Sobrinho de João Cabreira, campeão da Volta a Portugal do Futuro em 2004, João Oliveira preparou a prova sub-23 arduamente e foi os olhos do TopCycling na prova.
Chamo me João Oliveira e tenho 19 anos. Sou de Aguçadoura, Póvoa de Varzim, e venho de família de ciclistas. O meu tio é o João Cabreira, ex-ciclista profissional, e também estou ligado à família do Rui e do Mário Costa.
A ideia é seguir também esta vida. Sei que é difícil, mas vou lutar para conseguir subir para o escalão profissional.
Comecei com quatro anos na Póvoa Cycling Academy. Na altura chamava-se escola Manuel Zeferino. Primeiro no BTT e em cadetes passei para a estrada. Agora estou no segundo ano de sub-23, ambos na Porminho Team.
Grande significado familiar
O primeiro ano foi difícil porque em Portugal as corridas são um choque grande. De juniores passamos a correr com elites. Foi difícil mostrar-me, mas consegui fazer uma boa Volta a Portugal do Futuro chegando dois dias nos 20 primeiros.
Este segundo ano está a correr melhor. Comecei a época em grande com um 3º lugar na Taça de Portugal de ciclocrosse, em Oliveira de Azeméis. Nas corridas de estrada já estou a conseguir integrar-me melhor no pelotão.
Este Diário foi feito durante a Volta a Portugal do Futuro. Para muitos sub-23, onde me incluo, é a melhor corrida do ano e onde gosto de estar sempre no meu melhor.
Tem um grande significado familiar visto que o meu tio – João Cabreira – a ganhou em 2004 e eu gostava de fazer o mesmo.
É nas corridas com sub-23 que nos podemos mostrar e a Volta é das poucas que há em Portugal.
Trabalho duro de séries e horas
A Volta a Portugal do Futuro não correu como esperava. Fiz uma boa preparação, foi tudo planeado com dois meses de antecipação.
Passei alguns dias com o Lucas Lopes – o meu colega de treino habitual – perto de Celorico de Basto. Estava a chover pelo que fizemos rolos alguns dias e comecei logo aí a fazer tenda de altitude.
Depois do treino, à tarde, ia para a tenda passar a noite. Tentei passar o máximo de tempo possível e fiz isso durante 18 dias.
Parei uns dias antes da Clássica de Viana, que foi a corrida que me senti melhor esta época. Fiz 8º na Volta às Terras de Santa Maria/Troféu Fernando Mendes, mas cometi uns erros de alimentação e paguei isso no GP O Jogo onde não me senti bem.
A segunda parte da preparação foi uma semana intensa de treinos. Trabalho duro de séries e horas. Nas duas semanas antes da prova foi recuperar para estar na melhor forma.
Talvez o erro tenha sido fazer a tenda muito cedo. Resta analisar com o meu preparador e preparar os próximos objetivos, mas fiquei um pouco triste.
Lavar e afinar a bicicleta
Vamos falar em concreto da Volta a Portugal do Futuro. Para mim começou na sede da Porminho Team, na Trofa.
É um local pequeno e aconchegante com quarto, cozinha e oficina. Dormimos lá e saímos às 8:00 horas para a primeira etapa.
Foi uma jornada muito parada, só andou rápido de meio para a frente. Depois voltamos para a sede para massagem de recuperação e comer. Nada de novo em relação a outras provas.
Um pormenor acerca de mim. Gosto sempre de lavar e afinar a bicicleta. Sou eu que mexo na bicicleta antes das provas porque é importante saber o funcionamento da parte mecânica.
Chegou tudo partido ao São Macário
No primeiro dia senti-me bem, foi pena a fuga ter ganho 10 minutos porque quando as equipas tentaram perseguir já era tarde e chegaram com um minuto. Na chegada a Águeda ia bem posicionado, mas fiquei sem o travão de trás e nas rotundas tive algum medo. Fiz 13º na geral e 6º na juventude.
O segundo dia foi muito rápido – 50 km/h de média na primeira hora. Tentei arrancar com a fuga e não consegui. Chegou tudo partido ao São Macário e já não me estava a sentir bem.
No terceiro dia fui a sofrer desde o km 0 porque havia uma subida de 10 km e o ritmo foi alto. Perdi um bocado de espaço, fui atrás do prejuízo e consegui encostar. A etapa foi sempre certinha até à última subida a 10 km da meta, descolei e acabei no top 40.
Para o dia final queria apostar na etapa porque mesmo sendo leve sprinto bem. Apareceu uma subida muito dura ao km 5 que partiu tudo, fiquei com 20-30 corredores e chegamos a estar a um minuto do grupo da frente… mas não conseguimos encostar.
Vêm aí os Campeonatos Nacionais
A ideia da equipa era tentar ser a melhor equipa de clube nacional. Também queríamos fazer uma boa geral e o Afonso Lopes veio de lesão e fez um grande resultado (16º na geral e 5º na juventude).
Conseguimos fazer um pouco do que o diretor estava à espera. O sr. Alberto queria mais e nós também, mas creio que ficou orgulhoso porque fizemos um bom trabalho de equipa e agora há que melhorar nas próximas provas.
Já parei uns dias sem bicicleta após a Volta a Portugal do Futuro, agora vou voltar ao trabalho para preparar o Douro Internacional e o GP Anicolor. Depois vêm aí os Campeonatos Nacionais, o outro objetivo do ano.