Gonçalo Moreira faz o rescaldo da participação portuguesa nas provas de ciclismo de pista e estrada. Iúri Leitão e António Morgado lideraram a seleção.
O primeiro Super Mundial de ciclismo da história realizou-se em Glasgow, na Escócia, e distribuiu títulos mundiais em 13 disciplinas ao longo de 11 dias.
Para Portugal foi um evento inesquecível: o ouro de Iuri Leitão no omnium é o primeiro título mundial em elites na pista; na estrada António Morgado conquistou a prata em sub-23 depois de ter feito o mesmo em juniores no ano passado.
Portugal terminou na 20ª posição do medalheiro entre 36 nações medalhadas. A notar uma terceira medalha obtida por Carlos Brito na categoria 45-49 anos no Gran Fondo.
62 horas e 51 minutos em direto
Foi o maior desafio que abracei no ciclismo e os números não enganam: no Eurosport comentei 48 finais de paraciclismo, 22 de ciclismo de pista, as duas provas de estrada das elites femininas e a corrida de fundo dos sub-23.
Foram 62 horas e 51 minutos em direto só no meu caso, mas centenas de horas somando o trabalho da equipa Eurosport.
Tive a sorte de narrar os dois momentos marcantes da participação de Portugal e o ponto comum entre o ouro do Iúri Leitão e a prata do António Morgado foi a margem de decisão.
Por dois segundos se perde, por dois pontos se ganha
O vianense só garantiu o título mundial no último sprint da corrida por pontos, prova que encerra a disciplina olímpica do omnium; para trás tinham ficado o scratch (1º), a corrida tempo (1º) e a eliminação (2º). Caso Iúri Leitão não tivesse sido 4º nesse sprint não teria marcado os dois pontos que foi a margem sobre o francês Benjamin Thomas (187 vs. 185 pontos).
Outro francês, Axel Laurence, provocou em muitos portugueses uma sensação de frustração ao vencer a corrida dos sub-23 por dois segundos! Após consolidar a fuga a 142km do final, Axel Laurence resistiu escapado e até andou sozinho os últimos 26km vendo como atrás António Morgado batia os perseguidores pela medalha de prata.
Por dois segundos se perde, por dois pontos se ganha.
Contas para Paris 2024 complicaram-se
Na pista e na estrada Portugal mostrou-se uma nação competitiva. Nélson Oliveira foi 6º no contrarrelógio e assegurou que Portugal terá um segundo representante no crono olímpico de Paris 2024; Ivo Oliveira discutiu o bronze na perseguição individual (perdendo para o italiano Jonatan Milan); Tata Martins salvou um mau dia com um top 10 no omnium e ainda mexe no apuramento para os Jogos Olímpicos.
As contas para Paris 2024 complicaram-se, mas podem ser retificadas no próximo Europeu e na Taça do Mundo – provas a realizar entre fevereiro e março. Missão ao alcance de Tata Martins e da dupla masculina do madison que fechou o Mundial na 10ª posição. No omnium Iúri Leitão somou 1000 pontos, Portugal escalou sete posições no ranking e o apuramento está encaminhado.
Nota ainda para o facto de ter havido representação feminina tanto em juniores como em elites depois de em Wollongong 2022 nenhuma mulher ter sido convocada. Glasgow 2023 foi o sexto Mundial dos últimos 20 anos onde houve representação feminina em elites!
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