Marmote Granfondo Series Pirenéus – 160 km’s. 5600 mts. D+. por, Renato Ferreira
O “Look Marmote Granfondo Series” é uma prova realizada nos Pirenéus franceses, com a distância de 160 km’s e 5600mts. D+, ou seja, não é para qualquer um.
Este Granfondo inclui as subidas míticas dos Pirenéus, como o “Tourmalet” (duas vezes com abordagens diferentes), “Hourquette d’Ancizan”, o “Col d’Aspin” ou “Luz Ardident”.
A edição deste ano, que decorreu no passado dia 26 de Agosto, teve a participação de 3 portugueses, um dos quais foi Renato Ferreira que nos contou a aventura, desde a viagem à prova em si.
Assim, após leres esta pequena crónica ficarás a saber porquê um dia podes ponderar ir, ou não.
Para os poucos que não conhecem Renato Ferreira, é um atleta de referência Nacional que compete principalmente em provas de BTT.
No seu vasto palmarés, conta com resultados de destaque tanto no Campeonato Nacional como na Taça de Portugal de Maratonas, entre outras provas de BTT de prestígio como a “MTB World Marathon Series”.
É atleta da equipa “Vasconha BTT Vouzela” e conta actualmente com os seguintes patrocínios: Loja Movefree, Scott Portugal, Nutrimania.pt, Cofides competição, Pinho pneus assistência Lda., Junta de freguesia de Bucelas e Speedsix Portugal.
Deixamos-te o relato, na primeira pessoa, da participação do Renato nesta prova.
Look Marmote Granfondo Series, por Renato Ferreira
No ano passado já tinha visitado esta região de bicicleta. Numa “Tour” com 5 amigos estivemos nos Pirenéus Franceses durante 6 dias a pedalar de forma descontraída, a conhecer as subidas míticas desta região.
Apesar de já conhecer as 4 das 5 subidas desta prova, decidi aceitar o convite de 2 amigos (Ricardo Costa e Bruno Passos), pois desta vez estaria novamente a percorrer esta magnifica zona mas em contexto de competição!
A Viagem
Partimos para “Luz Saint Sauver” na 6.ª feira ás 07:00, sendo que a viagem prolongou-se durante 12 horas no total (tínhamos previsto 10 a 11 horas já incluindo as paragens, mas apanhámos muito trânsito na fronteira com França).
Ao chegar, depois de deixarmos todo o equipamento em casa (esta alugada previamente pelo Ricardo) lá fomos dar uma volta de bicicleta para “rolar as pernas” e conhecer a Vila (equipados à “Civil” ).
Estadia e refeições
Tirámos as fotos da “praxe” e fomos jantar. Preparámos todas as refeições previamente para toda a viagem de sexta-feira e o jantar desse dia.
Assim além de poupar tempo e dinheiro nas paragens, evitam-se “surpresas” de comida menos boa que se possa encontrar.
Sábado acordámos cedo para tomar o pequeno almoço e estarmos ás 08:00 no supermercado para fazermos as compras para o almoço, lanche e jantar de Sábado.
Decidimos continuar com este planeamento de preparar todas as refeições em casa, pois era a forma mais barata. Ainda assim, era tudo muito caro (ex: um garrafão de água de 6L. em Portugal ronda os 0.6€, em Luz 5L. foi 1.5€).
Dia prévio à prova
Fomos então pedalar. No sábado fizemos a subida final, Luz Ardident (a única das 5 subidas da prova que não conhecia), 10km’s. de subida.
Saímos de casa com 13º, lá em cima faziam 5º (é necessário contar com isto no que respeita a equipamento para a descida).
Descemos e fomos fazer mais uns km’s. num vale (a prova não ia passar lá) em “falso plano ascendente”. Já levávamos 2h. e 30m. de treino e os meus parceiros lá teimavam em continuar a pedalar tal era o entusiasmo!
“uffff … calma pessoal que a prova é amanhã!!!”
Fizemos 56km’s., 2h. 45m. com mais de 2000d+!! (Vê aqui a minha actividade no strava).
Almoçámos e descansámos o resto da tarde (o Bruno teve de ir a uma loja de bike tratar de um pequeno problema com a sua transmissão).
Dia de prova
Alvorada pelas 05:30! A partida era ás 7:30 mas de Argeléz Gazost, que ficava a sensivelmente a 25km’s. da nossa casa.
O plano foi o seguinte:
– De carro até à partida;
– terminada a prova, descer até “Luz Saint Sauver” (nosso alojamento onde tínhamos preparado uma mochila com o necessário para tomarmos banho e alguma comida);
– depois do banho, descer de bicicleta até à partida novamente para arrumarmos tudo e seguirmos viagem para Portugal.
