Tour de France e País Basco unidos pelo ciclismo

Tour de France e País Basco unidos pelo ciclismo

Análise às etapas bascas do Tour de France e viagem pela história de uma região que venera o ciclismo. Conheçam o Coxo, a Águia e o Leão.

San Sebastián em 1992 e Bilbau em 2023. Pela segunda vez na história o Tour de France começa no País Basco e fá-lo no 125º aniversário do Athletic Club de Bilbao, pelo que a honra da Grande Partida é conferida ao estádio de San Mamés, a Catedral do futebol espanhol.

Não é inédita a associação do futebol ao ciclismo no País Basco. A Real Sociedad começou a competir como Club Ciclista de San Sebastián e o Athletic teve secção de ciclismo entre 1924-1929.

As grandes cidades bascas também tiveram velódromos. O de Bilbau foi construído em 1896 e chegou a ser a maior infraestrutura desportiva do seu tempo com capacidade para 5000 espetadores. Em San Sebastián, a pista de Anoeta foi construída para o Mundial de 1965 – o primeiro em território espanhol. Antes já Oñate (Guipúzcoa) tinha organizado o Mundial de ciclocrosse em 1953.

No vídeo abaixo podem ver fotos e vídeos da época de ouro do ciclismo de pista basco no Anoeta.

O velódromo Anoeta através dos tempos. Aberto em 1965, foi coberto por ocasião do Mundial de 1973.

Pedalar de Bilbau até Paris

O primeiro espanhol a correr o Tour de France foi Vicente Blanco, em 1910. Natural de Deusto, zona situada no extremo noroeste de Bilbau, era conhecido como “O Coxo” por motivos óbvios, o que não o impediu de pedalar de Bilbau até Paris para alinhar na prova.

Outra figura marcante do ciclismo basco foi Federico Ezquerra, que se retirou com 87 vitórias em 19 temporadas. Fez o Tour de France em quatro ocasiões e ao bom estilo basco foi na montanha que ganhou a fama. Em 1934 coroou primeiro o Galibier com recorde da subida e Henri Desgrange chamou-lhe “A Águia do Galibier”.

O Coxo, a Águia e o Leão

De todos os corredores nascidos no País Basco o mais incrível foi Txomin Perurena, que faleceu no início de junho. É possível seja homenageado já que viveu as últimas décadas em San Sebastián e porque se trata de um ícone que acabou a carreira com 158 vitórias. Para contextualizar, Alejandro Valverde retirou-se com 133 triunfos.

O “Leão de Astigarraga” foi sprinter, puncheur e subia tão bem que foi rei da montanha no Tour de 1974. Num país atualmente obcecado com os trepadores, Txomin Perurena é referência de nicho, embora tenha sido o ciclista mais popular da década de 1970.

O Coxo, a Águia e o Leão foram ícones do seu tempo. No programa “Conexión Vintage”, da TVE, encontram imagens espetaculares dos anos 70 com Txomin Perurena em primeiro plano, mas também recordando as batalhas Fagor vs. Kas na Vuelta e a chegada de Luis Ocaña ao pelotão. É um documentário imperdível!

Créditos: A.S.O. Vicente_Paredes

O Tour arranca na Catedral

Na década de 1960 o antigo estádio San Mamés recebeu etapas da Volta a Espanha, algo que se repetiu em 2019 e voltará a acontecer este ano.

O Tour arranca na Catedral com uma 1ª etapa que tem 182km e 3300m de desnível positivo acumulado. Manda a tradição que em Bilbau se passa no Alto del Vivero (4,2km a 7,3%), mas a última subida é Pike Bidea (2 km a 9% de média e rampas de 15%) a 10 km do final. A meta está colocada numa subida de 1km com 5% de inclinação.

A 2ª etapa parte de Vitoria (Gasteiz em basco) e termina em San Sebastián (Donostia). Será o regresso à cidade que viu partir o Tour de France em 1992, edição ganha pelo navarro Miguel Indurain aos italianos Claudio Chiapucci (4:35) e Gianni Bugno (10:49).

São 210km que começam a 600m acima do nível do mar e terminam junto à praia. Dia ao estilo clássica de San Sebastián – passam a subida de Jaizkibel como na Klasikoa, mas no sentido inverso ao tradicional. Após fazerem 8km a 5,3% (média enganadora porque nos últimos 3km nunca baixam de 7,5%) estarão a 16,5km da meta, parte da distancia feita a descer e outra parte em terreno plano.

Jonas Vingegaard durante o reconhecimento da subida de Puy de Dôme, no Maciço Central.
Créditos: A.S.O.

O Tour de France deixa o País Basco na 3ª etapa. A partida é em Amorebieta (Etxano) – onde Rui Costa venceu a Klasika Primavera em 2013. O final é em território francês, em Bayonne, após uma ligação de 185km destinada aos sprinters.

A partir daqui a corrida entra nos Pirenéus e vai traçando uma diagonal via Bordéus e Limoges até ao Maciço Central. Daí dirige-se aos Alpes antes da decisão na Alsácia.

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