Specialized Crux Comp – Que dizer após um ano de utilização?

Specialized Crux Comp – Que dizer após um ano de utilização?

Depois de ter a oportunidade de testar a Specialized Crux no seu lançamento, em Espanha numa prova de gravel, em janeiro de 2022 tive a bicicleta e resolvi fazer um teste de longa duração da nova gravel da Specialized.

Um ano depois, após muitos quilómetros, algumas provas e até uma aventura de bikepacking, partilho a opinião que fui formando acerca da bicicleta ao longo deste tempo.

Fotografia: Eduardo Campos

Vídeo do primeiro dia

Comecemos por dizer algo importante, uma bicicleta que é fantástica para um tipo de ciclista, pode não o ser para outro, cada utilizador tem a sua forma de pilotar, a sua técnica e as suas preferências, pelo que tentarei descrever a bicicleta e as sensações que transmite, de forma a que cada um tire as suas conclusões.

Espero com o meu feedback, no qual abordo tanto as suas qualidades e limitações da Specialized Crux Comp, bem como o desgaste que eventuais problemas que poderia, ou não, ter dado após alguns meses e milhares de quilómetros de utilização, ajudar aqueles que ponderam a aquisição deste modelo.

Fotografia: Eduardo Campos

Simplicidade, por vezes é tudo

A Specialized Crux Comp vem equipada com um SRAM Rival mecânico de 11 velocidades (1X11). É verdade que os grupos eletrónicos funcionam muito bem, (prefiro utilizar um grupo eletrónico do que um mecânico), mas na hora de comprar, se os euros não abundam na carteira, é necessário fazer contas não só ao esforço que se faz para comprar a bicicleta, mas também às peças de reposição caso haja azares e se venham a danificar no futuro.

Fotografia: TopCycling.pt

Por exemplo, é diferente trocar uma manete Sram Rival mecânica danificada de 100,00€, do que trocar a manete Sram Rival eletrónica danificada de 170,00 € (preços consultados em lojas online), pelo que este modelo, (o mais acessível da gama Crux), pode não oferecer as sensações fantásticas de uma troca de mudanças eletrónica, mas não compromete e é mais económico.

Durante os primeiros 12 meses de Specialized Crux não tive azares nem quedas, nada ficou danificado e só houve reposição de peças de desgaste.

O facto de não ter os cabos integrados, torna a manutenção mais simples e rápida, assim como o facto do próprio movimento pedaleiro ser de rosca, o que a torna mais duradoura, mais fiável e a manutenção ligeiramente mais simples.

Em geral, a simplicidade com que foi construída, torna a manutenção mais simples e rápida.

O desgaste e peças de reposição

Após 1 ano de utilização e cerca de 4500 quilómetros, entre chuva e lama, poeira e asfalto, treinos, voltas diárias, alguma competição e viagens, troquei duas vezes de pneus, duas vezes de pastilhas de travão e duas vezes os rolamentos da roda traseira.

Dois conjuntos de pastilhas de travão em 4000 km’s.

Importa referir que a primeira troca de penus não está relacionada com o desgaste dos mesmos, mas porque optei por trocar os pathfinder 38mm, (que vêm montados de série), pelo mesmo modelo de pneu, mas em medida 42mm, uma troca que aconselho, pois os 42mm oferecem uma proteção de
roda muito maior e não comprometem a capacidade roladora.

Pneus Specialized Pathfinder 42mm., substituíram os 38mm.

A transmissão encontra-se num estado de desgaste alto, embora continue a funcionar perfeitamente. O SRAM Rival mecânico surpreende de forma positiva.

Transmissão Sram Rival mecânica encontra-se num estado de desgaste médio.

CRUX – Gravel de competição ou viagem?

A Specialized Crux é uma bicicleta de gravel com uma geometria mais orientada para o “Gravel Racing” do que propriamente para o “Gravel Bickepaking”. Embora não seja tão confortável como outras gravel de geometria mais descontraída, não a acho desconfortável, aliás, encaixo perfeitamente na bicicleta e sou capaz de fazer longas horas de pedalada sem desconforto no final.

