Derek Gee no Giro como líder da Israel Premier Tech – Entrevista

Derek Gee no Giro como líder da Israel Premier Tech – Entrevista

O TopCycling falou com Derek Gee sobre o Giro, a transição para líder da Israel Premier Tech e de como subiu o Alpe d’Huez 433 vezes.

Derek Gee surgiu de rompante no ciclismo e prepara-se para subir a parada como líder da Israel Premier Tech no Giro de Itália.

Numa modalidade em que está quase tudo visto, poucas vezes um talento voa abaixo do radar sem ser detetado. Parte da beleza está em sermos apanhados de surpresa e foi isso que o canadiano fez em 2023.

No Giro, andou sete vezes escapado e cheirou a vitória em quatro ocasiões.

A Israel Premier Tech percebeu o potencial e em 2024 apostou em Gee: no Dauphiné tornou-se o primeiro canadiano a subir ao pódio final e no Tour de France fechou na 9.ª posição.

“Venho da primeira abordagem a uma geral, nunca tinha estado numa situação como no Dauphiné. Quando estás com os três últimos é fácil cometer erros, mas numa prova como o Giro ou o Tour foi fácil não cometer esses erros. Tens Tadej, Remco, Jonas e agarras-te a eles. Quando a corrida é ditada pelos corredores de topo é mais fácil ser conservador.”

Derek Gee ao TopCycling.

Ler mais | Percurso duro do Tour de France 2025

Derek Gee com o maillot da nova temporada.
Foto: Israel Premier Tech

Super combativo do Giro 2023

Nascido na capital Ottawa, o corredor de 27 anos tem trabalhado sob a orientação do novo responsável pela direção desportiva, Sam Bewley.

O rendimento no Tour de France acelerou a transição de super combativo do Giro 2023 para a liderança da equipa dois anos depois.

“É empolgante regressar numa situação diferente de 2023, os objetivos são mais concretos. Já não vou poder entrar em fuga todos os dias, mas é bom poder ver o quadro geral das coisas e preparar tudo com meses de antecedência. A corrida tem um lugar especial no meu coração, foi a primeira vez que me senti competitivo na Europa. O nível de confiança é muito maior do que no passado, fomos limando arestas para melhorar como corredor e não esperava estes resultados. A mentalidade mudou por completo, sei do que sou capaz graças ao ano passado e ao ver o trabalho que já começou neste estágio sei o que funciona e o que não funciona para mim.”

Derek Gee ao TopCycling.

“A geral é um projeto”

De animador a chefe de fila é uma evolução tremenda. Daí a poder aspirar à vitória é um passo que só o tempo dirá se Derek Gee será capaz de dar.

Ryder Hesjedal é o único canadiano vencedor de uma grande Volta. Em 2012, o então corredor da Garmin resistiu a Joaquim Rodriguez na montanha e desmontou Purito no contrarrelógio final.

Para já, Derek Gee sente-se a certa distância de poder repetir o feito de Hesjedal.

“Falar em ganhar este ano é muito ambicioso para mim, mas nunca se sabe. É uma corrida de bicicletas e todos os que alinham têm uma hipótese. Certamente depende de quem corre. A geral é um projeto: requer tempo trabalhar para ela, descobrir pontos fracos e cometer erros. A parte boa é que não vou dizer que quero um top 5, vou sabendo que passamos todo o inverno a trabalhar no projeto geral. Penso que tenho uma grande equipa à minha volta e nunca se sabe.“

Derek Gee ao TopCycling.

Em três épocas o nativo de Ottawa fez duas grandes Voltas e tem progredido em todos os aspetos.

Admite que reagiu de forma diferente a ambas e que o cansaço acumulado em três semanas vai para além de tudo o que é normal.

