O Giro de Itália já cozinha em fogo lento, por isso falamos de pratos típicos. Também de campeões como Evenepoel, Ganna e Roglic.
“Ti amo” é um espaço de amor à cultura italiana e ao Giro. É também uma música de Umberto Tozzi. Proponho 21 histórias para 21 etapas.
Clica aqui para ler a crónica de abertura do espaço “Ti Amo”.
Está quebrado o gelo no Giro de Itália. O spritz aperol da corrida foi servido numa tarde quente na Costa Trabocchi cujas praias há 21 anos consecutivos têm bandeira azul… embora fosse o rosa que todos procuraram no prólogo.
Num país onde o estilo importa, Remco Evenepoel não perdeu tempo a convencer os italianos de que é um campeão mundial com eleganza e venceu a etapa.
Evenepoel quebrou uma sequência de cinco vitórias consecutivas de Filippo Ganna no Giro – recorde da prova em termos de contrarrelógios. Em grandes Voltas o recordista de todos os tempos a vencer contrarrelógios consecutivamente ainda Miguel Indurain com sete triunfos entre 1991-1993.
A Itália esperava a vitória de Ganna, mas o gigante de Verbania perdeu. O recordista da hora, homem dos esforços sobre-humanos que quebrou a barreira dos 4:00 na perseguição individual… batido pelo fenomenal Evenepoel.
Top Ganna é uma personagem curiosa: tem tudo para ser herói, mas refugia-se em nas margens do Lago Maggiore, na região de Piemonte. São desta zona figuras históricas do Giro como Giovanni Gerbi – o Diabo Vermelho, referência dos anos 30, homem de forte personalidade que viverá para sempre na voz profunda de Paolo Conte.
De Fausto Coppi nem precisamos falar. É o Campionissimo. O ADN piemontês é dos bons porque foi daí que também saiu Costante Girardengo, vencedor da etapa mais longa da história do Giro: mais de 17 horas para fazer os 430km entre Lucca e Roma. Entre Coppi e Girardengo contamos sete edições do Giro!
A ironia de Roglic e a calma de Geoghegan Hart
A luta pela classificação geral está no início e gostei sobretudo da resposta de Primoz Roglic quando lhe apontavam os 43 segundos perdidos para o belga. Com sorriso irónico o esloveno respondeu: “Vinte etapas para o final, certo?”. Aliás, ontem foi a tarde em que os corredores estiveram superiores aos jornalistas presentes.
Tao Geoghegan Hart, por exemplo, era a calma em pessoa nas entrevistas rápidas e um repórter disse-lhe que parecia triste. “Tu podes estar excitado por ser o primeiro dia, mas para mim é só uma etapa e em breve já estarei focado na próxima.” A ironia de Roglic e a calma de Geoghegan Hart foram dos pontos altos do dia.
O Giro de Itália foi posto ao lume e cozinhará em fogo lento como a tradicional sopa de Teramo, cidade de partida da 2ª etapa. Le virtù demora dias a confecionar e tem mais de 50 ingredientes, incluindo produtos de temporada e restos da despensa invernal. Mara o fim do inverno e o início da estação de colheitas. Evenepoel semeou no prólogo, veremos o que colhe dentro de três semanas.
Subscreve a newsletter semanal para receberes todas as notícias e conteúdo original do TopCycling.pt. Segue-nos nas várias redes sociais Youtube , Instagram , Twitter , e Facebook.