Corrida da Paz: 3 talentos no radar

Corrida da Paz: 3 talentos no radar

Portugal na Corrida da Paz, trampolim de jovens talentos e corrida com história desde o pós-II Guerra Mundial.

É uma tristeza, mas o final da Corrida da Paz coincide com o arranque do Giro de Itália – duas provas históricas do calendário sub-23 sobrepostas! Pesa mais o Giro ao ser corrido por equipas; no leste europeu temos as seleções.

A Závod Míru, como é conhecida em checo, nasceu da mente utópica de dois jornalistas de diários oficiais do partido comunista: o polaco Zygmunt Weiss e o checoslovaco Karel Tocl. Em pleno pós-II Guerra Mundial ligaram Varsóvia e Praga sob o ideal da fraternidade entre as nações e o mais incrível é que em 1950 Berlim juntou-se à festa com os camaradas da RDA.

Para contextualizar os mais novos, vivia-se o tenso início da Guerra Fria e a Corrida da Paz tornou-se no Tour de France do bloco de leste ao qual só acediam – salvo raras exceções – os que viviam para lá da Cortina de Ferro. Aqui forjaram-se lendas como o soviético Viktor Kapitonov, o germânico Täve Schur e o pioneiro polaco Richard Szurkowski.

Lennert Van Eetvelt ganhou a última edição

A Corrida da Paz sobreviveu até aos nossos dias e é referência para juniores e sub-23 fazendo parte da Taça das Nações.

Aqui analisamos a versão sub-23, que começa e acaba em Jesenik, na República Checa. Foi o clube de ciclismo local que tomou o controlo da prova em 2013. O belga Lennert Van Eetvelt ganhou a última edição (confiram o top 10 mais abaixo).

Este ano o percurso é mais ou menos clássico. Prólogo a abrir, uma jornada para sprinters e duas etapas duras a fechar. A 2ª etapa deverá ser a decisiva e foi reajustada: em vez das duas subidas tradicionais a Dlouhe Strane (8km a 8% nos últimos 30km) passa a ter 10km a rondar 7%, descida e final em alto após subida de 7,7km a 5%. Um percurso menos seletivo para os trepadores.

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Portugal parte no 3º lugar do ranking

Portugal estreou-se na Corrida da Paz em 1979. Em juniores António Morgado foi 2º em 2022 e em sub-23 Tiago Antunes 9º em 2017. No ano passado o 12º posto de Pedro Silva garantiu o apuramento para o Tour de l’Avenir – o top 15 do ranking das nações entra na Volta a França do Futuro – mas a Federação abdicou de participar.

Para este ano o objetivo repete-se e Portugal parte no 3º lugar do ranking graças aos 20 pontos somados por Morgado no GP Orlens (venceu uma etapa, fez um 2º lugar e fechou 6º na geral). Com Morgado no Giro a responsabilidade recai sobre:

  • Afonso Eulálio (ABTF Betão-Feirense)
  • Gonçalo Tavares (Hagens Berman Axeon)
  • Alexandre Montez (Credibom-LA Alumínios-Marcos Car)
  • Daniel Lima (Israel Premier Tech Academy)
  • Duarte Domingues (Glassdrive-Q8-Anicolor)
  • Lucas Lopes (Electro Hiper Europa).

Talentos no radar

  • Pavel Novak (República Checa)

Qualquer corredor da italiana Colpack merece a nossa atenção e Pavel Novak leva dois anos em Itália a formar-se. Durante 10 anos jogou hóquei no gelo, mas o ciclismo prevaleceu e ainda bem porque só no último ano em juniores somou quatro triunfos. Em sub-23 já se estreou ganhando Trofeo Castello Di Albola e correndo em casa espera-se que apareça na disputa da corrida.

O bloco checo conta com miúdos nos projetos satélite de grandes equipas – Jakub Toupalik corre pela EF (o irmão Adam é craque no ciclocrosse), Milan Kadlec (DSM) – e ainda Karel Camrda que está na checa ATT Investments e vem de fechar 11º na dura Volta à Baixa Polónia.

Vive-se um bom momento na nação que na última década e meia teve em Roman Kreuziger a referência. A atual geração tem caras novas como Pavel Bittner (DSM) e Mathias Vacek (Trek-Segafredo e 3º na passada Corrida da Paz) que estão no WorldTour ao lado dos experientes Zdenek Stybar (Jayco) e Jan Hirt (Soudal-Quick Step).

Resumo do GP Orlens. António Morgado venceu a etapa final!
  • Gal Glivar (Eslovénia)

Esloveno e da Adria Mobil remete-nos logo para Primoz Roglic, mas na Corrida da Paz a referência eslovena é Tadej Pogacar que dominou em 2018. Glivar é sub-23 de terceiro ano e vem de ganhar a Carpathian Couriers Race e o GP Orlens – beneficiando de um furo de António Morgado que foi mais forte no mano a mano

É o ciclista em forma, mas tem algo a provar. Vai descolar rumo a uma carreira internacional ou assumir um perfil mais discreto? Em 2021 Kristjan Hocevar foi 2º atrás de Filippo Zana e nunca mais ouvimos falar dele. Os eslovenos têm um problema: em vez dos seis corredores só levam cinco… esperemos que sejam poucos, mas bons.

  • Simon Dalby (Dinamarca)

Sub-23 de segundo ano e com uma época discreta. À partida haveria outras escolhas mais óbvias para seguir, mas Simon Dalby já fechou top 10 na Corrida da Paz no ano passado e foi um júnior destacado em 2021. O talento está lá!

O bloco dinamarquês é fortíssimo. Trazem o ex-campeão mundial júnior de contrarrelógio em Gustav Wang – deve saltar para o WorldTour em 2024 – que é um talento versátil ainda com trabalho pela frente na alta montanha. Carl Frederik Bevort é colega de Wang na Uno X e também tem condições semelhantes. Rasmus Sojberg Pedersen está-se a formar na Nantes Atlantique e tanto faz o calendário sub-23 (9º na Gent-Wevelgem) como o profissional (9º na Paris-Camembert).

  • Outros nomes fortes

De forma mais breve deixo menções ao 11º na edição passada, o italiano Davide De Cassan (7º e melhor jovem na Volta à Alta Áustria e 1º no GP Gorenskja onde bateu Gal Glivar); ao luxemburguês Mathieu Kockelmann (atual campeão europeu de contrarrelógio júnior); ao belga Dylan Vandenstorme que tem corrido bem pela satélite da Intermarché-Wanty; e aos britânicos Jack Rootkin-Gray (4º no Olympia’s Tour e vencedor do tradicional Ringerike GP na Noruega) e Oliver Rees 11º na Volta ao Alentejo.

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