Entrevista Rúben Guerreiro – Cowboy da Movistar volta a sorrir

Entrevista Rúben Guerreiro – Cowboy da Movistar volta a sorrir

TopCycling em Espanha com a Movistar de um Rúben Guerreiro plenamente recuperado da lesão que estragou 2024 e que quer relançar a carreira.

Como em cada pré-época, o TopCycling anda no terreno a sentir o pulso às melhores e equipas do mundo e não podíamos deixar de visitar a Movistar, especialmente Rúben Guerreiro.

O Cowboy de Pegões Velhos acaba de viver o ano mais difícil da carreira: uma lesão cervical deixou-o meses sem competir vivendo o lado mais duro do desporto de alta competição.

As boas notícias é que Rúben Guerreiro já vive e treina sem dores. Recuperou o sorriso e isso é dizer muito de um atleta naturalmente bem-disposto que nos últimos tempos andava mais cabisbaixo.

“Sofri uma queda grave que revelou graves problemas cervicais, resultado de outras quedas. Caio pouco, mas quando caio é a sério. Surgiu na pior altura, na preparação para o Giro, onde tinha expetativas altas porque já lá fui feliz. Um pouco sem sabermos não tivemos a melhor atitude porque dei continuidade aos treinos mesmo com uma dorzinha. Isso agravou o problema e o descanso teve que ser maior. Estive parado dois meses, não consegui fazer preparação para o Tour e tornou mais difícil a da Vuelta.”

Rúben Guerreiro ao TopCycling.
Foto: Movistar | Abarca Sports

A pré-época durante a época

O período de convalescença teve várias fases. Primeiro decidiram não operar, depois veio o fortalecimento muscular das costas e finalmente o regresso à bicicleta já sem dores.

O ciclista descreve esses meses como a pré-época durante a época.

Em meados de dezembro, quando estivemos na Comunidade Valenciana, fomos diretos a Vall d’Ebo. Nesta subida de 8,5 km testam-se habitualmente as equipas WorldTour e até a estrada já está marcada de outros anos.

Observámos três testes com duração de 1-5-12 minutos em máximo desempenho. O treino foi na zona onde as rampas atingem 9-10 por cento de inclinação.

“O primeiro teste foi bom. Enquanto atleta sinto-me bem, os problemas nas costas estão resolvidos. Ganhei mais peso em termos de musculatura – dois quilos – e ainda o trabalho vai a meio. O mais importante era não ter problemas cervicais. Em outubro, novembro e dezembro fiz trabalho específico de ginásio que espero não me afete as características. São ótimas notícias porque durante o ano passado não via soluções, foram dois meses de dor e não foi fácil.”

Rúben Guerreiro ao TopCycling.

Rúben Guerreiro – Cowboy da Movistar

A última etapa deste longo processo é o regresso à competição, que vai acontecer na Clássica da Figueira. Depois segue-se Andaluzia e, possivelmente, o Gran Camiño galego que parte do Porto.

Após quatro épocas a arrancar em climas quentes – Austrália, Saudi, UAE – Rúben Guerreiro quer ir passo a passo recuperando a confiança que o tornou num dos puncheurs mais espetaculares do pelotão.

“Gosto do início de temporada e de climas quentes. De momento não delineamos o programa nem tenho grandes voltas no programa porque depende das indicações que der. Gostava de fazer uma corrida dura por etapas em fevereiro. Todos sabem que sou competitivo, talvez 2024 tenha sido um desafio e veremos quando essa motivação surge porque ainda estamos a começar. O ciclista vai ganhando confiança pouco a pouco para voltar a fazer coisas boas.

Rúben Guerreiro ao TopCycling.

Na Figueira da Foz as condições ideais: não só estará rodeado de fãs que apreciam o estilo ofensivo do Cowboy, como o terreno vai ao encontro das características de um atleta que foi 9º na vitória de Remco Evenepoel.

O belga, campeão mundial de contrarrelógio e bicampeão olímpico, é o grande ausente por lesão.

“Com muita pena nossa porque é um campeão. É sempre mau quando vemos os azares dos colegas. O que ele fez na Clássica da Figueira tirou-nos qualquer hipótese de sonhar. Talvez só um ou dois corredores possam fazer isso. O percurso adapta-se a mim, mas também a corredores mais rápidos do que eu. A subida é bastante dura, mas está longe da meta, por isso dependendo do ritmo de corrida pode tornar-se mais dura.

Rúben Guerreiro ao TopCycling.
O TopCycling com Oliveira e Guerreiro no Hotel Golf La Galiana.
Foto: TopCycling

Ribatejano está mais calculista

Em 2020 vimos a melhor versão de Rúben Guerreiro ao vencer etapa e classificação da montanha no Giro de Itália. Nesse arrancou no Tour de La Provence, em França, o que pode ser um bom presságio tendo em conta que o ribatejano volta a abrir a época na Europa.

Por agora, cautela máxima. Ciclista impulsivo e atacante por natureza, a travessia no deserto mudou o corredor de 30 anos.

O ribatejano está mais calculista.

“Este período fez-me pensar. Ter de superar uma lesão abre-te novas experiências, neste caso mais calma e contenção. Comecei em 2017 no WorldTour e de ano para ano fazem-se mais números, watts, parece que não há limites. Estes azares fazem-me ter os pés bem assentes na terra, perdi um ano em termos de resultados e preparação. Quero ganhar outra vez nas maiores corridas do mundo, mas neste momento é difícil. É trabalhar ao máximo e lutar um dia poder lugar por ganhar numa grande Volta como fiz em 2020. Começo com três ou quatro pés atrás em relação aos outros ciclistas.”

Rúben Guerreiro ao TopCycling.

Rúben Guerreiro em pleno treino no estágio da Movistar

Sintonia entre Guerreiro e Pablo Castrillo

Pelo menos a motivação é grande e aquilo que pudemos constatar durante o treino é que na Movistar há bom ambiente entre colegas.

Rúben Guerreiro tem treinado mais com a ala jovem do plantel, ele que sempre se deixou influenciar pelo ambiente das equipas. Há picardias saudáveis entre colegas, boa disposição e isto fá-lo crescer enquanto ciclista.

O facto de haver uma fornada de talentos ainda por explodir ao mais alto nível também ajuda. Há sintonia entre Guerreiro e Pablo Castrillo, Iván Romeo, Javier Romo e Carlos Canal.

“O grupo está renovado. O Castrillo é uma pérola, parece que os testes dele, cuidado. A equipa aprecia-o, mima-o e ele fez a melhor opção ao vir. Tem muito potencial para a geral de uma grande Volta. Temos outros miúdos como o Romeo, que aos 21 anos foi campeão do mundo de contrarrelógio, o Romo – que a malta aqui diz que somos parecidos e eu revejo-me nele – é aquele trepador que não é puro, é a força de 70 kg que levanta o rabo do selim e sprinta toda a subida. Em subidas curtas e longas vai dar que falar porque começou no ciclismo há pouco tempo. Também está o Canal que é jovem e promete, além do Pelayo Sanchez, que ganhou etapa no Giro. Sinto-me bem com este grupo, foi o meu grupo de trabalho neste estágio e não é que não queira estar com os mais velhos, mas eles picam-me, são enérgicos, caráter latino.”

Rúben Guerreiro ao TopCycling.

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