João Almeida tornou-se no mais recente membro do “Clube das três” – lote restrito de ciclistas que venceram, no mesmo ano, três das maiores sete corridas de uma semana
País Basco, Romandia e Suíça foram as batalhas ganhas por João Almeida, para se juntar a Bradley Wiggins e Sean Kelly no topo do ciclismo mundial.
O português juntou-se aos antigos vencedores do Tour de France e da Volta à Espanha: são os únicos, na história do ciclismo mundial, a vencer três das big-7 na mesma temporada.

Vitórias espelham o espírito de João Almeida
A temporada começou com as vitórias a escapar a João Almeida. Chegou a fazer melhor que Jonas Vingegaard no Alto da Foia, mas fechou segundo no Algarve, depois de já ter feito o mesmo em Valência.
O primeiro triunfo do ano chegou no Paris-Nice, outra vez sobre Vingegaard, na quarta etapa, mas o português perderia minutos num corte à sexta jornada que condenou a luta pela geral.
A história de glória do português começa pouco depois: três semanas após o Paris-Nice, alinha na Volta ao País Basco, e domina em toda a linha. Duas vitórias de etapa e a classificação geral com quase 2:00 sobre Enric Mas. Primeira vitória numa geral do WorldTour desde a Volta à Polónia em 2021.
João Almeida segue para a Romandia, onde triunfa a solidez. Não venceu nenhuma etapa, mas esteve sempre entre os melhores e venceu a geral com menos 0:26 que Lenny Martinez, e 1:26 que Remco Evenepoel.
Na Volta à Suíça, uma ‘Almeidada’ em toda a linha. O português perdeu mais de 3:00 na primeira etapa, mas mostrou domínio completo nos dias seguintes. Vitórias na quarta e sétima etapa prepararam o cenário para o assalto à amarela no último contrarrelógio, onde o português voltou a não dar hipótese à concorrência.

Na companhia dos grandes
Paris-Nice, Tirreno-Adriatico, Critério do Dauphiné, Volta ao País Basco, Volta à Romandia, Volta à Suíça e Volta à Catalunha – são estas as ‘big-7′, as maiores sete corridas de uma semana do calendário internacional.
Na lista de ciclistas que ganharam três na mesma temporada constavam, até dia 21 de junho de 2025, apenas dois nomes: Bradley Wiggins e Sean Kelly.

Créditos: A.S.O./Gautier Demouveaux
João Almeida passa a fazer companhia a dois dos maiores nomes da história do ciclismo depois do triunfo na Volta à Suíça – torna-se, também, o mais novo a atingir o feito.
Wiggins tinha sido o último a fazê-lo, quando, em 2012, venceu o Paris-nice, a Volta à Romandia e o Critério do Dauphiné. O britânico ganharia o Tour de France em julho desse ano.
Sean Kelly conseguiu o feito por duas vezes. Em 1984 e 1986, o irlandês venceu Paris-Nice, Volta à Catalunha e Volta ao País Basco. Curiosamente, nesses dois anos fez segundo na Volta à Flanders, o único monumento que não conseguiu conquistar durante uma carreira repleta de triunfos.

Créditos: Photogomezsport / Luis Ángel Gómez
João Almeida conseguiu outros feitos de destaque: a dupla vitória em solo suíço (Romandia e Suíça) aconteceu pela primeira vez desde 1994. É o quinto a consegui-lo na história do desporto.
João Almeida também já ganhou etapas em cinco das grandes sete voltas de uma semana – está apenas atrás de Nairo Quintana (sete em sete), Adam Yates e Primoz Roglic (seis em sete), no que toca aos ciclistas ainda no ativo.
Por último, as três vitórias na mesma edição da Volta à Suíça colocam-no num lote de quatro ciclistas que conseguiram o feito numa das corridas com mais história no calendário internacional.
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Grandes objetivos ainda estão para chegar
Com a vitória na Suíça, João Almeida venceu pela nona vez na temporada, sempre a nível WorldTour. Já é a melhor temporada de sempre do português (tinha sete triunfos WT até ao fim de 2024), que está a duas vitórias do ciclista que mais ganhou esta época, o colega de equipa Tadej Pogacar.
E por falar no esloveno, vale a pena apontar que os grandes objetivos da temporada ainda estão por correr. No início de julho arranca o Tour de France, onde João Almeida vai ser o principal escudeiro de Pogacar – nem por isso deixa de ter hipóteses de lutar por etapas ou por um lugar importante na classificação geral.
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Vale a pena mencionar que a UAE Emirates XRG chega ao Tour em posição ideal: domínio nas duas grandes provas de aproximação à maior corrida do mundo, com vitória de Pogacar no Dauphiné e de Almeida na Suíça.
Depois do Tour, a Vuelta. Ainda sem certezas acerca da presença de Pogacar em Espanha, João Almeida vai poder vingar-se da Grande Volta no país de nuestros hermanos, depois de ter sido obrigado a desistir em 2024, ao fim de oito etapas.

Créditos da fotografia de destaque: Sprintcycling