“No Giro cheguei ao final cansado porque não podia desligar o cérebro. Eram os primeiros resultados da minha carreira, mensagens a torto e a direito, dormia 4-5 horas por noite. O Tour este ano foi muito melhor, preparei-me para a terceira semana que é quando sentes o cansaço, mas é um tipo de cansaço difícil de replicar. No ano passado não descansei o suficiente após o Giro e isso refletiu-se no final da época ao não conseguir encontrar a mesma forma. É difícil por em palavras o que uma grande Volta faz ao corpo.”

Derek Gee ao TopCycling.
Foto: Israel Premier Tech

Subir o Alpe d’Huez 433 vezes

Nestes dias frios de dezembro, a Israel Premier Tech foi à procura do sol de Girona, na Catalunha, para o primeiro estágio com todo o plantel de 2025.

A falta de corridas inspira a criatividade das equipas de comunicação. A Israel, por exemplo, informou que Derek Gee acumulou 486,099 metros a subir na passada temporada, o equivalente a subir o Alpe d’Huez 433 vezes

“Por vezes nem é bom olhar para a média das nossas saídas, mas as montanhas são lindas. As duas últimas épocas foram uma enorme mudança porque vim do ciclismo de pista. Era um tipo grande, a equipa pensava que eu era corredor de clássicas do pavê e eu também. Foi só este verão que nos apercebemos que ser voltista era viável e queremos ver até que ponto. Com isso vem uma mudança no peso corporal, tipos de treino, diferentes aspetos aos quais não prestas atenção se és clasicómano onde só interessa a potência. Ainda tenho falhas como voltista, nada que se destaque, mas há margem de melhora.”

Derek Gee ao TopCycling.

Nos próximos anos o foco do canadiano está nas grandes Voltas. Derek Gee não perde o sono por ainda não ter conseguido resultados em provas de um dia e sente que pode corrigir a situação na Liège e na Lombardia.

Há ainda a motivação de ter os Mundiais de 2026 em Montreal, no Canadá, num circuito duro parecido com o da clássica que em setembro foi ganha por Tadej Pogacar.

“Gostava de ser competitivo nas clássicas, mas é uma questão que está no ar porque só tenho olhos para maio. Nos Mundiais acho que nunca terminei. As coisas têm que clicar, são sempre corridas duras e gosto de esforços longos, mas é difícil saber como vão ser corridos. Espero uma prova a todo o gás e caótica, aí tudo pode acontecer.”

Jakob Fuglsang é outro dos líderes da Israel.
Foto: Israel Premier Tech

“Sempre quis correr a Volta à Califórnia”

O ciclismo na América do Norte foi decapitado na última década. Califórnia, Colorado, Utah chegaram a ter Voltas do máximo nível e desapareceram.

Os talentos de Estados Unidos e Canadá passaram a usar a pista ou a ter que emigrar cedo à procura de uma oportunidade.

“Não ter essas corridas prejudica o desenvolvimento, não podermos ter as Continentais a correr contra as WorldTeams. Por outro lado, forçou jovens ciclistas a ir para a Europa mais cedo para se tornarem profissionais, forjarem o seu caminho, quando sempre uma desconexão de se estes jovens podiam competir na Europa onde as corridas são tão diferentes. Dói pensar que todas acabaram antes de me tornar profissional pelo que nunca as corri apesar de ter crescido com elas. Sempre quis correr a Volta à Califórnia.”

Derek Gee ao TopCycling.

Não parece haver nada que indique um regresso ao passado e as clássicas de Montreal e do Québec – de nível WorldTour – são caso único no calendário norte-americano.

Também é verdade que em 2026 os Mundiais serão em Montreal (Canadá) e que em 2028 os Jogos Olímpicos se realizam em Los Angeles (Estados Unidos).

Se estes eventos vão despertar as duas potências ninguém sabe. Derek Gee espera que sim.

“Seria um sonho que regressassem e espero que tanto os Mundiais de Montreal como os Jogos Olímpicos de Los Angeles possam ser o empurrão que ajude a que essas corridas voltem.”

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