Do Adriático ao mar da Ligúria. O Giro atravessa a Itália e o “Ti Amo” recorda ícones locais como Pantani, Baldini, Cipollini, Bartoli e Luperini.
“Ti amo” é um espaço de amor à cultura italiana e ao Giro. É também uma música de Umberto Tozzi. Proponho 21 histórias para 21 etapas.
Acabou o que era doce. Após o contrarrelógio individual de Cesena o pelotão parou para a primeira jornada de descanso.
Ninguém imaginava que o vencedor da etapa e líder da prova, Remco Evenepoel, tinha vivido em Cesena o último dia como maglia rosa já que abandonou por COVID-19 cedendo a liderança a Geraint Thomas. Situação rara no Giro: Eddy Merckx em 1969 e Marco Pantani em 1999 são os únicos precedentes.
Já que falamos do Pirata, a 10ª etapa começa na sua Emília-Romanha natal. É a capital alimentar de Itália, por exemplo, na cidade de partida – Scandiano – situa-se a Confraria do Vinagre Balsâmico Tradicional de Reggio Emilia e nas vinhas locais nasceu um branco extraordinário chamado Spergola di Scandiano.
Produzem-se tantos produtos que a região é conhecida como o Vale da Comida. Parma é a capital da “dispensa” que alimenta a Itália e boa parte do mundo. Há museus do queijo parmesão reggiano, do presunto, do salami e um curioso dedicado ao exclusivo culatello – enchido madurado durante 11-16 meses que ao contrário do presunto não é produzido em massa (só há 12 produtores certificados que produzem sete mil peças por ano face a oito milhões de peças de presunto de Parma).

O Pirata e o Comboio
Marco Pantani é apenas um de muitos ciclistas famosos do lado oriental da Emília-Romanha. Não longe da costeira Cesenatico – berço do Pirata – situa-se Forlí. Aí nasceu Ercole Baldini, campeão olímpico em 1956 e campeão do mundo em 1958 logo após vencer o Giro.
Il treno di Forli (O comboio de Forlí) fazia a diferença no contrarrelógio, aliás, no Giro que venceu em 1958 adjudicou os dois contrarrelógios individuais. Pelo meio bateu o recorde da hora de Jacques Anquetil no mítico velódromo Vigorelli, em Milão. Ercole Baldini morreu em dezembro de 2022 aos 89 anos.
O Pirata e o Comboio, campeões do Giro nascidos a 30km de distância e que não podiam ter tido vidas mais distintas.

Créditos: La Presse
Hub da costa da Ligúria
Para os corredores a tentação dos cheiros da Emília-Romanha ficam para trás à medida que entram na Toscana. Para isso cruzaram a Itália do Adriático ao Tirreno.
É do lado oposto da península que está a meta, em Viareggio. O percurso da 10ª etapa leva-nos a atravessar Lucca, de onde é natural Mario Cipollini, recordista de etapas do Giro com 42 triunfos. Também em Lucca esteve durante anos a base logística da MTN-Qhubeka de Doug Ryder (atual patrão da Q36.5).
Por aqui há um hub de ciclismo que atraiu alguns não-europeus a radicarem-se na zona. No hub da costa da Ligúria encontramos cidades como Camaiore (cidade de partida do Tirreno-Adriático), Pisa (onde nasceu Michele Bartoli, o homem que deu outra dimensão à carreira de Ruben Guerreiro) e Pontedera (casa de Fabiana Luperini, cinco vezes campeã do Giro e três vezes vencedor da Fléche Wallone).
Subindo a costa rumo a Norte junto ao mar da Ligúria – subdivisão do Tirreno – eventualmente chegaríamos a Pisa, depois Génova e finalmente Sanremo. Sobre esta última não é preciso dizer muito, certo? É a cidade sagrada do primeiro Monumento da temporada.
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