Fotografia: Eduardo Campos

É verdade que há bicicletas mais confortáveis, mas com a CRUX dá para fazer de tudo um pouco, e é para mim uma bicicleta viciante, quanto mais pedalamos nela mais queremos pedalar.

Viagem e BikePacking

Coloquei-a à prova numa viagem de dois dias ao Alentejo, nos quais fiz cerca de 170 km’s em cada dia. Pedalei entre 7 a 8 horas por dia (com a bagagem da fotografia em baixo) e fiquei muito satisfeito com o desempenho desta bicicleta de geometria competitiva neste tipo de utilização.

Viagem de dois dias em modo Bikepacking

O único ponto menos positivo que lhe aponto quando passamos mais de 5 horas a pedalar é o facto de ter umas fitas de guiador demasiado finas, que nestas ocasiões tornam a experiência menos confortável. É algo que se resolve facilmente trocando as fitas que vêm montadas de série por outras de maior espessura.

Viagem de dois dias em modo Bikepacking

O leitor deverá conhecer-se a si próprio, (estado de forma, tipo e regularidade de utilização, zona onde vive, etc.) e escolher a bicicleta que melhor preenche os requisitos para a utilização que lhe quer dar.

No meu caso, gosto da Specialized Crux porque é muito ágil para as voltas do dia-a-dia, perfeita para fazer eventos de gravel quando quero colocar um andamento mais rápido, simples nas suas linhas, na manutenção e depois, (embora não seja o seu ponto forte), desenrasca-se muito bem quando queremos colocar-lhe umas bolsas e partir à aventura.

Vídeo: Lisboa – Montemor-o-Novo – Lisboa

Eventos Gravel e competição

A agilidade e rapidez são mesmo o seu ponto forte, fiz vários eventos de gravel com ela e quando queremos andar rápido nas estradas de terra é quando ela revela todo o seu potencial.

Fotografia: Eduardo Campos

É leve e tem uma maneabilidade fantástica. É uma flecha a subir e não compromete a descer, embora admita que já experimentei bicicletas de gravel muito mais estáveis a descer do que a Crux, que exige um pouco mais de técnica da parte do piloto em descida.

Fotografia: Eduardo Campos

Vídeo do evento de gravel em Cabeça Gorda, Beja

Upgrades futuros

Até à data em que escrevo este texto para vocês, ainda não fiz qualquer upgrade à bicicleta, toda a utilização relatada neste texto foi feita com a bicicleta tal como vem de fábrica (exceto os pneus). Embora não esteja inteiramente decidido, estou seriamente a ponderar colocar um grupo de transmissão eletrónico e de prato duplo (ou mono prato e 12 velocidades), juntando a esta atualização um par de rodas de estrada para lhe dar uma utilização como bicicleta de estrada.

Na minha opinião este modelo é aquele tipo de Gravel Bike que encaixa perfeitamente neste conceito, (duas bicicletas numa só), pois tanto as linhas como a geometria do quadro, são mais próximas de uma bicicleta de estrada do que de uma bicicleta de BTT (ao invés de outras gravel, que têm geometria mais próxima da bicicleta de BTT do que da de estrada).

Rio Douro, conselho de Freixo de Espada à Cinta – Fotografia: TopCycling.pt

Para ter um bom desempenho como bicicleta de estrada, o prato duplo parece-me importante, porque lhe dará o desenvolvimento que um único prato não lhe permite com uma rodas de estrada, e, por sua vez, não lhe retira a capacidade nas subidas íngremes de terra batida.

No entanto é um conceito que nunca testei, será uma novidade e poderá acarretar algumas surpresas imprevistas. Se o fizer, voltarei a escrever para vocês, partilhando a experiência de forma sincera.

Podes ver as especificações completas, o preço e disponibilidade do modelo testado aqui no site da marca: www.specialized.com/pt

Por: Luís Beltrão

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