Num ano de superação, Gonçalo Tavares corre o Giro Next Gen com a Hagens Berman Jayco. Abordámos este e outros temas com o corredor de 20 anos.
Pelo segundo ano consecutivo, Gonçalo Tavares vai correr o Giro Next Gen, uma das maiores provas do ciclismo sub-23.
É o terceiro ano em que está na categoria, à qual chegou proveniente da geração de ouro da Bairrada onde correu com António Morgado, Daniel Lima e Rúben Rodrigues.
Está há três anos na Hagens Berman Jayco de Axel Merckx, por onde passaram Rúben Guerreiro, os gémeos Ivo e Rui Oliveira, João Almeida, Pedro Andrade, Diogo Barbosa e António Morgado.
No bloco da equipa estadunidense alinham alguns nomes curiosos: Ben Wiggins é filho de Bradley Wiggins, Adam Rafferty é irmão de Darren Rafferty (EF Education), que foi 2.º no Giro Next Gen em 2023.
O Giro Next Gen decorre entre 15 e 22 de junho, tem oito etapas e chegadas em alto ao Passo del Maniva e Prato Nervoso. João Almeida, 2.º em 2018, é o único português a ter feito pódio na prova.
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TopCycling: Como tem corrido a época e como te tens sentido?
Gonçalo Tavares: Não tem sido uma época muito fácil. Depois das provas na Croácia o corpo foi-se um pouco a baixo e quando estava a começar a sentir a forma a melhorar tive uma queda forte no Circuito das Ardenas, que veio pausar a melhoria na forma que estava a sentir. Nas últimas semanas tenho-me sentido melhor, mas não me iludo e sei que ainda não estou no nível dos melhores numa prova deste nível.
TC: É o teu terceiro ano de sub-23, em que aspetos sentes que evoluíste face aos anteriores?
GT: Não tem sido uma jornada muito fácil enquanto sub-23. No primeiro ano senti que as coisas progrediram bem e embora não tenha visto uma grande evolução acabei o ano bastante motivado e com bons sinais de que conseguia correr com os melhores. No segundo, a seguir a uma pré-época bastante boa, talvez demasiado boa, acabei por entrar numa espiral de cansaço que fez com que a evolução tenha sido nula. Este ano tem sido o maior desafio da minha carreira até agora; por um lado estou em busca das pernas de júnior e do meu primeiro ano de sub-23, por outro lado tento recuperar o lugar mental em que me encontrava nesses tempos.

TC: Fala-se muito da profissionalização dos jovens ciclistas e tu estás numa das melhores estruturas sub-23 do mundo. Sentes-te preparado para dar o salto para o profissionalismo em 2026 ou queres fazer o ciclo de formação completo?
GT: Não estou focado nisso neste momento. Acredito que se tiver propostas e a oportunidade para dar o salto será porque estou pronto, mas neste momento há coisas mais importantes nas quais me tenho de focar e que acredito que sem elas não me adianta pensar na profissionalização.
TC: Nesta categoria já foste campeão nacional de contrarrelógio de fundo; o que tem faltado para chegares à vitória fora de Portugal?
GT: Como referi antes, não têm sido anos fáceis. Acredito que, embora tenha crescido muito, especialmente mentalmente, ainda tenho de evoluir um bocadinho fisicamente e resolver o que tenho a resolver mentalmente para a essa vitória chegar.
TC: É o teu segundo Giro Next Gen. O que aprendeste na estreia?
GT: Aprendi que ninguém vem aqui brincar e se o pelotão normalmente já anda muito aqui ainda anda mais. Todos apontam o pico de forma para esta prova e neste momento muitas das equipas até estágios em altitude fazem com os atletas selecionados para esta prova. Isto só demonstra a importância que a prova tem no nosso calendário.

TC: Objetivos para o Giro Next Gen? Quem lidera a tua equipa e qual é o teu papel?
GT: Temos uma equipa forte para as diferentes etapas. Acredito que o Adam [Rafferty] será o líder, mas temos uma equipa forte para ir em busca de etapas mesmo que a geral não seja possível. O meu papel vai ser muito de apoio à equipa e se tiver a oportunidade para lutar por alguma etapa agarrá-la-ei.
TC: Tens um profundo conhecimento deste pelotão; a que corredores devemos estar atentos e quem gostas de ver correr?
GT: Acredito que há muitos talentos neste pelotão, mas o atleta que mais me surpreende a ver correr não é desconhecido para ninguém: Jarno Widar. A facilidade com que ele passa pelo pelotão nas subidas é simples assustadora.
TC: Fizeste a Corrida da Paz com a seleção em 2023 e em 2024, porque não foste este ano? Foi estratégico ou opção técnica do selecionador?
GT: Este ano a equipa tinha duas provas na mesma altura da Corrida da Paz e por essa razão não deixou ninguém ir correr pela seleção. Esta foi a razão pela qual não fui correr pela seleção, basicamente estive a correr pela equipa.
TC: Após o Giro Next Gen, que metas colocas no teu horizonte para a segunda parte da época?
GT: A seguir ao Giro os objetivos passam pelo Giro do Vale de Aosta e depois, se for selecionado, o Tour de l’Avenir [Volta a França sub-23].