Top 10 na Fóia e no Malhão no ano passado, Tao Geoghegan Hart regressa a Portugal para sentir o carinho dos fãs na Volta ao Algarve.
Tao Geoghegan Hart encontrou-se com os média e anunciou que vai começar a época na Volta ao Algarve, consumando o regresso a Portugal seis meses após ter estado na partida da Vuelta.
O britânico da Lidl-Trek, que já em 2023 arrancou na Algarvia sendo 12.º classificado, regressa a um país onde tem sido sempre bem recebido.
“Vou começar em Portugal a época o que é super empolgante, tenho lá amigos e até relações familiares. Divertimo-nos imenso em Lisboa na época passada com os fãs e com o apoio em geral. Também foi uma boa corrida para regressar [de lesão] e é um ótimo sítio para começar a época. Temos outro estágio logo a seguir e depois vamos um passo de cada vez.”
Tao Geoghegan Hart
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Queda gravíssima no Giro de 2023
A última temporada foi de retoma por culpa de uma queda gravíssima no Giro de 2023.
O londrino está escaldado e por isso quer ir passo a passo, sem definir um programa de corrida tirando a abertura no Algarve.
Conservador, Tao Geoghegan Hart diz que “não faz sentido olhar mais para a frente (…) A aproximação mais lógica é focar-me em voltar ao meu melhor e sentir que virei a página da fratura na perna”.
O tom cauteloso fez-me recordar a conversa com Rúben Guerreiro. Tao Geoghegan Hart partiu a clavícula no Giro de 2019 e quatro anos depois fraturou o fémur da perna esquerda na mesma corrida.
Este episódio foi duplamente castigador porque o londrino era 3.º a cinco segundos do maglia rosa e colega na Ineos, Geraint Thomas.
“No dia em que parti a perna tinha a certeza de que ia lutar pela geral nessa grande Volta, isso é super inspirador para mim e foi o motivo que me levou a começar neste desporto.”
Tao Geoghegan Hart
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Desafio é voltar a sentir-se em forma
É uma relação de amor-ódio com a corrida italiana. Da vitória em 2020 – arrebatando a liderança a Jai Hindley no contrarrelógio final – aos azares recentes.
O desafio de Tao Geoghegan Hart é voltar a sentir-se em forma, coisa que nunca sentiu na época passada, apesar de ter ajudado Mathias Skjelmose a fechar top 5 na Vuelta.
No Dauphiné ficou bastante doente. Em Burgos caiu e voltou à estaca zero com os consequentes efeitos negativos no final da temporada.
“Em fevereiro parecia estar bem no Algarve, mas faltava-me a profundidade que precisava para realmente render e isso demonstrou-se durante alguns meses. Muita gente da equipa, mais experiente do que eu, não ficou surpreendida, mas como atleta queres mais. Foi bom estar diretamente na corrida no Algarve, mesmo que não me tivesse sentido pronto para competir. Foi uma surpresa agradável ter andado no top 10 alguns dias.”
Tao Geoghegan Hart

“É um Giro tradicional“
Aos 29 anos, a forma como se comporta na conferência de imprensa revela um Tao Geoghegan Hart maduro e perspicaz nas análises.
Questionado sobre o percurso do Giro, o ciclista da Lidl-Trek mostrou ter a lição estudada.
“É um Giro tradicional, com uma grande semana final onde podemos esperar uma luta de galos. É algo do qual precisamos no ciclismo moderno e há lugar para isso no ciclismo. É aí que o Giro se destaca das outras duas grandes Voltas, fisicamente é um desafio completamente diferente. Começa equilibrado, sem etapas muito duras, o deixa a corrida mais aberta.”
Tao Geoghegan Hart

Regresso do Colle delle Finestre
A Itália é uma segunda casa. Das nove vitórias que tem como profissional, oito foram obtidas na pátria de Garibaldi.
O especialista no Giro analisou também o regresso do Colle delle Finestre à corrida.
Tao Geoghegan Hart subiu este “monstro” duas vezes num estágio com a Sky quando ainda era sub-23. Também foi colega de Chris Froome, que aí venceu em 2018 rebentando o então líder Simon Yates.
“Esse Giro ficou marcado pela performance do Simon Yates, acima de tudo. Esquecemo-nos com frequência do incrível que ele esteve. Enfrentei-o na Vuelta nessa época e ele ganhou. Eu estava na América a preparar-me para a Volta à Califórnia; a rotina era acordar cedo, fazer as papas de aveia, ver os últimos 30-40 km, tomar um café, o pequeno-almoço e ir treinar cheio de motivação. O Yates esteve imperial nessas etapas.”
Tao Geoghegan Hart

“Quero ser um corredor que faz resultados“
Também lhe perguntaram pelo presente e pelo futuro.
Após tantos azares e sem ganhar há mais de um ano, que corredor sente que pode ser Tao Geoghegan Hart?
“Quando era muito mais jovem um diretor disse-me que há três tipos de corredores: os ganham corridas, os que estão a aprender a ganhar corridas – que vemos cada vez menos porque muitos ganham muito jovens – e os que estão a ajudar outros a ganhar corridas. Estou numa fase da carreira onde quero ser um corredor que faz resultados, isso não significa sempre ganhar, também fazer uma boa geral (…) Os pontos de uma boa geral importam e as equipas colocam enfase no ranking que não colocavam há 10 anos. Nesta fase quero fazer resultados, seguramente haverá anos no final da carreira em que usarei a minha experiência para ajudar outros.”
Tao Geoghegan Hart
Aguardemos então pela melhor versão de um atleta que na Axeon correu dois anos com Rúben Guerreiro. Cruzamos os dedos para que 2025 traga a melhor versão destes dois talentos.