Sonhar é grátis e Tata Martins vai à Paris-Roubaix sabendo que é difícil ganhar… mas não é impossível. O TopCycling entrevista a corredora da Fenix-Deceuninck.
A época de clássicas do Norte está a chegar ao fim, mas antes de cair o pano há um apontamento com a Paris-Roubaix. É a 3ª edição desde que as portas do velódromo André-Pétrieux se abriram às mulheres.
Os icónicos vestuários também lhes estiveram barrados durante 125 anos. Maria Martins fez questão de lá ir tomar banho; a ribatejana é a única portuguesa que correu a Paris-Roubaix – na estreia foi 19ª e no ano passado 37ª.
Tata Martins vai para a terceira presença consecutiva após abrir a época com o ciclo de qualificação para os Jogos Olímpicos como prioridade. No Europeu de pista em Grenchen foi campeã no scratch e 7ª no omnium – disciplina que conta para Paris 2024. Depois foi à Indonésia correr a Taça do Mundo saindo sem pontos por um positivo a Covid-19. Recuperou e estreou-se pela Fenix-Deceuninck com uma queda na Ronde van Drenthe; forçou e conseguiu correr no Egito e ser 7ª no omnium em mais uma etapa da Taça do Mundo.
Neste contexto complicado conseguiu ser 14ª classificada na Brugge-De Panne: “Estou satisfeita com a corrida que fiz, especialmente depois de vir de um período complicado onde não tive a melhor preparação para as clássicas como desejava. É um resultado positivo, mas sei que ainda tenho um longo caminho pela frente para poder estar a discutir provas com as melhores.”
Fenix-Deceuninck azarada em De Panne
Na prova belga correu na frente até à última passagem por De Moeren, a ventosa reta que partiu a corrida a caminho de De Panne. Descansou uns dias e regressou no Scheldeprijs onde foi a melhor da Fenix-Deceuninck ao ser 15ª classificada.
“[De Panne] foi um dia agridoce para nós com a queda da Julie [De Wilde] a tirar-nos a possibilidade de fazermos um bom lugar no sprint final. Ainda assim temos de ter a noção da corrida que fizemos e do quão difícil é colocar 4/5 corredoras no top 20 de uma corrida WT. No momento em que entrámos em De Moeren já não estava fisicamente muito disponível para seguir no grupo da frente e aquilo depois não voltou a juntar até ao final. De Moeren não é um troço muito grande, mas é um pânico. É o suficiente para criar grupos por toda a parte… é caótico.”
Tata Martins ao TopCycling
Se no Scheldeprijs tivemos sprint em massa com Lorena Wiebes a dominar para a SD Works – a equipa que dominou as clássicas do Norte – em De Panne foi outra história. A Fenix-Deceuninck meteu duas corredoras no grupo certo e numa queda em De Moeren perderam hipótese de lutar pelo pódio.
“Sonhar é grátis”
A próxima clássica é a rainha de todas. Tata Martins nunca escondeu a admiração que sente pela prova francesa que tem sido dominada pela Trek-Segafredo: Lizzie Deignan venceu na estreia e Elisa Longo Borghini no ano passado.
Em dezembro conversei com a ribatejana e divagámos sobre a Paris-Roubaix. Como seria ganhar, ter uma placa no duche mais famoso do ciclismo e ser a referência de uma geração.
“Sonhar é grátis. Eu tenho sempre os pés muito bem assentes na terra, neste momento não me tira o sono pensar se vou disputar alguma vez a Paris-Roubaix, mas vou trabalhar como se fosse para ganhá-la. É uma questão de mentalidade. Não sei se vai acontecer ou não, mas desfruto muito da corrida e sempre vou ter muito respeito por ela. Vai ser sempre a minha corrida de eleição, seja para ver ou competir. Independentemente de ser a corrida mais dura do calendário para mim. É a mais bonita e incrível de se fazer, também porque aquela chegada ao velódromo é especial e só o facto de termos esse presente depois de tanto esforço, tanto sofrimento, tanto inferno… aquilo é um santuário.”
Tata Martins ao TopCycling
Mesmo sem vitórias na presente época a Fenix-Deceuninck tem conseguido ser protagonista nas principais clássicas. A campeã austríaca Christina Schweinberger foi 5ª na Gent-Wevelgem e Puck Pieterse 5ª no Troféu Binda. A neerlandesa é mesmo uma das principais figuras do plantel já que é vice-campeã mundial sub23 de mountain bike e vice-campeã mundial em elites no ciclocrosse.
Quem sabe se no velódromo André-Pétrieux não se dá um “milagre”… Tata Martins regressa ao santuário de Roubaix pela terceira vez na carreira, a primeira como ciclista do WorldTour.
Confiram o vídeo da visita que o TopCycling fez à ribatejana no estágio em que se estreou pela nova equipa e se tornou a primeira ciclista portuguesa no WorldTour.
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