Afonso Eulálio fez duas épocas de grande nível pela ABTF-Feirense e pela seleção nacional. O que quer em 2024 e para onde aponta no futuro?
Afonso Eulálio, corredor da ABTF-Feirense, é natural de Ferreira a Nova, freguesia da Figueira da Foz.
A cidade foi epicentro do ciclismo mundial com a disputa da 2ª edição da Figueira Champions/Casino da Figueira. O filho da terra não fez a preparação que gostaria, mas deu a cara e foi à luta integrando a fuga do dia.
Aos 22 anos, poucas coisas motivam mais Afonso Eulálio do que medir-se perante os grandes do pelotão WorldTour. O sonho é dar o salto para poder correr mais provas desta categoria.
“É muito bom para o ciclismo português ter uma corrida deste nível e que traga as melhores equipas e ciclistas do mundo. Sendo ela nas estradas em que cresci e treinei é incrível! Queria fechar top 10, mas com o percalço que tive no mês de dezembro não posso meter um lugar desses na mesa. Um dos pontos chaves nesta corrida será a colocação devido ao circuito final com 2 subidas duras e descidas algo rápido e técnicas que alongam muito o pelotão.”
Afonso Eulálio ao TopCycling.

Emigrar está na agenda
O percalço foi… atirar um sofá pela janela e um jeito mal dado a fazer uma mudança. Sim, os ciclistas da era dos ganhos marginais também se magoam em gestos banais.
Para o figueirense o caminho até à elite não foi clássico. Só no segundo ano de juniores experimentou a vertente de estrada depois de uma vida no BTT.
Progrediu rapidamente e emigrar está na agenda, mas sem pressa. Afonso Eulálio já está na montra internacional graças ao rendimento ao serviço de Portugal.
“O ano do salto foi 2022 porque fui campeão nacional. Em 2023 foi a continuação de todo o trabalho que vinha a realizar. Foi incrível poder representar a seleção, comecei a ganhar confiança e tive ótimos resultados no resto da época.”
As provas da Taça das Nações sub-23 são duras, o ritmo é forte e os que ainda não estão em equipas profissionais dão tudo para se posicionarem perante os olheiros.
Portugal foi ao Orlen Grand Prix (António Morgado foi 6º) e à Corrida da Paz (Afonso Eulálio foi 7º, a melhor prestação de sempre de um português).
“Na Polónia fomos com o Morgado e nunca pensei em correr para fazer o meu lugar nem acreditava muito no meu potencial. Comecei a acreditar na última etapa onde ataquei na fase inicial com o Morgado e endureci uma das últimas subidas para passar um grupo mais restrito. Fiz 5º e o Morgado venceu e foi muito importante para mim. Na República Checa ia cheio de confiança, tive uma avaria no prólogo e deram-me o tempo do último, mas na etapa mais dura senti-me super bem e nas últimas dificuldades estive na luta pela vitória da quase até ao risco.”

Uma escolha difícil
Faltou fechar a etapa sub-23 com a cereja no topo do bolo: a Volta a França do Futuro.
A coincidência de datas com a Volta a Portugal obrigou a uma escolha difícil, mas a lealdade à equipa de Joaquim Andrade falou mais alto.
A segunda participação de Afonso Eulálio saldou-se com um 2º posto na Juventude e um 19º na geral individual. No plano coletivo, o trabalho do figueirense ajudou António Carvalho a fechar no pódio.
“Foram circunstâncias diferentes. Em 2022 trabalhava no início da etapa e abria para descansar para o dia seguinte. No ano passado a ideia era ser o braço direito do António Carvalho. Na etapa da Torre vesti a camisola da juventude e gostaria de a ter trazido para casa, mas lembro-me de ter ficado mais chateado por ter falhado em duas ou três etapas e não ter conseguido estar ao lado do António Carvalho.”
Já está em andamento a nova época e contrariamente ao que esperava o ciclista da ABTF-Feirense foi 2º no GP de Abertura (lembrem-se do sofá que voou pela janela que condiciou o arranque).
Para março deveremos ter Afonso Eulálio a atacar a Clássica da Arrábida e a Volta ao Alentejo. Seguem-se Nacionais, Troféu Joaquim Agostinho e Volta a Portugal.
Em aberto está a possibilidade de Clássica de Ordizia e juntar também o Circuito de Getxo onde se estreou como profissional em 2020.