António Morgado repete em sub-23 a prata de 2022 em juniores. Segunda medalha para Portugal no Mundial de ciclismo após o ouro de Iúri Leitão na pista.
As lágrimas de hoje serão sorrisos amanhã. Enquanto escrevo este texto ainda tremo pela emoção que é narrar uma corrida do Campeonato do Mundo como a dos sub-23… uma espécie de déjà vu face à prova dos juniores do passado Mundial.
O denominador comum nestes eventos é António Morgado, rapaz tranquilo de 19 anos, natural de Salir do Porto, Caldas da Rainha. Portugal tem um talento especial, mas ser vice-campeão mundial em épocas consecutivas e categorias diferentes é incrível!
Na madrugada de Wollongong, em 2022, a decisão foi ao sprint frente ao alemão Emil Herzog. Derrota dura perante um rival mais pesado e que embalou bem para o sprint em descida. Menos de um ano depois, em Glasgow, o ouro fugiu por dois segundos para o francês Axel Laurance, fugitivo do dia.
“Percebi que a fuga possivelmente ia ganhar se não saíssemos do pelotão. Apercebi-me da movimentação do corredor da Eslováquia, que me parecia o mais forte de todos, e fui com ele, porque sabia que só indo num grupo pequeno seria possível discutir a corrida. Falhei dois abastecimentos e ia cheio de câibras na última volta. É um grande resultado para o primeiro ano, estou super feliz, mas gostava de ter conseguido a medalha de ouro”,
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Chapeau Axel Laurance!
O ciclista da Alpecin-Deceuninck fez por merecer. Meteu-se na fuga do dia, andou quase 100km com um grupo de oito atletas e a 27km do final arrancou sozinho. Mal sabia Axel Laurance que só ia parar na meta para vestir o arco-íris, mais um para a equipa neerlandesa que ganhou em elites com Mathieu van der Poel e ainda conseguiu dois bronzes no contrarrelógio feminino (tanto em elites como em sub-23).
A imagem do dia foi protagonizada pelo francês: logo após cruzar a linha de meta Axel Laurance apoiou-se sobre a bicicleta e vomitou… o corpo há muito ia além dos limites. Chapeau Axel Laurance! Custa sempre perder, mas para um atleta que fez uma exibição épica custa menos. A França não vencia o título mundial em sub-23 desde Benoit Cosnefroy em 2017.
O bronze foi para o eslovaco Martin Svrcek, que com António Morgado foi o único capaz de saltar do pelotão dos favoritos para lutar pelas medalhas com os fugitivos. A prova foi dura: 68,3km até ao circuito de Glasgow ao qual os sub-23 deram sete voltas; um total de 168,4km e 2436m de acumulado em ruas de perfil técnico.
Próxima paragem é o Tour de l’Avenir
O que se segue na temporada de António Morgado? A próxima paragem é o Tour de l’Avenir (Volta a França do Futuro), que se inicia no último dia da Volta a Portugal, a 20 de agosto.
Em entrevista ao TopCycling por altura do Giro sub-23 António Morgado admitiu que o Tour de l’Avenir era um dos principais objetivos da temporada, mesmo sendo ele sub-23 de primeiro ano.
“Tinha metido esta corrida [Giro] como um dos objetivos do ano, queria vir discutir a vitória, embora o Tour de l’Avenir seja o objetivo do ano porque quero ir discutir. No Giro fica sempre aquele sabor amargo porque queria correr para ganhar, mas sei que não tenho a capacidade física.”
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