Entrevista | Afonso Eulálio no Giro com direito a sonhar

Entrevista | Afonso Eulálio no Giro com direito a sonhar

TopCycling com Afonso Eulálio no arranque do Giro de Itália. Figueirense integra o bloco do candidato ao pódio Antonio Tiberi.

Em maio de 2024, Afonso Eulálio descansava em casa após correr Volta a Astúrias e GP Beiras, longe de pensar que um ano depois estaria a arrancar para três semanas de Giro de Itália.

O figueirense trocou da Feirense-Beeceler para a Bahrain Victorious e quatro meses após chegar ao WorldTour estreia-se numa grande volta.

“O top 15 no Tour Down Under, na estreia, foi uma surpresa. Só levámos sprinters pelo que tive oportunidade de fazer a minha corrida. O resto da época fiz no apoio ao Lenny Martinez, ao Antonio Tiberi e ao Pello Bilbao, sempre em corridas com rivais fortes onde não tive que pensar muito na corrida em si, mas em fazer o trabalho que me pediram.”

Afonso Eulálio ao TopCycling.

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Eulálio ajudou Martinez a fechar top 4 na Catalunha.
Foto: Luis Angel Gomez/Sprint Cycling Agency

Prioridade é apoiar Tiberi

Ao Giro chega com 29 dias de competição e a certeza de ter entrado no projeto com o pé direito, ao ponto de acompanhar o líder Antonio Tiberi na luta pelo pódio.

O corredor de Frosinone, província de Lazio, tem 23 anos e foi 5.º na passada edição, na qual foi o melhor jovem. A prioridade é apoiar Tiberi, sem fechar as portas à ambição pessoal.

“Quando tiver a oportunidade vou tentar entrar numa fuga. Nunca será ir para a fuga para mostrar a camisola, mas com o plano de ajudar o Tiberi ou a pensar na etapa. Era curioso tentar na 9.ª etapa, dia tipo Strade Bianche, que corri este ano e adorei. Senti-me bem na bicicleta e é daquelas etapas que se ficas num corte nunca mais chegas à frente, logo, para os homens da geral, que na alta montanha andam quase todos ao mesmo nível, pode ser um dia de perder minutos.”

Afonso Eulálio ao TopCycling.

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Foto: Roberto Bettini/Sprint Cycling Agency

“Tem sido uma experiência agridoce”

O papel de gregário é assumido com brio, mas Afonso Eulálio reconhece que a transição de Portugal para o WorldTour não tem tido só altos.

Um dos aspetos complicados é a gestão das expetativas, isto após ter ganho etapas no GP Jornal de Notícias, GP Joaquim Agostinho e ter passado uma semana de amarelo na Volta a Portugal.

“Tem sido uma experiência agridoce porque a realidade é distinta e passei momentos difíceis. Aqui não nos falta nada, a equipa acompanha-nos em todos os momentos e o material é do melhor que há. Só que vim de uma Continental, estou em aprendizagem, passei a ser mais um, quando em Portugal era dos mais fortes. Também passava mais tempo com a família; este ano de certeza que estive mais dias fora do que em casa.”

Afonso Eulálio ao TopCycling.
Em janeiro, o TopCycling foi a Altea (Espanha), conferir o primeiro estágio de Afonso Eulálio com a Bahrain Victorious.

O ofício de ciclista

Aprender o ofício de ciclista, saber quando gastar e quando poupar, melhorar a leitura de corrida.

O processo de crescimento do figueirense é o mesmo pelo qual passam as duas jovens figuras da equipa: Antonio Tiberi, de 23 anos, e Lenny Martinez, de 21 anos.

O francês chegou este ano à equipa e mostrou serviço batendo João Almeida em Thyon 2000, na Volta à Romandia, e ganhando no Paris-Nice. Já o italiano é um dos “roladores-trepadores” mais sólidos da nova geração.

“O Lenny e o Tiberi são bastante fortes, mas são líderes em processo de aprendizagem que ainda não têm a experiência do Bilbao ou do Caruso, que sabem muito. No Giro o líder é o Tiberi, que é um atleta forte que deverá fazer a diferença no contrarrelógio. O ponto forte dele é a consistência: não é daqueles que ganha sempre nem vai ganhar um minuto na alta montanha, mas também não vai perder porque é daqueles que está sempre no grupo.”

Afonso Eulálio ao TopCycling.

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Tiberi no pódio do Tirreno com Ganna e Ayuso.
Foto: Tommaso Pelagalli/Sprint Cycling Agency

O maestro Damiano Caruso

A orquestrar o bloco da Bahrain Victorious está o maestro Damiano Caruso, 2.º classificado no Giro e tem sido o mentor de Tiberi.

O siciliano tem pensado pendurar a bicicleta no final do ano, mas está a um nível tão alto que ninguém sabe ao certo se o fará. Afonso Eulálio reconhece a importância de Caruso.

“Se calhar, com quem mais tenho aprendido é com o Caruso. Nestes meses observei que quando estamos em corrida quem manda é o Caruso, sobretudo nas fases cruciais. Por exemplo, se há ataques ou fecho o espaço ou espero, mas o Caruso sabe ler a corrida e qual a postura a adotar nessas situações.”

Afonso Eulálio ao TopCycling.

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