Um Giro de Itália vintage

Um Giro de Itália vintage

Na era da ciência Gonçalo Moreira exalta o lado humano do ciclismo. Com João Almeida, Remco Evenepoel e Primoz Roglic vamos ter um Giro de Itália vintage.

Sejamos honestos: não deve haver muita gente que à partida para este Giro de Itália não antecipe uma batalha entre Remco Evenepoel e Primoz Roglic.

O belga vaporizou o pelotão na Liège pelo segundo ano consecutivo, ganhou o UAE Tour e foi uma pedra no sapato de Roglic na Catalunha (onde começou com os jogos psicológicos). Evenepoel investiu forte neste projeto e já em dezembro andava pelo sul de Itália a reconhecer as primeiras etapas.

Duelo Evenepoel-Roglic está escrito

O esloveno dominou o Tirreno-Adriático e mostrou frieza na Catalunha. Preparação cirúrgica, sete semanas em altitude e tudo pensado ao milímetro… até que quatro positivos por COVID-19 e o atropelo sofrido por Jan Tratnik na véspera da corrida trocaram as voltas à Jumbo-Visma.

Pela lógica da temporada o duelo Evenepoel-Roglic está escrito, só que ciclismo não é só matemática – embora a abordagem científica adotada pelas equipas tenha um peso brutal no desfecho das corridas.

O que atrai no ciclismo é o lado humano, o colapso do favorito ou a ascensão do outsider. Por isso nos emocionamos quando Tadej Pogacar ganhou o primeiro Tour – fomos completamente apanhados de surpresa e é algo que recordaremos para sempre!

LaPresse

Vintage foi 2018

O elenco de candidatos à vitória final neste Giro é o mais forte desde a edição de 2018. Nesse ano tínhamos no auge das capacidades Dumoulin, Froome, Yates, Superman Lopez, Pinot, Chaves, Aru, Pozzovivo…

Este ano temos Evenepoel, Roglic, Almeida, Geoghegan Hart, Thomas, Vlasov, Caruso, Haig e nunca descartemos os velhos roqueiros Pinot e Urán!

Se Pogacar revirou o Tour na Planche des Belles Filles, o Giro de 2018 teve o ataque de Froome no Colle delle Finestre! É a única coisa que peço: voltar a sentir essas emoções.

Não tiro mérito aos campeões posteriores, mas vintage foi 2018! Se todas edições fossem épicas não as saberíamos apreciar.

João Almeida é melhor líder

Este texto começou com a palavra honestidade e não vou mentir no fecho: se for João Almeida o génio da corrida tanto melhor!

Nome por nome, a UAE leva um dos melhores blocos para a alta montanha. O momento de forma e a gestão dos egos marcará o êxito ou o fracasso.

Há algo indiscutível: João Almeida é melhor líder do que nas anteriores edições e aos 24 anos sabe que a terceira vai marcar a corrida – Froome, Nibali, Geoghegan Hart que o digam porque estiveram no fundo do poço e saíram campeões.

ENTREVISTA JOÃO ALMEIDA PARTE I

ENTREVISTA JOÃO ALMEIDA PARTE II

Da mesma forma que o Giro não vai ser só Evenepoel vs. Roglic também não podemos ser obtusos e só ver Almeida. O ciclismo transcende o patriotismo. É isso que torna especial este desporto.

Pogacar é esloveno e Froome britânico… e aqui estamos recordando o brilhantismo de ambos. Somos capazes de vibrar com o feito em si mais do que com o protagonista.

Que seja um Giro vintage!

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