Deixando para fevereiro do próximo ano a discussão sobre se a Strade Bianchi merece ou não ser o sexto monumento do ciclismo, é hora de ir até Itália, onde no próximo sábado, dia 16, se corre a Milão-Sanremo, o primeiro monumento da temporada.
La Classicíssima vai para a sua 115.ª edição, e como sempre vai-nos fazendo esperar, minuto a minuto, quilómetro a quilómetro, à espera do local onde este ano se vai discutir a prova.
Esta é uma corrida da qual se aprende a gostar à medida que o coração vai batendo mais forte, à medida que os corredores se aproximam da Cipressa. E não nos importamos de esperar os 288 quilómetros que este ano compõem o percurso, porque sabemos que no final vai valer sempre a pena.
Percurso
A Milão-Sanremo, pela primeira vez no ano passado, não começou em Milão, situação que se vai repetir este ano. O novo local da partida, Pavia, fica um pouco mais a sul, a 36 quilómetros da cidade da moda.
Passo del Turchino
Os ciclistas fazem depois 140 quilómetros praticamente planos até ao Passo del Turchino. Esta subida tem 3 quilómetros com 5.1% de inclinação média, que chega aos 11% na parte final. É o ponto mais alto da Milão-Sanremo mas por estar tão longe da meta nunca tem grande impacto no resultado final, a não ser o cansaço que provoca e que se vai acumulando.
Depois de passado o Passo del Turchino, os ciclistas descem até Voltri onde têm mais 80 quilómetros sem grande desnível, mas onde os quilómetros se vão acumulando nas pernas.
Os Três Capos
Ziguezagueando ao longo da costa, os ciclistas vão-se aproximando dos 60 quilómetros decisivos. É nesta altura que cada vez mais televisões se sintonizam na corrida, e que surgem os três Capos: Capo Mele (1.5km a 4.9%), Capo Cervo (1.8km a 2.8%) e Capo Berta (2km a 6%).
Cipressa
Passados os Capos, o coração vai batendo mais forte e surgem os derradeiros 25 quilómetros. Aqui estão concentradas as últimas dificuldades do já longo dia, e onde o primeiro monumento do ano se vai decidir.
La Cipressa (5,6km a 4,1%), é a primeira batalha da Milão-Sanremo onde se luta pela sempre fundamental posição. A fase mais exigente da subida tem um gradiente de 9% e o ritmo sobe a pique, fazendo sofrer e eliminando sprinters e ciclistas mal colocados. A partir daqui nunca mais se para.
Poggio
Depois da descida sempre difícil e nervosa da Cipressa, rapidamente se chega ao sopé do Poggio di Sanremo. É aqui, que em 5 minutos se decide uma corrida de 7 horas. Esta chegada ao Poggio traz à memória a música dos saudosos Dire Straits, Money for Nothing. Há um crescendo palpável do solo inicial da bateria, até que explode na guitarra. A partir daí é aproveitar o que está para vir.
Com 3,7km de distância e 3,7% de gradiente, é preciso, depois de quase 300 quilómetros, ter capacidade para a subida e destreza para a descida, que nos proporciona sempre momentos espetaculares de tensão a alta velocidade.
É aqui que se fazem lendas e onde se decidiram as últimas sete Milão-Sanremo.
Os favoritos
Este é o Monumento mais fácil de correr, mas o mais difícil de ganhar. É também uma das corridas mais difíceis de prever já que é uma prova que fica em aberto até muito perto do final e onde os blocos estão carregados de qualidade.
A ausência de Van Aert, faz de Mathieu Van der Poel e Tadej Pogačar ainda mais favoritos a vencer o primeiro monumento do ano.
Van der Poel tem a Milão-Sanremo como o primeiro grande objetivo da temporada, mas para isso terá de quebrar um enguiço que dura desde 1983, quando Giuseppe Saronni venceu pela última vez com a camisola arco-íris.
A versatilidade de Pogačar faz dele favorito em todas as provas que participa e também não se importava de ganhar o seu quarto Monumento diferente, para começar a pensar na sua preparação para Roubaix 2025.
A INEOS tem Ganna que fez segundo na edição de 2023 e Pidcock, que pode usar as suas capacidades de descida para fazer a diferença. E capacidade para descer é sinónimo de Mohorič, que pode repetir a façanha de 2022, quando fez uma das maiores descidas da história do ciclismo moderno.
Outros nomes como Mads Pedersen, Christophe Laporte, Olav Kooij e Philipsen também são ciclistas importantes e a ter em conta, que dependendo de como se vai desenrolar a corrida, podem também levantar os braços na Via Roma.
Transmissão
A Milão-Sanremo vai para a estrada no próximo sábado dia 16, e vai ser transmitida desde o quilómetro zero no Eurosport 2, com a emissão a ter início às 08:50h.
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