Portugueses testam-se nos Pireneus contra os melhores sub-23 do mundo em subidas lendárias do Tour de France.
A 46ª Ronde de l’Isard marca o regresso da prova disputada na Occitânia, no sul de França junto à fronteira com a Espanha.
É um barómetro do talento sub-23 que ao longo de cinco dias servirá de teste à evolução da Óbidos Cycling Team.
O projeto, coordenado por Micael Isidoro, está no segundo ano e reúne jovens talentos. A prioridade é desenvolver atletas sub-23 e levá-los aos maiores palcos.
Diogo Pinto, Mark Kryuchkov, João Silva (vencedor Taça de Portugal de Esperanças), Pau Rodríguez Vidal e Sérgio Saleiro representam a equipa do Oeste na prova francesa.
“A mentalidade que vamos trazer para a corrida será de aproveitar e procurar oportunidades dentro das características dos nossos corredores. Penso que vamos entrar num bom momento de forma, esperemos estar bem.”
Micael Isidoro ao TopCycling.
Subidas de nível Tour de France
A Ronde de l’Isard é um cenário de luxo onde a Visma Lease a Bike tem dominado. Os neerlandeses venceram em 2022 com Johannes Staune-Mittet e em 2021 com Gijs Leemreize.
Este ano há etapas duríssimas: a 2ª inclui subidas a Hourquette d’Ancizan, Val Louron e Peyresourde com meta em Bagnères-de-Luchon; na 3ª passam Portet-d’Aspet; a 4ª finaliza em Plateau de Beille.
Um menu de luxo nos Pireneus em subidas de nível Tour de France. Recordemos alguns casos de sucesso recentes:
- Lenny Martinez (Groupama-FDJ) ganhou duas etapas e foi rei dos trepadores em 2022.
- Ben Healy mostrou com a Trinity Racing que solos é com ele ao chegar isolado a Saint-Girons em 2020.
- A sensação da Flèche Wallone, Stevie Williams, ganhou em 2018 batendo Aurélien Paret-Peintre, vencedor de etapa no Tour dos Alpes e no Giro do ano passado.
Óbidos Cycling Team subiu o nível
Desde a Volta ao Alentejo que a Óbidos Cycling Team subiu o nível. Foram três dias em fuga e Diogo Pinto e Mark Kryuchkov quase fechavam em grande tendo sido apanhados com a meta à vista em Évora.
Na clássica Aldeias do Xisto Diogo Pinto foi 2º na juventude.
Após a prova a equipa fez trabalho específico para a Taça Nacional de Esperanças vencendo a competição com João Silva.
“Conseguimos fazer pequeno bloco de altitude, mais para adaptação às subidas longas com alguns ciclistas. Os que competiram mais tiveram os microciclos semanais ajustados para que poderem inserir qualidade no treino e competirem a um nível elevado, fazendo com que as recuperações fossem cuidadas e ajustadas caso necessário.”
Talentos a seguir na Ronde de l’Isard
É sempre aleatório falar de jovens talentos. Na corrida francesa faltam os franceses: tirando a Total Energie, as demais estruturas profissionais da casa não participam.
Também falta o sub-23 mais em forma da época: o britânico Joe Blackmore (Israel) ganhou a Liège e provas por etapas onde correu contra elites (Ruanda, Taiwan e Circuito das Ardenas – nesta última bateu Mathias Bregnhoj da Sabgal-Anicolor).
O favoritismo recai sobre a Visma Lease a Bike de Tijmen Graat e Jorgen Nordhagen. São casos sérios de talento, mas o norueguês tem reúne algumas curiosidades que vale a pena partilhar.
Como bom norueguês começou no biatlo e no esqui de fundo. Formou-se no clube de Lillehammer como Staune-Mittet e Tobias Foss; em juniores ganhou a Corrida da Paz e a Eroica – eventos da Taça das Nações – e este ano fez pódio na Liège, 9º no Palio del Recioto e 14º no Giro del Belvedere.
México tem duas equipas
A Lotto-Dstny fez a dobradinha na edição de 2020 com Xandres Vervloesem e Henri Vandenabeele – que quatro anos depois estagnaram. Este ano trazem dois sub-23 de primeiro ano: Milan Donie veio academia da Ag2r e Jarno Widar do CC Chevigny que é satélite da equipa.
Widar passou a sub-23 com 14 vitórias em 2023 e dos dois parece ter melhores condições. Juntos fazem um tandem ao estilo Evenepoel/Van Wilder.
De Espanha uma nota para Pablo Carrascosa, vencedor de etapa na Volta à Extremadura. Será ele a liderar a Finisher, satélite da Kern Pharma, que em internamente lidera a Taça de Espanha com Haimar Etxeberria
Vai ser giro observar os miúdos da Trinity e da CTF Victorious (na satélite da Bahrain olho em Max van der Meulen). O México tem duas equipas – Petrolike e A.R. Monex – e Jose Ramon Muniz terá que mostrar porque foi o melhor jovem da Volta à Colômbia no meio dos WorldTour.