Avé Van der Poel!

Avé Van der Poel!

À boleia de Mathieu van der Poel viajamos pela história do ciclismo dos Países Baixos. Da TI-Raleigh à Jumbo-Visma sem esquecer o campeoníssimo.

Desde Jan Raas (1982) e Hennie Kuiper (1983) que os neerlandeses não venciam edições consecutivas da Paris-Roubaix. O fenómeno voltou a dar-se graças a Dylan Van Baarle e a Mathieu Van der Poel.

Tal como Kuiper e Raas também Van der Poel chegou aos quatro Monumentos de carreira e quase fazia um Merckx ao ganhar três Monumentos na mesma época – o Canibal fez o “tri” em 1969, 1971 e 1975. Já Van der Poel foi 1º na Milão-Sanremo, 2º na Volta à Flandres e 1º na Paris-Roubaix; é verdade que vinha do título mundial de ciclocrosse… o primeiro a dominar Roubaix vindo da lama desde Roger de Vlaeminck.

A crista da onda do ciclismo dos Países Baixos ocorreu entre 1975 e 1985. Nesse período ganharam:

  • 4 Mundiais com 4 corredores
  • 10 Monumentos
  • Vuelta a Espanha
  • Tour de France

Foi Joop Zoetmelk que iniciou a era de ouro com o título olímpico no México em 1968 (no contrarrelógio por equipas 100km). Também foi ele que fechou a porta com o título mundial ganho aos 38 anos, em 1985, na 18ª participação.

Só um corredor persistente podia sair da era de Eddy Merckx para se meter na de Bernard Hinault. Em 16 presenças no Tour de France acabou 2º em seis ocasiões. Quando Hinault se lesionou em 1980 Zoetmelk e a Raleigh massacraram vencendo geral, juventude (com Johan van der Velde) e 12 etapas.

Créditos: A.S.O. Pauline Ballet

Campeoníssimo já leva quatro Monumentos

A ressaca dos gloriosos anos foi atenuada por uma nova fornada de talentos: Peter Winnen, Johan van der Velde, Steven Rooks, Erik Breukink – todos fizeram top cinco, pódio ou ganharam etapas no Tour de France. Sem esquecer Gert Jan Theunisse, o último de oito nativos dos Países Baixos a ganhar na “montanha dos holandeses” entre 1976 e 1989.

Todos fortes, mas não eram Zoetmelk. Nas clássicas não houve paliativos: tirando as conquistas de Adrie van der Poel na Flandres e na Liège nunca mais houve um Raas. Foi como tomar uma “mimosa” ao pequeno-almoço… atenua os efeitos da ressaca, mas misturar champanhe e sumo de laranja não elimina a dor de cabeça!

Créditos: A.S.O. Pauline Ballet

Atualmente os Países Baixos passam por um relevo geracional. Tom Dumoulin e Niki Terpstra penduraram a bicicleta. Bauke Mollema e Steven Kruijswijk estão acima dos 35 anos.

O novo campeoníssimo já leva quatro Monumentos e substituiu Hennie Kuiper como último neerlandês campeão em Sanremo. Também igualou o avô Raymond Poulidor campeão em 1961. A velha guarda está rendida.

“Normalmente ligo ao Adrie uns dias depois se o Mathieu fez algo bonito. Penso que é muito especial que ele me suceda. Joguei futebol no jardim com o pequeno Mathieu.”

Heniie Kuiper ao jornal Algemeen Dagblad após Van der Poel dar aos Países Baixos a primeira Sanremo em 38 anos.

Reminiscências da TI-Raleigh

Um dia teremos que analisar caso a caso as equipas que marcaram a história do ciclismo. No L’Équipe de 22 de março vi uma cronologia só referente às clássicas do Norte no período de Merckx em diante.

Começava na Faema/Molteni do belga, mencionava a Mappei/Quick-Step e pelo meio recordava o auge dos neerlandeses da TI-Raleigh.

A TI-Raleigh era tão imponente como o seu diretor, Peter Post, campeão da Roubaix de 1964. Só um caráter forte conseguiria reunir todos os talentos neerlandeses da época em torno do mesmo projeto. Pelas contas do habitualmente bem informado Diário Vasco foram 986 vitórias em nove anos!

Créditos: A.S.O. Pauline Ballet

Os egos e a má relação entre Raas e Post ditou o fim de uma dinastia. Post saiu para fundar a Panasonic do voltista Phil Anderson, do sprinter Eddy Planckaert e do clasicómano Eric Vanderaerden.

Atualmente só uma equipa me faz sentir reminiscência da TI-Raleigh e não é a Alpecin-Deceunink de Van der Poel. Só a Jumbo-Visma encaixa no perfil de equipa dominadora em todo o tipo de provas, mesmo após o fracasso na Flandres e em Roubaix. Ganham no pavê, nas Ardenas (Primoz Roglic já tem uma Liège e Wout Van Aert uma Amstel), no Tour de France de 2022 venceram seis etapas, três classificações (geral, pontos e montanha) e dominaram o ranking UCI!

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