O TopCycling falou com Bruno Pires sobre a preparação na Serra da Estrela, o percurso duro e o ritmo esperado de nível WorldTour.
A Glassdrive/Chanceplus/Allegro já roda em Espanha na 2ª edição da Volta à Andaluzia. A equipa coordenada por Bruno Pires representa o ciclismo português feminino no mesmo pelotão onde temos a Movistar, vencedora da Vuelta no início de maio com Annemiek van Vleuten.
A prova andaluza marca a abertura europeia da temporada masculina e a versão feminina dá agora os primeiros passos aparecendo no período pré-Giro de Itália e Tour de France.
Movistar, Human Powered Health e Israel-Premier Tech são as WorldTeams presentes, além de UAE e Canyon que se fazem representar pelos projetos de desenvolvimento. Além da Glassdrive/Chanceplus/Allegro a presença portuguesa na Volta à Andaluzia estende-se a Beatriz Pereira (Bizkaia-Durango) e Beatriz Roxo (Cantabria Deporte-Rio Miera).
O bloco da Glassdrive/Chanceplus/Allegro tem Cristiana Valente, líder da Taça de Portugal, Nádia Alexandra, que comanda em sub-23, além de Tamara Branco que tem sido o pilar nas vitórias da equipa.
“O objetivo é que as seis atletas cheguem ao fim, mas como ciclista sempre fui ambicioso e como diretor também o sou. Somos uma equipa desconhecida, jovem, mas acredito que temos elementos que podem surpreender. Quis dar a oportunidade a portuguesas e a ExtremoSul cedeu-nos a Liliana de Jesus e a Susana Freitas. Também temos uma ciclista andaluza que foi campeã nacional de BTT, a Rocío Martin. O bloco tem experiência, tem endurance e o mais importante é dar às atletas a experiência de correr uma prova de cinco dias e é ótimo para os patrocinadores estarem aqui representados pela equipa porque a Allegro é de Granada.”
Bruno Pires ao TopCycling.
Preparar a Volta a Portugal
Nenhuma etapa na Andaluzia baixa dos 90km de extensão e a mais longa tem 134km e 2400m de acumulado. Na Taça de Portugal só a recente etapa disputada em Moura se encaixa nos moldes do que a Glassdrive/Chanceplus/Allegro vai encontrar na prova espanhola.
“Esta zona é muito montanhosa, será um percurso para as características das nossas corredoras porque as portuguesas acabam por ter bons desempenhos em subida. O ritmo será alto tal como o nível do pelotão, mas estou expectante porque sendo duro creio que temos elementos que podem beneficiar com este percurso.”
A expetativa é alta por parte do diretor desportivo que durante o Giro de Itália assinou uma crónica para o TopCycling.
Preparar a Volta a Portugal
Bruno Pires esteve com algumas corredoras na Serra da Estrela em meados de maio. No primeiro dia fizeram 3200m de acumulado, no segundo mais 3000m; treinos como os que o alentejano fazia quando corrida no WorldTour. Após recuperarem do bloco de altitude também fizeram treino de ganho de velocidade atrás do carro.
“Agora é esperar que assimilem a carga porque nem sempre o corpo responde bem na primeira vez em que se faz isto, mas é trabalho que fica para a próxima vez”, explica o ex- Leopard-Trek e Tinkoff-Saxo.
Parte do trabalho foi feito a pensar na Volta a Portugal, que decorre entre 26 e 30 de julho. Na edição passada a Massi-Tactic, equipa atual de Vera Vilaça, ganhou todas as etapas e classificações. A sueca Nathalie Eklund foi a campeã e este ano corre no WorldTour pela Israel!
“Se queremos preparar as atletas temos que lhes dar calendário porque são as competições que as preparam a nível superior, além de estágios em altitude e toda a preparação prévia. Queremos que ganhem um ritmo diferente, formas de correr diferentes, observem outras equipas e a maneira como trabalham para fazermos um bom resultado na Volta a Portugal.”
Bruno Pires ao TopCycling.
Percurso duro e bonificações curiosas
- Etapa 1 Alcalá la Real – La Zubia | A prova abre com 116.9 km tipo clássica e duas montanhas pontuáveis de 3ª categoria – Alto de Cacín e Alto de Ventas de Huelma. A última é coroada a 37km da meta e o final em La Zubia é em ligeira subida.
- Etapa 2 Salobreña – Cómpeta | São 95km potencialmente decisivos por ter o único final em alto. Circulam primeiro junto à costa – passam em Almuñecar terra de Carlos Rodriguez – onde o vento é sempre perigoso e depois sobem o Puerto de Competa (1ª categoria) que tem 14,4km a 3,8% embora as rampas finais sejam muito inclinadas.
- Etapa 3 Nerja – Álora | Mais um dia na província de Málaga. Etapa com 134km e 2400m de acumulado, o pelotão passa três montanhas – Alto de Colmenar de 2ª categoria, Alto de la Joya de 3ª categoria (curto mas com inclinações duras) e Alto de los Nogales de 3ª categoria. A última subida está a 34km do final com o típico acesso em centro histórico e rampa de 250m a coincidir com a meta.
- Etapa 4 Pizarra – Mijas | Ainda na província de Málaga apanham uma jornada com 90,9km e apenas uma montanha pontuável ainda na primeira metade. Meta nas Lagoas de Mijas para um provável sprint em avenida larga e com os últimos 500m al 4,5%.
- Etapa 5 Estepona e Castellar de la Frontera | A Volta à Andaluzia finaliza na província de Cádiz com 93,9km; começam logo a subir Hacho de Gaucín (1ª categoria) o que pode marcar a etapa. Percurso duro e bonificações peculiares: 3-2-1” nas chegadas e 6-4-2” nos chamados pontos quentes presentes cada dia e que estão tanto em metas volantes como em contagens de montanha.
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