Gonçalo Moreira vê Arnaud De Lie campeão da Milão-Sanremo e analisa o mês e meio de loucos de Tadej Pogacar e da Jumbo-Visma.
A 114ª edição da Milão-Sanremo abre o capítulo dos Monumentos. O cenário é o habitual: 294km de extensão (mais de 300km com o neutralizado) e sobreviver nos primeiros 150km até à chegada à costa da Ligúria; aí os corredores passarão os três Cappi, depois a Cipressa e finalmente o Poggio antes da descida para a via Roma onde está a meta.
Quem vai suceder a Matej Mohoric que arrancou na descida do Poggio em 2022? O homem em forma é Tadej Pogacar: nove vitórias em 13 dias de competição e superioridade incrível no Paris-Nice onde brincou com Jonas Vingegaard e David Gaudu, respetivamente campeão e quarto do Tour de France passado.
Só uma hesitação no início da descida do Poggio o impediu de discutir com Mohoric a Sanremo anterior. Foi 12º na estreia e 5º em 2022; outra hesitação na via Roma permitiu a Anthony Turgis fugir para o 2º lugar e no sprint pelo 3º posto foi Mathieu van der Poel o mais forte.
Mês e meio de loucos da Jumbo-Visma
No Tirreno-Adriático não vimos ninguém ao mesmo nível de Pogacar. Wout Van Aert e Julian Alaphilippe foram de menos a mais, enquanto Mathieu van der Poel semeou dúvidas já que lançou Jasper Philipsen para duas vitórias ao sprint, mas acabou chateado por não ter sido protagonista. Será um bluff de Van der Poel? Com os génios nunca se sabe.
Wout Van Aert foi transparente. Disse que ia entrar conservador e acabar forte… e cumpriu. Foi decisivo para Primoz Roglic na etapa dos muros: 193km, frio, 3600m de acumulado e o único corredor com mais de 75kg no top 10 foi o belga! Van Aert está em forma e pode chegar à segunda Milão-Sanremo da carreira.
Se o fizer dará sequência a um mês e meio de loucos da Jumbo-Visma, que optou por estagiar em altitude durante o mês de janeiro. A estratégia resultou porque saíram de janeiro com uma vitória e entretanto chegaram às 14! Dylan van Baarle deu espetáculo na Omloop Het Nieuwsblaad, Tiesj Benoot esteve certeiro na Kuurne-Bruxelas-Kuurne, Jonas Vingegaard arrasou no Gran Camiño e Primoz Roglic dominou o Tirreno-Adriático.
Arnaud De Lie é um fora de série
Sábado vamos ter uma Sanremo seca, com temperaturas entre 12-15 graus e com vento moderado. Aguardemos uns dias para ver se o ventro será de cara porque se for a decisão até pode ser ao sprint. O normal é que seja no Poggio, mas convém recordar que as duas últimas edições foram ganhas por outsiders – Matej Mohoric e Jasper Stuyven – que souberam especular com a corrida.
Desde 2016 que não há sprint em grupo alargado – nesse ano ganhou Arnaud Démare. Caso seja uma Sanremo conservadora parece-me que Jasper Philipsen e Mads Pedersen chegam fortíssimos. Projeto ainda um papel importante na corrida para a Lotto-Dstny; Arnaud De Lie é um fora de série e pode ser o primeiro estreante campeão desde Mark Cavendish e Caleb Ewan sabe que tem pernas para sofrer no Poggio e anda há meses a preparar a corrida.
Numa brincadeira em direto durante o Tirreno-Adriático o Olivier Bonamici pediu a minha aposta arriscada do ano e portanto cá vai: Arnaud De Lie campeão da Milão-Sanremo e com tudo para poder ganhar também a Volta à Flandres. Aposto em grande, mas não às cegas já que De Lie foi o melhor dos sprinters na Omloop Het Nieuwsblad (207km) e na época passada foi competitivo em Plouay (254km). As longas distâncias não lhe pesam e se corresponder entra para a história como o terceiro vencedor mais jovem da Milão-Sanremo com 21 anos recém-cumpridos (dia 16 de março celebra o aniversário).
Haverá duas ausências de peso: Michael Matthews (4º em 2022) tem Covid e Giacomo Nizzolo (5º em 2020 emelhor italiano nas últimas cinco edições) está com febre. Más notícias para Jayco e Israel.
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