O Topcycling falou com Ben O’Connor – “Quero manter o nível, mas ser mais consistente”

Ben O’Connor chega à Jayco após liderar uma equipa francesa no Tour de France. Vice-campeão mundial quer afirmar o estilo australiano e o TopCycling foi ouvi-lo.
O Topcycling esteve no Media Day da Jayco AlUla e aproveitou para conhecer as ambições de Ben O’Connor, referência da equipa para 2025.
Os australianos venceram 25 corridas em 2024, quatro delas de nível WorldTour. Perderam Simon Yates, mas as caras novas prometem.
Ler mais | Entrevistamos Derek Gee, líder da Israel no Giro

Foto: GreenEDGE
O momento de mudar de cenário
Ben O’Connor passou quatro anos numa situação caricata: um australiano a liderar uma equipa francesa – algo atípico num ciclismo de índole conservadora e onde muitas vezes nem para a língua inglesa há espaço.
No fim de 2024, o ano mais bem-sucedido da carreira, mudou de equipa e voltou a casa. É reforço da Jayco AlUla por sentir que chegou o momento de mudar de cenário e de cultura.
“Passei tempos incríveis em França. Ser um australiano numa equipa francesa é qualquer coisa de diferente e chegou a funcionar. Foi fantástico, mas estava pronto para uma mudança. Como se comunica, como és como pessoa… sempre quis estar numa equipa australiana, era quase criminoso não estar. Sou – espero eu – um dos melhores australianos do pelotão por isso quase sinto que isto é uma necessidade. (…) E depois a estrutura, os equipamentos, a nutrição, é tudo de topo… Mas o lado humano foi o mais importante para mim.”
Ben O’Connor ao TopCycling.
Ler mais | João Almeida quer dar vitória aos portugueses no Algarve

Foto: Unipublic Cxcling/Toni Baixauli
Margem para melhorar no contrarrelógio
Sem medo da pressão nem das comparações com Simon Yates, até porque “não é pressão maior do que liderar uma equipa francesa no Tour de France”.
O corredor de 29 anos completou na Vuelta a tripla de etapas ganhas nas “grandes”. Na bagagem traz triunfos, mas sobretudo a tranquilidade de saber que foi capaz de liderar uma estrutura tradicional e forte como a Decathlon Ag2r.
“Ser líder é uma maneira diferente de correr, tens muita responsabilidade, tanto pessoalmente como na equipa. E tens de estar bem na estrada. Precisas de confiança e que os colegas confiem em ti, eles precisam de saber que estão a trabalhar para alguma coisa. O processo de ganhar a confiança dos colegas é algo prolongado por toda a época e tens de fazer as coisas funcionar, em todo o lado. Isso é algo que trago comigo de França, aprendi bastante sobre essa gestão (…) Sobre ser o substituto do Simon… somos ciclistas diferentes, ele também já ganhou mais. Estou em progresso, a evoluir e ainda não atingi o meu ponto alto.”
Ben O’Connor ao TopCycling.
Em 2024 foi 4.º no Giro, 2.º na Vuelta e 2.º no Mundial. Uma grande época que acredita poder superar, até porque tem margem para melhorar no contrarrelógio.
“É algo que pode ser explorado com melhoramentos nos testes. Estou entusiasmado para ver como corre. Na Vuelta fiz alguns dos meus melhores números, se conseguir transportar isso para outras corridas estou numa boa posição. (…) Quero ter o mesmo nível, mas ser mais consistente. Quero ganhar no WorldTour, é outro objetivo. Depois ir ao Tour e não ter nada a correr mal como nos últimos anos. Sei que consigo andar bem lá, só tenho de não fazer erros. Já fui 4.º e acho que posso repetir, no mínimo. Depois, a Vuelta, não tenho a certeza, mas gosto da ideia de duas Grandes Voltas. Em relação à equipa, um pódio numa grande e cerca de 30 vitórias seriam ótimos números.”
Ben O’Connor ao TopCycling.
Ler mais | Ciclismo deve-lhe uma e Ivo Oliveira vai cobrar em 2025
Créditos da fotografia de destaque: GreenEDGE Cycling