O renascer do ciclismo do Brasil

O renascer do ciclismo do Brasil

Perderam Vinícius Rangel no WorldTour, mas há sinais positivos para o futuro do ciclismo do Brasil com Henrique Bravo e Guilherme Lino.

O ciclismo do Brasil vive dias de renovação com as passagens a profissionais de Henrique Bravo e Guilherme Lino, a nova vaga de talentos que pretende suceder a Vinícius Rangel.

Não sendo uma nação com enorme tradição, o Brasil já fez história no ciclismo. Mauro Ribeiro e Murilo Fischer escreveram grande parte da narrativa canarinha na máxima categoria. 

Ribeiro foi o primeiro e, até hoje, o único atleta brasileiro a vencer no Tour de France, em 1991. Fischer foi o que mais venceu: o sprinter chegou a ganhar nove corridas em 2005, melhor ano da carreira.

Nunca esquecendo Luciano Pagliarini, velocista que brilhou com vários triunfos no Tour de Langkawi e na clássica de Almería quando representou a Lampre. Foi também pioneiro para o Brasil ao ganhar uma prova UCI ProTour, em 2007, no Eneco Tour.

Foto: Maximiliano Blanco/Getty Images

Vinícius Rangel

Nos últimos anos, o Brasil foi representado na alta roda do pelotão mundial masculino por Vinícius Rangel, que este ano terminou a ligação à Movistar.

O atleta natural de Cabo Frio, estado do Rio de Janeiro, encerrou a etapa explicando os motivos do regresso a casa em carta aos fãs.

“Decidi voltar ao meu país, após cinco anos a correr na Europa. Alcancei muito mais do que podia ter imaginado. Desfrutei de correr em muitos dos maiores eventos do mundo. Partilhei o pelotão, e experiências, com alguns dos melhores deste desporto. E tornei-me amigo de tanta gente desta linda família. Tudo isso, carregando a bandeira do Brasil pelo mundo. Foi uma honra incrível.    

O meu corpo e a minha mente pedem-me agora que desfrute do desporto de uma maneira diferente. Sinto que vou desfrutar, no Brasil, do tipo de liberdade que não alcancei na Europa. Sinto que tenho muito para dar ao desporto e quero fazê-lo no meu país. Quero agradecer a todas as equipas, companheiros e treinadores que me apoiaram durante estes anos.”

Vinícius Rangel, em carta aberta depois de deixar a Movistar
Vinicius Rangel na clássica Eschborn-Frankfurt este ano.
Foto: Christian Kaspar-Bartke/Getty Images

Preparar o futuro

Há indicadores positivos em relação ao desenvolvimento do ciclismo brasileiro. O Tour do Rio, por exemplo, voltou após nove anos de ausência como prova UCI e o vencedor foi Sergio Henao, que passou por Sky e UAE.

A perda de Vinícius Rangel não apaga a chegada à Europa de atletas promissores. Andrey André já é profissional na Gi Group Holding – Simoldes – UDO, mas quem são as outras caras novas que vão representar o Brasil no pelotão europeu em 2025?

Henrique Bravo > Soudal Quick-Step Devo

Com apenas 18 anos, foi 2.º nos campeonatos nacionais de contrarrelógio e 3.º na estrada na categoria júnior. Começou no BTT seguindo as pedaladas do maior ciclista brasileiro da década, Henrique Avancini.

É de Nova Lima, periferia da capital mineira, Belo Horizonte, e em 2024 destacou-se no calendário amador espanhol correndo pela Picusa Academy, projeto de formação baseado na Galiza.

Foi o campeão da Volta Ribera del Duero que António Morgado (UAE) levou em 2022 à frente de AJ August (Ineos).

“Estou muito entusiasmado por entrar nesta equipa, é um sonho. Na América do Sul temos uma boa cultura no ciclismo de montanha, mas não tanto na estrada. Conseguir ir para uma equipa na Europa é difícil para os brasileiros, quase não acreditam que seja possível. Agora espero provar que é possível a abrir portas a mais sul-americanos. Penso ser um ciclista para as subidas longas, mas vamos ver.”

Henrique Bravo em comunicado da Soudal Quick-Step Devo.
Créditos: Soudal Quick-Step

Guilherme Lino > Tavfer – Ovos Matinados- Mortágua

Guilherme Lino tem 18 anos e acaba de assinar contrato profissional com a Tavfer – Ovos Matinados- Mortágua.

É o primeiro fruto de uma nova parceria entre a Landeiro – KTM – Matias & Araújo – Frulact e a equipa Continental de Mortágua. Curiosamente, vai correr com João Matias que é presidente do clube de formação de Barcelos.

Lino é conhecido como “Katraquinha” em homenagem ao pai Alessandro Katraca, ex-ciclista. Destacou-se na Volta a Portugal do Futuro (5.º na geral e vitória em etapa), mas foi correndo em casa que deu espetáculo vencendo o campeonatos brasileiro e o Pan-Americano.

Os meus principais objetivos são: alcançar o título de campeão nacional e campeão Pan-Americano no meu primeiro ano na categoria sub-23, além de ganhar uma competição na Europa. Estou determinado a trabalhar duro para alcançar essas conquistas. Fazer parte da Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua é uma sensação incrível, estou muito feliz.

Guilherme Lino

Nota ainda para outra promessa brasileira: Dimas Mota foi 3.º na Volta a Portugal e ganhou a Taça de Portugal na categoria de cadetes. Em 2025 troca a Landeiro pela Picusa Academy.

Ler mais | Radar TopCycling – Cadetes de 2024

Ciclismo feminino

Enquanto os homens perderam referências no WorldTour, as mulheres ganharam uma nova estrela. Em 2025, a campeã nacional Ana Vitória Magalhães vai representar a Movistar.

A carioca de 24 anos fez a época passada na italiana Bepink-Bongioanni e ficou perto de vencer uma etapa no Giro de Itália. Tota, como é conhecida, também correu em Espanha pela Bizkaia-Durango onde chegou a ser colega de Daniela Campos e de Beatriz Pereira.

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