Entrevista a Mikel Landa: “No Giro descobri o meu sítio”

Entrevista a Mikel Landa: “No Giro descobri o meu sítio”

Basco da Soudal Quick-Step sentou-se com o TopCycling para projetar o regresso ao Giro e analisar as possibilidades de Remco Evenepoel no Tour.

Mikel Landa é um dos homens fortes da Soudal Quick-Step e prepara-se para regressar ao Giro em 2025, três anos após a última presença na corrida que mais ama.

O basco vem de um excelente ano, até à Vuelta a Espanha. Na 18.ª etapa caiu de 5.º a 10.º e de lutar pelo pódio a afundar-se na geral por um erro de posicionamento e decisões táticas questionáveis da equipa.

De cabeça quente falou em pendurar a bicicleta, mas falou com o coração e não com a razão. Há Mikel Landa para muito tempo e pudemos comprovar isso mesmo durante o Media Day da formação belga, em Calpe, onde o corredor de 35 anos nos recebeu com enorme simpatia.

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Giro é uma corrida especial

O primeiro grande desafio de 2025 é o Giro de Itália. Foi o corredor natural de Murgia, província de Álava, que pediu à equipa para regressar três anos após a última presença.

O Giro é uma corrida especial para Mikel Landa, que em 2015 foi 3.º na geral ao serviço da Astana.

“Foi onde descobri o meu sítio no ciclismo porque aí descobri o que podia fazer. Ir ao Giro é sempre especial, os meus melhores resultados também foram lá, estou desejando voltar e veremos o que nos traz este Giro de 2025. A Itália é especial: as estradas, as montanhas, as pessoas – vivem o Giro de outra maneira e tenho boas recordações.”

Mikel Landa ao TopCycling.
Gonçalo Moreira e Mikel Landa. O TopCycling no Media Day da Soudal Quick-Step.

Corredor de culto

Como todos aqueles a quem reconhecemos um potencial tremendo, mas que têm dificuldade em conseguir vitórias marcantes, Mikel Landa é um corredor de culto.

Um dos melhores trepadores do mundo que nunca venceu no Tour e que se tem destacado pela consistência 22 “grandes” fechou todas nos cinco primeiros, mas pódio para Mikel Landa só no Giro (2015 e 2022).

Também venceu três etapas na prova italiana, uma na Vuelta e três Voltas (Trentino e duas vezes Burgos). Curto para tanto talento.

“Gostava de fazer uma boa geral, sendo realista creio que um top cinco seria um bom resultado. Sobretudo gostava de levantar os braços, já há muito tempo que não os levanto e em 2025 oxalá possa ganhar uma etapa. Ganhar uma etapa, no Giro por exemplo, dar-me-ia muita alegria.”

Mikel Landa ao TopCycling.
Mais azul e o mesmo estilo no maillot da Soudal Quick-Step para 2025.
Foto: Wout Beel

Pedido especial de Remco Evenepoel

Em 2024 vimos um Landa diferente. Foi pedido especial de Remco Evenepoel para ter ao lado um escalador de classe mundial para a estreia no Tour de France.

A Soudal Quick-Step acedeu e Mikel chegou à sexta equipa na carreira, após passar por Euskaltel-Euskadi, Astana, Sky, Movistar e Bahrain.

Mesmo correndo o Giro com ambição, em julho o basco está mentalizado para o trabalho de gregário de luxo. O clique entre os dois foi imediato.

“Estar no Tour com o Remco também é uma sorte. Poder ajudá-lo, poder aconselhá-lo, fazer parte do que possa conseguir motiva-me muito. Ao mesmo tempo queria, como no ano passado, procurar uma oportunidade para mim e o Giro encaixa bem. Encontrei um rapaz normal, próximo, com as suas inquietudes por me conhecer e saber o que gosto de fazer. Gosta de aprender idiomas. É muito próximo e isso ajuda na hora de que trabalhe para ele com prazer. Senti-me valorizado por ele e pela equipa o que me deu muitíssima confiança.”

Mikel Landa ao TopCycling.
Créditos: A.S.O. Billy Ceusters

A quanto está Evenepoel dos rivais

Na estreia no Tour o belga subiu ao pódio e terminou a 9:18 de Tadej Pogacar e a 3:01 de Jonas Vingegaard. Venceu o contrarrelógio da 7.ª etapa e vestiu a camisola amarela.

Mikel Landa foi o braço direito perfeito terminando 5.º atrás de João Almeida. Quisemos saber a quanto está Evenepoel dos rivais em termos de rendimento.

“Não está muito longe, creio que não era um desafio fácil ir ao Tour com a pressão que tinha por fazer algo, por enfrentar dois dominadores de quem nada se aproxima e creio que ele esteve perto do Vingegaard e o Vingegaard já ganhou dois Tour. A ver se este ano pode dar mais um passinho e veremos onde pode chegar.”

Mikel Landa ao TopCycling.
Ethan Hayter à cabeça do grupo durante o estágio em Calpe.
Foto: Wout Beel

O nosso pequeno paraíso

A conversa foi longa para os parâmetros do ciclista de 35 anos, o que é compreensível dado que nem todos gostam dos encontros com os média. Quando falámos com Mikel Landa este já vinha de quatro ou cinco entrevistas e, convenhamos, as perguntas não são muito variadas.

Como arrancar um sorriso a um atleta reservado? Apelando às suas raizes, levando-o a revisitar as paisagens naturais de Álava e jogando a carta do clube do coração.

“Na minha zona há muito verde, temos o Salto de Nervión que é um desfiladeiro espetacular, cascatas, montanhas, montes, sobretudo muitos bosques bonitos. A cidade de Vitória é bonita e acolhedora, com muito ambiente. Temos o Deportivo Alavés. Não faltam planos.”

Mikel Landa ao TopCycling.
Vídeo: Turismo Basco.

O verde do País Basco tem pouco a ver com a luz da Comunidade Valenciana, que reflete os tons dourados das praias e distintas tonalidades do mar Mediterrâneo.

São já muitos anos a estagiar entre Altea e Calpe, onde o “o clima é ótimo, as temperaturas não baixam dos 10 graus, enquanto em casa estamos perto dos zero. Há muitas estradas muito bem asfaltadas, muita montanha, um trânsito respeitador e aqui encontramos o nosso pequeno paraíso“.

Por agora, tudo decorre dentro da normalidade e a motivação foi renovada por mais um ano. No horizonte está o fim da carreira como ciclista e a procura de uma vocação para o resto da vida.

Mikel Landa pensa cada vez mais no assunto, mas não está certo de encaixar no ciclismo. Só se vê como embaixador de uma equipa ou de uma marca.

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