Tadej Pogacar é o campeão anunciado, mas terá o bloco mais forte? Gonçalo Moreira analisa quais são as ameaças à UAE-Emirates no Giro de Itália.
“Três semanas de um domínio claro da UAE-Emirates e Tadej Pogacar de maglia rosa do primeiro ao último dia.”
Podia ser a abertura da peça de análise ao Giro de Itália de 2024, mas é escrita com 23 dias de antecedência.
Reflete a sensação de qualquer espectador que tenha visto os primeiros meses da temporada. A superioridade de Pogacar tem sido tão grande que todos o veem campeão do Giro de Itália sem ter dado uma pedalada.
O desafio para o esloveno e para a UAE-Emirates é mesmo esse: ganhar na estrada depois de ter sido proclamado vencedor sem ter dado uma pedalada.
Bloco com Rui Oliveira
A UAE-Emirates rodeou Pogacar de um grupo sólido, que não é o mais forte da corrida. Mikkel Bjerg, Felix Grosschartner e Domen Novak são os soldados. Rafal Majka é o coronel. Todos ao serviço do major Pogacar.
Teoricamente não são os melhores gregários da prova – a Ineos com Filippo Ganna, Tobias Foss e Thymen Arensman parece-me mais forte no apoio a Geraint Thomas.
Vale mais a teoria ou a prática? Os Ineos falharam no Tour dos Alpes com este bloco e Arensman perdeu opções de geral na Romandia na primeiro etapa de montanha.
Voltemos à UAE-Emirates. O bloco tem Rui Oliveira no apoio a Sebastián Molano e uma etapa ganha já será um êxito para a dupla.
Basta reproduzirem o fizeram na passada Vuelta e tudo correrá bem. Para Rui Oliveira será a quinta presença numa grande Volta.
De onde vem o perigo para Pogacar?
É a pergunta que se impõe à partida para o Giro de Itália: de onde vem o perigo para Pogacar?
O bloco que mais gostei de ver correr foi o da Decathlon-Ag2r. No Tour dos Alpes deram um show com Ben O’Connor bem ladeado pelos irmãos Paret Peintre. Valentin vai ser o braço direito do australiano.
Com a pontinha de sorte – que lhe tem faltado – O’Connor é o principal rival de Pogacar.
Que comece o espetáculo!
A BORA-Hansgrohe chega forte e Dani Martinez terá vontade de provar que a Ineos cometeu um erro ao deixá-lo sair. Traz a revelação da Romandia, Florian Lipowitz, e Max Schachmann que no País Basco andou muito.
A Visma tem o promissor Cian Uijtdebroeks que vai beneficiar dos dois contrarrelógios. O belga aspira ao top 10, mas sem os lesionados Wout Van Aert e Wilco Kelderman não lhe podem pedir mais.
Fecho com a Bahrain do experiente Damiano Caruso que acolheu o irreverente Antonio Tiberi. Não entendo porque prescindiram de Wout Poels, com ele eram candidatos ao título.
Que comece o espetáculo!