A mítica bicicleta de Cross Country (XC) da Specialized conta com grandes alterações para 2018.
Á primeira vista o perfil da bicicleta parece idêntico e o sistema brain continua presente mas na última evolução, a Epic é uma bicicleta radicalmente diferente das suas antecessoras.
Christoph Sauser e Ned Overend trabalharam intensamente com os engenheiros da marca nos desenvolvimentos da nova bicicleta com o quadro a ser totalmente redesenhado, adoptando algumas tecnologias e tendências que melhor adaptam a nova bicicleta às exigências do novo XC.
Como Novo XC?
Com o aparecimento das 29ers há alguns anos, os entusiastas das bicicletas de montanha passaram a conseguir pedalar com maior facilidade por trilhos que antes pareciam inacessíveis.
Conseguem controlar a passagem por buracos, raízes e pedras em locais onde antes a passagem apenas poderia ser feita com prazer numa bicicleta de trail ou enduro e além disso fazem-no mais rápido, quer seja a subir ou a descer.
No XC profissional (taça do mundo) as pistas também foram adaptadas, tornando-se cada vez mais exigentes e complexas a nível técnico, com “rockgardens” constantes e subidas técnicas.
Quanto a nós não há dúvidas, a disciplina rainha do todo terreno ganhou um novo fôlego com esta nova direcção e isso deve-se em grande parte ao aumento de capacidade das bicicletas pela inclusão do novo tamanho de roda.
Segundo a Specialized, a nova Epic foi redesenhada para acompanhar esta evolução.
Geometria
Mais longa, mais baixa e mais agressiva, a nova geometria standard das bicicletas de XC e trail em 2018 parece mais próxima das bicicletas de enduro e DH. Escoras mais curtas adicionam agilidade e um triângulo dianteiro mais longo ajuda a recentrar o peso mais na frente ao mesmo tempo que ângulos de direcção muito mais abertos e avanços mais curtos permitem uma condução agressiva em especial nas zonas mais técnicas.
Todas as novas bicicletas estão a seguir esta tendência e a nova Epic não é excepção mas como habitual, o gigante americano seguiu os seus próprios passos. A Specialized fez o seu trabalho de casa e sobressai o ângulo de direcção com uns agressivos (para uma Specialized) 69,5º em conjunto com suspensões com menos offset (42 em vez de 51mm). Ao mesmo tempo, o triângulo dianteiro cresce cerca de 10mm que por sua vez são retirados ao avanço.
Segundo a marca (e o feedback que temos de todas as bicicletas em que estas alterações foram incorporadas) estas alterações trazem à bicicleta muito mais confiança em velocidade nas descidas acentuadas e em terrenos acidentados.
Peso
O peso dos novos quadros é uma área onde a Specialized impressiona. A marca Americana sempre foi conservadora na forma de construir os seus quadros e era habitual ouvir que o peso era a ultima consideração.
As bicicletas de XC de suspensão total evoluíram dramaticamente nos últimos anos e talvez fruto da fortíssima concorrência actualmente sentida no segmento, a marca americana finalmente (certamente na opinião de muitos simpatizantes da marca) apontou a sua atenção ao factor peso.
Umas impressionantes 525 gramas nos modelos Comp e Expert, e 345 na S-Works são alterações de respeito! Para terem uma noção; é como se removessem toda a tecnologia Brain, pivots e espaçadores do quadro anterior.
Uma Epic S-WORKS tamanho “L”, equipada com Eagle XX1 e X01 pesa 9,89 kg’s., uma Epic Pro tamanho “L”, equipada com o novo pedaleiro Truvativ Stylo em carbono e trasmissão Eagle X01 pesa 10,69kg’s.
Brain
A Epic é “o chassis do sistema brain”.
O sistema já foi redesenhado várias vezes ao longo dos anos e em 2018 temos uma nova evolução. O novo amortecedor aparece agora “encarnado” pela RockShox (por agora) tendo sido colocado o sensor de inércia ainda mais próximo do eixo traseiro – Segundo a marca, consegue-se assim uma leitura mais rápida do terreno.
A nível interno, é melhorada a forma como o óleo flui entre o brain e o corpo do amortecedor, tendo a marca trabalhado arduamente em reduzir a turbulência do óleo, de forma a melhorar o amortecimento.
Funciona como neste vídeo. 🙂
Uma Epic sem pivots traseiros!?
A forma como removeram algum do peso está a ser certamente polémica junto dos fãs da marca já que para além as óbvias optimizações ao nível da construção de carbono, a Specialized eliminou por completo os pivots “Horst link” do sistema “FSR” das escoras inferiores.
Esta localização dos pivots anteriormente patenteada pela marca traz óbvias vantagens ao nível do funcionamento da suspensão traseira, especialmente ao nível da independência da travagem e foi durante muitos anos, um dos pontos fortes de venda de qualquer bicicleta Specialized.
O curioso é que era justamente no caso da Epic (por ter muito pouco curso na traseira) que essa tecnologia trazia menos benefícios comparativamente ao peso exigido. Se é certo que a tecnologia funciona (e que por isso está agora incorporada em muitas das bicicletas das marcas concorrentes) é também muito provável que os engenheiros da marca americana tenham sentido (no caso da Epic) algum alívio em ver a patente desaparecer, já que a eliminação dos pivots permitiu ganhos valiosos no emagrecimento da bicicleta.
Outro ponto menos óbvio para alguns mas que jogou a favor desta alteração foi a actual tendência para os sistemas 1X de apenas um prato, já que ao simplificar radicalmente as trajectórias e linhas de corrente, é favorável a sistemas de suspensão mais simplificados.
A eliminação destes pivots não é algo pioneiro da Specialized, e em sintonia com outras marcas que adoptaram esta solução, a marca americana argumenta que a “flexão programada” das escoras permite manter de forma suficiente o efeito do anterior sistema, com menos peso e mais rigidez.
Detalhes
Não temos imagens mais esclarecedoras mas a medida do espigão de selim sobe de diâmetro para 30.9mm de forma a permitir a utilização de espigões de selim telescópicos (inclusive o quadro vem preparado para a passagem dos cabos destes). Esta é uma tendência que parece ter finalmente confirmação no XC e embora não seja exista de série a Specialized não quis que os seus clientes ficassem sem acesso a esta opção, caso assim o queiram.
Outro pormenor em que a Epic foi pioneira e a destaca da maioria das bicicletas de suspensão Total de XC (e maratona) é o facto de poder usar dois bidons. Esta capacidade mantém-se na nova bicicleta. Um “pequeno grande” pormenor que faz diferença.
Além dos bidons, ainda existe espaço para o compartimento “SWAT” onde podes colocar ferramenta ou acessórios de reposição.

A nossa opinião
A Specialized tornou a sua principal arma de XC mais adaptada ao tipo de XC da actualidade e tendo em conta aquilo que vemos, volta a ser (se è que alguma vez deixou) uma das referências do mercado. Claro que aqui apenas abordámos a parte técnica, resta ver se em termos de preço e competitividade em termos concorrenciais (€€) vai ter o sucesso das antecessoras.
Actualizamos com mais informação assim que conseguirmos desviar uma ou duas para testes 🙂
Luís Beltrão
Mr.B.
&
Mr.F.