Fim-de-semana de Pirenéus traz novos rounds do combate Pogacar vs. Vingegaard. Almeida sonha com o pódio.
Após os Alpes, o Tour de France chega aos Pirenéus para dois rounds entre Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard com João Almeida no top 5, sem abdicar do pódio.
Em 13 dias de Tour de France Biniam Girmay tornou-se rei do sprint, Mark Cavendish passou a ter mais etapas do que Eddy Merckx e os franceses já levam três vitórias.
A geral está ao rubro. Pogacar golpeou primeiro no Galibier e no contrarrelógio de Gevrey-Chambertin, enquanto Vingegaard respondeu na etapa rompe-pernas no Maciço Central.
O fim-de-semana traz duas jornadas incríveis. Sábado passam o Tourmalet a caminho de Saint-Lary-Soulan e domingo há 5000 m de acumulado na etapa rainha que finaliza em Plateau de Beille.

Um T2 alugado na mente do esloveno
Quando a corrida parecia controlada pela UAE, apareceu Vingegaard. Só ganhou um segundo na 11ª etapa, mas o dinamarquês mostrou que tem um T2 alugado na mente do esloveno. Pogacar ao ataque… a olhar para trás? Inédito! Nunca o líder da UAE pedalou tão desconfiado.
É certo que marcou a 11ª etapa e pôs Pavel Sivakov a puxar no Col de Néronne, a 44km da meta. Sivakov foi o MVP e Adam Yates respondeu presente; juntos prepararam o caminho para o ataque em Puy Mary a 32 km.
Primeiro problema: Juan Ayuso ia em sofrimento – de resto perdeu 4:39 – e João Almeida também não ia fácil já que nem conseguiu trabalhar; porque atacou Pogacar sabendo do dia mau do bloco?

Faltou gasolina a Pogacar
O esloveno fez Puy Mary em 14 minutos e ganhou 0:05 a Vingegaard; desceu e chegou com 0:30 ao Col de Pertus. Quando parecia tudo perdido Vingegaard fez 12 minutos full gas e encostou em Pogacar para evitar perseguir na descida técnica como aconteceu no Galibier.
Segundo problema: faltou gasolina a Pogacar no Col de Pertus tal como no Granon quando perdeu o Tour de 2022. Sobre o ocorrido há dois anos, Jeroen Stewart, atual diretor de rendimento da UAE, afirmou que Pogacar falhou no abastecimento e que um bidão de hidratos teria salvo o dia.
Terceiro problema: Pogacar reconheceu que não estudou bem a chegada e pela primeira vez perdeu um sprint contra Vingegaard. Chegou tão vazio que num sprint de 0:20 foi batido! Foi só uma etapa e um segundo de perda, mas Pogacar apostou forte e Vingegaard é que saiu por cima.
A vitória do dinamarquês é moral porque quem está de amarelo é o esloveno. Terá a etapa do Maciço Central sido um ponto de viragem? Calma, o Tour só agora entrará na alta montanha como João Almeida antecipou na entrevista ao TopCycling.
“O Tour começa na 14ª etapa, até lá não há etapas que possam fazer grandes diferenças. Temos um início duro, mas depois são etapas acessíveis. No final da segunda semana começa a dureza a sério. Dá para o Vingegaard acabar forte.”
João Almeida ao TopCycling

Pólvora seca na montanha
Remco Evenepoel comparou a UAE ao Real Madrid. Recordemos a era dos galácticos. Sabem quantas Champions ganharam Figo, Zidane, Ronaldo e Beckham neste período? Uma, em contraste com as seis que os merengues levam na última década.
No desporto nem sempre ganha a equipa que acumula mais talento. A própria UAE o mostrou no Giro com oito gregários. No Tour ainda não vimos ninguém a esvaziar-se pelo líder e Almeida até teve que dar um murro na mesa.
Porque não foram Yates, Ayuso e Almeida usados para atacar a concorrência? Porque não eliminaram qualquer rival quando impuseram ritmo no Galibier? O que falhou em Puy Mary para o líder atacar de longe sem se apoiar no bloco? Porque se repetem os erros com a alimentação?

Pogacar desmontou o bluff da Visma
Nos Pirenéus a estratégia tem que ser afinada. Algo de positivo saiu dos primeiros 12 dias do Tour: Pogacar desmontou o bluff da Visma e sabe que Vingegaard veio para tentar ganhar. Perder um segundo não é grave, mas mostra que a melhor equipa não está a ser eficaz.
Os galácticos de Giannetti e Matxin são fortíssimos, mas nenhum correu com Pogacar nas vitórias de 2020 e 2021, além de que Almeida e Ayuso são estreantes no Tour. Não é por acaso que todos os corredores dizem que “o Tour é o Tour”.
Como reagirá Pogacar? Acusará o esloveno o desgaste do Giro? Irá Vingegaard em crescendo ou faltará fundo ao dinamarquês pela falta de dias de preparação?