TopCycling com Fabian Cancellara, proprietário da Tudor. A relação com Ricardo Scheidecker, o WorldTour no horizonte e muito mais num mano a mano lendário.
Não existiria Tudor sem Fabian Cancellara. Esta foi a conclusão a que o TopCycling chegou após visitar a ProTeam suíça em Moraira, na Comunidade Valenciana, para participar no Media Day de antevisão da nova época.
Mais de uma dezena de jornalistas – incluindo o TopCycling como único meio de comunicação nacional – marcaram presença. É raro uma ProTeam ter tanta afluência de jornalistas, mas a Tudor joga na primeira divisão do ciclismo.
O proprietário da equipa, Fabian Cancellara, e o CEO, Raphael Meyer , apresentaram os reforços Marc Hirschi (ex-UAE Emirates) e Julian Alaphilippe (ex-Soudal QuickStep). Também confirmaram a presença na Clássica da Figueira, na Volta ao Algarve e no Paris-Nice, mas lamentaram a dependência de convites para as demais provas.
Vídeo da conversa entre Gonçalo Moreira e Fabian Cancellara
O Tour de France – onde o suíço vestiu a amarela 29 dias – é uma miragem, mas repetir o Giro de Itália não é improvável.
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Foto: Tudor Pro Cycling
20 minutos a sós com o “Spartacus”
Foi especial estar 20 minutos a sós com o “Spartacus”. Fabian Cancellara é acessível e esforça-se por conectar com a audiência. Atendeu a imprensa da Valónia em francês, os suíços em vários idiomas e até arranhou o português no TopCycling.
Aos 43 anos desdobra-se em compromissos já que, além de proprietário da equipa Tudor, também é embaixador da marca de relógios e organiza Gran Fondos na Suíça.
“Chamo-me quase sempre a alma da equipa. Não trago a lenda Cancellara, o proprietário. Não gosto disso porque sou como sou: pés na terra, humilde, mas disposto a criar algo com as pessoas. Temos a nossa filosofia e forma de correr. Não sou diretor desportivo, treinador, nutricionista; tenho um papel especial, que é agradável. Claro que sou responsável por quase 130 pessoas como proprietário. ‘Ah ele também é a lenda do ciclismo.’ Não me sinto a lenda, sou como sou, gosto de fazer o que estou a fazer e quero dar às pessoas na equipa a oportunidade de criarem algo. Eu comecei, mas agora não sou eu, somos nós, juntos, e é disso que gosto mais. (…) No fim do dia estou super contente, super calmo e acordo de manhã com um grande sorriso. Estou feliz.”
Fabian Cancellara ao TopCycling.
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Foto: Tudor Pro Cycling
Ricardo Scheidecker vai guiando a Tudor
Como se explicam as chegadas de Hirschi e de Alaphilippe, que aceitaram correr na segunda divisão sem garantias de calendário?
Nos bastidores, o sempre discreto Ricardo Scheidecker vai guiando a Tudor. O maestro dos contactos com corredores e das reuniões com os organizadores mais influentes.
Cancellara e Scheidecker conheceram-se em 2011 e aí nasceu uma bela amizade. O braço direito de Cancellara tem implantado na Tudor o ADN ganhador da Quick-Step de Patrick Lefevere e o espírito de grupo da Saxo Bank de Bjarne Riis.
“O Ricardo é uma pessoa muito importante. É o líder do nosso departamento desportivo. Trabalhei com ele na Leopard-Trek, partilhamos muitas coisas lá. Não diria que depois nos separamos, mas a nossa relação não acabou. Somos amigos. (…) Estou super orgulhoso de ter tão boa pessoa, tão profissional e com tanta experiência como o Ricardo. Traz imenso à equipa, valores que são necessários para a construir. É bom ter um amigo na equipa. Quando começamos só estavam o Ricardo e o médico, à volta eram só pessoas novas. Não fui eu que escolhi, fomos nós, todos juntos, a construir o que temos hoje: de 20 atletas para 27, agora em 2025 temos 30 atletas, uma enorme estrutura também graças ao Ricardo.”
Fabian Cancellara ao TopCycling.
Portugal foi a rampa de lançamento
Tetracampeão mundial de contrarrelógio, vencedor de três Paris-Roubaix e outras tantas Voltas à Flandres. Entre tantos momentos de excelência desportiva há um que ainda hoje marca a carreira de Fabian Cancellara.
Sabiam que Portugal foi a rampa de lançamento de um ciclista que o diário Marca considera um dos 50 desportistas de referência do século 21?
“O meu passado tem algo realmente profundo com Portugal porque fiz em 1997 o Festival Olímpico da Juventude Europeia, em Monsanto, era eu júnior do segundo ano. Depois fiz o Mundial e, claro, do Algarve tenho boas memórias do contrarrelógio que ganhei em Sagres [2016]. Em geral sempre rodeado por boas pessoas. Também quando era jovem ciclista tive alguns colegas ciclistas do norte de Portugal, que viviam na Suíça. Boas memórias do povo português em geral, por isso agradeço todo o apoio.”
Fabian Cancellara ao TopCycling.
Um dos melhores corredores de todos os tempos e tão pouco tempo. Ficou tanto por perguntar a Fabian Cancellara. Cliquem no vídeo para verem a conversa na íntegra.
No Topcycling, queremos saber como é o público português no que se refere ao ciclismo, responda ao nosso questionário, são só dois minutos e está ajudar o projeto.