José Azevedo, diretor da Efapel, triste por ver a seleção esquecer os atletas do pelotão nacional para o Europeu de ciclismo.
Continuam as reações à convocatória de Portugal para o Europeu de ciclismo e José Azevedo une-se a diretores como Rúben Pereira e Joaquim Andrade na tristeza face à ausência de atletas do pelotão nacional de elites.
O antigo tricampeão nacional de contrarrelógio correu seis temporadas no ProTour, nove no pelotão português e representou a seleção em quatro Campeonatos do Mundo entre 1996 e 2002.
Hoje é responsável pelo projeto Efapel, que inclui equipa profissional e Academia, onde se formam ciclistas do presente e do futuro, rapazes e raparigas.
Nem alguém com a experiência de José Azevedo é capaz de explicar aos atletas que há um Europeu a decorrer no qual a Federação Portuguesa de Ciclismo abdicou de metade das vagas disponíveis.
“Como responsável por uma equipa fico triste. Não discuto critérios, nem opções, mas fico triste quando vejo que Portugal tem seis vagas e não as preenche quando existem corredores com qualidade para estar nesta corrida. Custa-me ver que os corredores das equipas portuguesas não fazem parte das escolhas, basta vestir o maillot de uma equipa estrangeira e são convocados.”
José Azevedo ao TopCycling.
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Preconceito face às equipas nacionais?
O TopCycling analisou os 23 convocados nos últimos seis Europeus: só cinco dos selecionados por José Poeira corriam em equipas portuguesas, o que representa 21 por cento das convocatórias.
Preconceito face às equipas nacionais?
“Quero acreditar que não… No ciclismo atual é complicado ter ritmo só treinando, mas fizemos o GP Jornal de Notícias com oito dias bem disputados, médias elevadas e corredores portugueses na disputa da corrida. Muitos dos protagonistas do JN enquadram-se nas características do percurso do Europeu. Pedro Silva, Tiago Antunes, Tiago Leal, Joaquim Silva; é preciso corredores com capacidade e força para trabalhar para os sprinters. Se levas o Iúri e os Oliveira que podem sprintar tens que os proteger. Para estes corredores é descrédito que passam e para as equipas é triste porque trabalhamos de forma profissional e não somos recompensados por esse trabalho.”
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“Sabemos preparar os atletas para um objetivo específico“
Não é fácil entender o que leva Portugal a ser a única nação entre as 16 primeiras do ranking a abdicar da quota de atletas .
Isto é o mesmo que dizer que a seleção nacional vai correr em Limburgo, na Bélgica, fragilizada face às rivais diretas.
E para os céticos quanto à maneira de trabalhar do pelotão português, José Azevedo tem uma mensagem.
“Se estás convocado para um Campeonato da Europa e te informam que contam contigo, aumentas a carga e depois das etapas do JN ainda fazes duas horas atrás do carro até ao hotel. O próprio atleta trabalha com outra motivação. Aqui também percebemos de ciclismo, também sabemos preparar os atletas para um objetivo específico.”