Em relação à prova em si, tivemos muita sorte com as condições meteorológicas pois neste tipo de percursos montanhosos, estas tornam-se muito imprevisíveis.
Esteve a chover e fez frio desde quinta-feira até sábado à noite.
No Domingo estavam 7º às 07:30 da manhã (hora de partida), mas rapidamente aumentaram para os 20º com um céu limpo.
Não há muito a dizer sobre esta prova, pois acho que os números falam por si!
– 160km’s.
– 5600 D+
Terminei em 6h.30m., 9.º lugar da classificação geral e 4.º lugar do escalão.
(Vê aqui a actividade no Strava).
Já sabia de antemão quais os meus pontos fortes e fracos para este tipo de prova, os quais se vieram a comprovar durante a corrida.
Se a subir até não sou mau de todo, a descer, a descer sou “uma nódoa”!
Primeira subida ao Tourmallet – passei com os da frente, mas na descida lá perdi quase 2 minutos. (Descidas muito longas, curvas e velocidade).
A partir daí, o grupo da frente só o via ao longe.
Segui no segundo grupo de atletas, e nas restantes descidas “descolava”, e voltava a “colar” nas subidas. A minha sorte é que neste segundo grupo haviam mais duas “nódoas” a descer como eu!
Restantes subidas: Hourquette d’Ancizan, Aspin, Tourmalet (vertente que tínhamos descido), feitas sempre com ritmo controlado.
No final e para acabar com o resto, Luz Ardiden: se nas 4 primeiras subidas o ritmo foi controlado, nesta última foi a dar tudo! Ainda passei 5 atletas.
Minhas lições desta aventura:
Continuar a treinar subidas, não vale a pena treinar descidas pois “burro velho não aprende línguas” (brincadeira). 😂
A sério, tem que se estar bem preparado para este tipo de provas, quer fisicamente quer psicologicamente, pois são de uma enorme exigência!
Se te queres aventurar neste tipo de provas, tens que te preparar meses antes, não dias ou semanas antes.
Em relação ao resultado obtido, sabia que este tipo de percurso é totalmente diferente do que estou habituado a treinar. Subidas e descidas demasiado longas, muitos km’s.
Tinha a noção de que não estava preparado para tanta distância e acumulado, mas alguém está? 😀
Também não conhecia os outros atletas, não tinha referências de andamentos nem de que rodas marcar, por isso decidi a estratégia só de acordo com o estudo do percurso.
No final, claro que fiquei satisfeito!
Não sabia como ia reagir a tal “empeno”, mas durante a corrida vi que estava a correr bem, e sinceramente comecei a ambicionar um pódio na categoria (visto que na geral seria muito difícil).
Após a prova (duríssima), o regresso
Depois de almoço, iniciámos a viagem de regresso com o tratamento dos 5600 D+ no corpo.
Fizemos 10 horas de viagem para Portugal, directos, fomo-nos revezando durante a mesma, parámos só para abastecer, casa de banho, café e jantar.
Cheguei a casa perto das 05:00 da manhã. Mais de 24 horas acordado depois de uma prova destas. Dormi só 30 min’s. durante a viagem, uma aventura daquelas para recordar.
Valor gasto nesta aventura
– Viagem com portagens e gasóleo: +/-120€ (cada um).
– Casa: 57€ pelas 2 noites, por pessoa.
– Inscrição – 87€ (inclui uma mochila, abastecimentos e almoço).
No que respeita à inscrição, e por forma a comparar com outras, será que vale o este valor?
Entre nós as opiniões dividiram-se, na minha opinião não, pois durante o percurso nunca vi nem polícia nem bombeiros uma vez, só parei num abastecimento para encher o bidom e só vi tâmaras em cima da mesa.
O Bruno viu barras e géis noutros abastecimentos, mas na minha opinião em Portugal fazem-se Granfondos mais baratos com melhores condições.
O que este Granfondo tem (fica ao critério de cada um avaliar se também se está a pagar isto na inscrição), é a beleza dos pirinéus e o facto de passarmos naquelas subidas míticas do “Tour de France”.
A experiência em resumo
Fica algo caro fazer esta prova, mas adorei!
Se voltava a repetir?
Não, pois existem umas tantas míticas que quero fazer.
Renato Ferreira
Fim de crónica.
A nós TopCycling.pt resta-nos agradecer imenso ao Renato por nos ter disponibilizado um pouco do seu tempo entre o trabalho e os treinos, para passar esta experiência de ciclismo diferente, quer pelo carisma e dificuldade da prova, como pela envolvência da viagem e preparativos.
Esperamos que tenhas gostado, e que inclusive este artigo te ajude e motive a embarcar em algo parecido.
Luís Beltrão
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