Rui Costa testa-se na Volta ao Luxemburgo após fraturar a costela na Vuelta. A análise do campeão mundial ao circuito de Zurique.
Começa no dia 21, sábado, o Mundial de ciclismo de estrada e Rui Costa está convocado. No entanto, a presença ainda não está assegurada, como o ciclista confirmou ao TopCycling.
O contacto com o selecionador nacional, José Poeira, tem sido permanente. A boa notícia é que o atleta passou de não estar nos planos para correr a Volta ao Luxemburgo, a viajar com a EF Education-EasyPost até ao Grão-Ducado.
A situação é simples: só se os cinco dias de Volta ao Luxemburgo forem positivos é que Rui Costa alinhará na prova de fundo do Mundial.
“Tenho vindo a falar com o José Poeira. Há uma semana nem tinha garantia de vir ao Luxemburgo. Decidimos depois se vou estar no Mundial porque não sou um atleta que saia para a corrida só para alinhar. Só vou se puder ajudar a seleção e fazer um bom resultado. É um Mundial duro, fui reconhecer o percurso e sei o quanto é difícil. Ainda mais este ano que estará o Tadej na forma em que está e tendo a seleção que tem vai querer endurecer a prova. Tens que ter uma condição boa, vamos ver como estou após os cinco dias no Luxemburgo e depois decidimos.”
Rui Costa ao TopCycling.
Circuito final promete dificuldades
Zurique, a maior cidade da Suíça, organiza os Mundiais pela quarta vez, depois da organização da evento em 1923, 1929 e 1946.
Os elites masculinos percorrem 274 km e 4470 m de desnível positivo acumulado. O circuito final apresenta três subidas – com extensão variável entre 1-2 km – e cada volta ronda os 400 m de desnível.
Rui Costa reconheceu o percurso antes da Volta à Suíça e desvenda os pormenores.
“Fui ver o percurso com o Richard Carapaz e com o Alberto Bettiol . Só não vi os primeiros 70 km. É estranho porque a seguir à meta há uma subida muito dura, que se torna mais difícil à medida que avançam os metros. A descida é rápida e tem curvas traiçoeiras. Há uma ponte que cruza um rio e aí apanhamos logo uma subida curta e dura. Quem for do top 20 para trás já vai ter que ir quase a sprintar subida acima. Continuas a descer até ao Lago Zurique e essa parte dá para recuperar, mas há sempre zonas de falso plano e isso transmite a sensação de que não há zonas de descanso no circuito. Estás sempre a carregar nos crenques, parece que nunca alivias. É curva à direita, sobes, curva à esquerda… não há uma descida em reta, feita em estrada larga, que permite recuperar.”
Rui Costa ao TopCycling.
“Cada ano que passa o João está mais motivado“
Da zona florestal de Schmalzgruebstrasse ao terreno ondulante junto ao lago. Rui Costa pedalou nas ruas de Zurique e já sabe que o segredo está nas sete voltas ao circuito.
Cada volta tem 26,8 km e a primeira dificuldade na volta é a Zürichbergstrasse, colina com 800 m de extensão e 8,6 % de pendente média (15,9 % de pendente máxima).
Seguem-se 1,5 km planos, depois um falso plano que leva a Witikonerstrasse (1 km de extensão a 8 %). Fazem 10 km com falsos planos e algumas rampas. A notar ainda a Schmalzgruebstrasse (300 m a 8 %) à entrada dos 10 km finais.
Tadej Pogacar, recente vencedor do GP de Montreal, é o favorito da imprensa estrangeira. Portugal não tem Pogi, mas confia no regresso de João Almeida após Covid-19 e Rui Costa tece rasgados elogios ao antigo colega na UAE Emirates.
“Num patamar à parte estão Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard. Os outros são muito equivalentes: Primoz Roglic, Remco Evenepoel e João Almeida. Cada ano que passa o João está mais motivado, vai acreditando que é possível e a Vuelta foi uma grande oportunidade para o João. Em condições normais o podia fazer frente ao Roglic, foi pena, mas nem sempre as coisas correm como queremos. Eu também pensava que ia fazer uma grande Vuelta…”