Aos meus rapazes só tenho a dizer: missão cumprida

Aos meus rapazes só tenho a dizer: missão cumprida

Um dia de trabalho convertido em memória familiar graças a um fotógrafo belga e um post no Instagram. Aconteceu em Benidorm na festa do ciclocrosse.

O evento da Taça do Mundo de ciclocrosse realizado em Benidorm desperta em mim emoções que pareciam ter desaparecido. Em criança habituei-me a ir à estrada ver a Volta a Portugal, a ir ao estádio, ao pavilhão.

Quinze anos de profissão tornaram-me cético pelo distanciamento que devo manter face àqueles que analiso. Os atletas são profissionais e eu narro feitos desportivos incríveis, sem endeusar personalidades já que herói é o que salva pessoas à deriva no Mediterrâneo ou o bombeiro que entram num edifício em chamas.

Surpreende-me voltar a sentir coisas que senti em criança. Essa predisposição tem um efeito magnético, isto é, as histórias fluem até mim, talvez porque trabalho com a família ao lado e vivo cada momento com a ilusão de mostrar aos meus filhos algo empolgante.

Créditos: TopCycling

“Foto, foto, foto”

No ano passado o destino juntou-me com o avô do Thomas Pidcock. Não fiz nada para o encontrar, simplesmente apareceu na minha vida e pude contar a história de um senhor terno e devotado aos netos.

Este domingo voltei ao Parque Foietes, em Benidorm, e foi ainda mais intenso porque os miúdos estão mais crescidos, já chamam pelos ciclistas, apreciam a velocidade e vibram com os ídolos.

Após o evento faço sempre revista de imprensa e confiro o que foi dito nas redes sociais. Foi assim que encontrei uma foto – aqui partilhada no topo da página – onde identifiquei logo os meus rapazes e os amigos, um grupo com idades entre os cinco e os nove anos.

A foto é da autoria do belga Billy Ceusters, que me contou que foram os miúdos que lhe disseram “foto, foto, foto” e lá lhes fez a vontade. Não sabia de nada até ver uma publicação no Instagram da Maghalie Rochette, 15ª classificada na prova.

Créditos: TopCycling

Missão cumprida

Foi um choque. “Porque é que a melhor ciclista de crosse do Canadá tem uma foto dos meus filhos?” A Maghalie Rochette agradeceu aos fãs o ambiente vivido nesta ronda da Taça do Mundo e escolheu aquele “boneco”. Uau… alegria suprema porque fomos com a missão de gritar por cada ciclista que passasse por nós.

Como foi o caso da Emily Shields, que logo na primeira volta viu a corrente saltar e encostou mesmo à nossa frente. Custou à americana voltar a por a corrente, mas nem entrou pânico nem teve um gesto de frustração. Animada pelos “ultras do monte” arrancou e terminou fora do controlo, mas a 60ª classificada da Taça do Mundo fez uma corrida brutal.

No Instagram, Emily Shields conta que em Benidorm “os fãs são super simpáticos e apoiaram muito (…) A dada altura até houve pessoas a cantar EMILY numa subida”. Éramos nós Emily… A parte de cantar não sei, mas gritar os miúdos fartaram-se de gritar!

Duas corredoras de 30 anos, com inúmeras experiências vividas no circuito, saíram de Benidorm de coração cheio. Permitam-nos ser presunçosos e pensar que foram os nossos gritos que elas ouviram.

Fiz algumas fotos que fui partilhando convosco ao longo do artigo, nenhuma com a arte da que tirou o Billy Ceusters e que inspirou este relato.

Aos meus rapazes só tenho a dizer: missão cumprida, para o ano voltamos com mais amigos, mais cartazes e ainda mais ganas de puxar por todos!

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