que é um sprinter experiente que vai comandar a equipa, temos o Artem [Schmidt] que tem força, muita força; o [Jan] Christen e o Darren [Rafferty] devem ser os líderes e eu estou para ajudar na montanha se conseguir.”

O Giro é traiçoeiro, mas há claramente duas etapas decisivas, a 4ª (chegada ao Stelvio) e a 7ª (chegada a Pian del Cansiglio).

“No Stelvio o papel é proteger os líderes. Eles é que mandam e vou estar ao lado deles, mas se me sentir bem não vou ficar para trás. Digo que estou para ajudar os líderes e estou, mas se tiver a oportunidade de ganhar não vou perder. Não gosto de dizer que vim para ganhar porque não gosto de correr com pressão, gosto de correr à vontade e por isso é que me proponho logo para trabalhar. Gosto de correr assim. Sempre que alguém me pergunta ‘vais para ganhar?’… na minha cabeça quero ganhar e vou para dar o melhor, mas não gosto da pressão.

Trabalhar muito e sonhar com o top 10 é o ponto de partida de António Morgado para a estreia na corrida italiana. Sábado é um dia marcado a vermelho no livro de prova por ser duro, mas não ter o fator altitude em jogo.

“Sei que o Staune-Mittet e o Lecerf prepararam esta corrida para ganhar, pararam de correr e estiveram três semanas em Serra Nevada e vêm com uma força brutal. Eu só fiz uma semana em altitude, o que não dá efeito nenhum, mas se não tiver que controlar e tiver um dia mais solto para fazer o que quiser é sábado que vou tentar. A trabalhar talvez o meu objetivo pessoal seja muito elevado, mas um top 10 na geral seria muito bom.”

Créditos: Joe Cotterill

Projeto Morgado é a longo prazo

As comparações são sempre subjetivas, mas tocar no Giro é pensar em João Almeida, que 44 anos depois voltou a colocar um português no pódio de uma grande Volta. O primeiro momento forte da carreira internacional de João Almeida aconteceu no Giro sub-23 com um top 10 no contrarrelógio em 2017, antes de perder a corrida para Vlasov no ano seguinte.

António Morgado não é João Almeida, mas sabe que quer ser corredor de provas por etapas. Também que o caminho para lá chegar requer paciência.

“Muita gente pergunta ‘então tu és o quê, trepador?’… agora não sou trepador. Gosto de discutir corridas na geral, é o que me cativa a andar de bicicleta. Safo-me bem em corridas de um dia, mas o meu sonho e o foco está em evoluir, perder peso, subir bem e fazer três semanas. Esta corrida vai ser um bom teste. Sei que não vou passar no Stelvio com os melhores porque vou ter que trabalhar, mas não é por isso que não vou tentar ser uma pessoa que suba bem. Espero estar à altura da equipa.”

O projeto Morgado é a longo prazo. Desde há meses que trabalha em perder peso para poder passar melhor as subidas longas.

“Comecei um projeto de perder massa muscular e estava a correr tudo bem, mas com um mês parado passei dos 68-69kg para os 70,5-71kg e com esse peso a subir é complicado. Nas subidas longas tenho vindo a melhorar a potência desde júnior. Sinto que consigo aguentar melhor, a capacidade pulmonar está melhor, consigo aguentar mais tempo em alto passo, mas no Stelvio é onde me vou testar a sério.”

Aguardemos pelo Giro sub-23 e pelo primeiro grande teste da época ao talento de António Morgado.

Subscreve a newsletter semanal para receberes todas as notícias e conteúdo original do TopCycling.pt. Segue-nos nas várias redes sociais Youtube , Instagram , Twitter , e Facebook.

Noticias relacionadas

Wout van Aert assina contrato vitalício 

Wout van Aert assina contrato vitalício 

Rui Costa: “Vou ao Luxemburgo a 90 por cento”

Rui Costa: “Vou ao Luxemburgo a 90 por cento”

Das lágrimas à glória – A vitória da Sabgal-Anicolor na Volta a Portugal em fotografia

Das lágrimas à glória – A vitória da Sabgal-Anicolor na Volta a Portugal em fotografia

Europeu de Ciclismo | Corrida de estrada – Elites masculinos

Europeu de Ciclismo | Corrida de estrada – Elites masculinos

Utilizamos cookies para garantir a funcionalidade e melhor experiência de navegação no nosso site. Saber mais