Há vida na Colômbia além de Urán e Quintana?

Há vida na Colômbia além de Urán e Quintana?

Após 15 pódios em grandes Voltas a Colômbia vive uma seca de duas épocas Há relevo para Urán e Quintana? Analisamos a luz ao fundo do túnel.

O ciclismo colombiano vive uma crise profunda amplificada pela sanção de Miguel Ángel Lopez e o afastamento de Nairo Quintana. Dois símbolos da Colômbia afastados por infringirem as regras.

Um outro ícone, Rigoberto Urán, pôs o dedo na ferida.

“Foram muitos ciclistas para a Europa, mas não aguentam mais de um ou dois anos. Eu tive a oportunidade de levar vários, mas não são capazes de se adaptarem ao ritmo de corrida e voltam. Isso preocupa-me porque neste momento não temos ninguém para nos substituir.”

Rigoberto Urán à TeleMEDELLÍN Sports

Em 2024 haverá 15 colombianos no WorldTour, os mesmos que este ano. É um número razoável de atletas comparando com os oito de 2013 ou os três de 2009, mas a perspetiva muda se recordarmos que entre 2020 e 2022 nunca baixaram dos 20 corredores em WorldTeams.

Urán chegou à Europa em 2006 e iniciará a 18ª época ao mais alto nível! Foi o corredor de Medellín que devolveu a Colômbia ao pódio de uma grande Volta após 23 anos de seca, como podem abaixo na lista que reúne todos os pódios de colombianos em Giro, Tour e Vuelta na última década.

  • 2013: Rigoberto Urán 2º Giro | Nairo Quintana 2º Tour
  • 2014: Nairo Quintana 1º Giro |Rigoberto Urán 2º Giro
  • 2015: Nairo Quintana 2º Tour
  • 2016: Esteban Chaves 2º Giro + 2º Vuelta a Espanha | Nairo Quintana 3º Tour + 1º Vuelta
  • 2017: Nairo Quintana 2º Giro | Rigoberto Urán 2º Tour
  • 2018: Miguel Ángel López 3º Giro + 3º Vuelta
  • 2019: Egan Bernal 1º Tour
  • 2021: Egan Bernal 1º Giro

Luz ao fundo do túnel

A vantagem das potências é que mesmo em crise geram talento. Na Colômbia a bicicleta faz parte do estilo de vida, só que muitos optam pela via rápida… caindo no esquecimento mais tarde ou mais cedo.

Em 2024, dois jovens que têm vindo pelo caminho mais longo vão ter a possibilidade de mostrar o que valem.

Santiago Umba e Germán Darío Gómez são a luz ao fundo do túnel para um país que ama as grandes Voltas, mas que vê Egan Bernal longe do que era antes do acidente e Sérgio Higuita sem se confirmar em três semanas. Talvez Santiago Buitrago, top 10 na passada Vuelta, possa ter uma palavra a dizer. De resto escasseiam os colombianos com perfil para marcarem as grandes corridas.

Santiago Umba reforça a Astana

Santiago Umba procede da GW Shimano Sidermec de Gianni Savio e segue o caminho trilhado por Egan Bernal e Iván Ramiro Sosa.

No entanto, foi Nairo Quintana que lhe permitiu dar o salto. Santiago e Nairo conhecem-se de Arcabuco, a localidade onde Quintana estudava e para a qual fazia 18 montanhosos quilómetros em bicicleta entre os 12 e os 17 anos.

Umba iniciará 2024 com 21 anos e vem de ganhar etapas na Volta à Alsácia e na Volta à Sabóia (na Planche des Belles Files) esta temporada. Com a seleção foi 10° no Giro sub-23, onde o TopCycling o incluiu nos craques do Giro.

O progresso até podia ter sido mais rápido, mas no Tour de l’Avenir de 2022 o trepador do departamento de Boyacá partiu o braço e no início deste ano teve um problema no joelho.

Santiago Umba reforça a Astana onde vai encontrar o paisano Harold Tejada.

Polti Kometa aposta em Germán Darío Gómez

Também da GW Sidermec salta o rapaz que se apresentou ao mundo no Mundial de Yorkshire. Em 2019, Germán Darío Gómez era júnior e um problema mecânico atirou-o para o 60° lugar. A Colômbia partilhava carro de apoio com Chile e Uruguai e o incidente foi num timing azarado.

As lágrimas do rapaz de Betulia, departamento de Santander, viralizaram. Continuou a trabalhar e já como sub-23 venceu os dois títulos nacionais e bisou na Volta à Colômbia do Futuro.

A nível internacional o destaque foi o 4º posto no Giro sub-23 (7º no Passo dello Stelvio). O resultado em Itália selou o destino: a Polti Kometa aposta em Germán Darío Gómez nos dois próximos anos.

De Santander vieram alguns nomes grandes do ciclismo cafetero: Alfonso Flórez Ortiz, primeiro colombiano a ganhar o Avenir (1980), e Víctor Hugo Peña, o pioneiro da América do Sul a vestir a camisola amarela no Tour de France (2003).

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