Quando a Trek Madone Gen 8 foi lançada, estive em Espanha para a testar em primeira mão e por essa ocasião tive a oportunidade de testar a topo de gama SLR 9, pelo que, neste teste da Trek Madone SL7 Gen 8 vos posso falar com conhecimento de causa acerca das diferenças entre uma e outra.

Uma bicicleta topo de gama, equipada com tudo o que há de melhor no mercado, proporciona uma experiência de pedalada única, sem dúvida!
Mas para usufruir de uma experiência altamente agradável numa bicicleta, é necessário pagar 12.000€? O teste à Madone SL7 Gen 8 tem como objetivo principal responder a esta pergunta.
Depois de cerca de 1000 quilómetros pedalados nesta bicicleta, posso dizer com segurança que esta SL7 Gen 8 é uma das propostas mais interessantes do mercado atual. Não, não é uma SLR9 — mas na maioria dos momentos, também não precisa de o ser.

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Sensações de topo, por metade do preço
Há duas coisas que qualquer ciclista deve procurar numa bicicleta: sensações e desempenho. A Madone SL7 Gen 8 entrega em ambos com uma nota bastante aceitável.

Apesar de ser construída com carbono OCLV 500 Series (ao contrário do mais leve OCLV 900 da SLR), a geometria e o design são os mesmos da topo de gama, pelo que é uma bicicleta que se comporta de forma muito semelhante, na maioria dos momentos.
Cockpit diferente, mas as mesmas sensações
Um dos pontos mais positivos desta nova geração da Madone é o cockpit, com menos 3 cm. na zona dos pousa-mãos do que o habitual, contribui para aquela sensação de encaixe na bicicleta que te convida a carregar nos pedais e somar quilómetros.

Embora este cockpit de duas peças (avanço e guiador separados) seja diferente do totalmente integrado da gama SLR, mantém o mesmo conceito do topo de gama, com as mesmas medidas e ergonomia, proporcionando as mesmas sensações.

Não é um guiador tão apelativo visualmente como o totalmente integrado, mas se adquirirmos a peça de encaixe do GPS para a tampa do avanço, temos uma solução bastante bem conseguida do ponto de vista estético.

Shimano Ultegra Di2: performance sem compromisso
A transmissão Shimano Ultegra Di2 de 12 velocidades é, tecnicamente, quase igual ao grupo topo de gama Dura-Ace (grupo topo de gama da Shimano que equipa a versão SLR9). As diferenças resumem-se à estética e ao peso — falamos de algumas gramas — que sinceramente, para 90% dos ciclistas, não vai fazer a diferença entre uma boa ou má experiência num dia inteiro a pedalar.

A precisão e rapidez nas trocas de mudanças, a resposta dos travões, a ergonomia dos manípulos, a funcionalidade de poder sincronizar os botões no topo dos poisa mãos com o GPS, para poder trocar de páginas, tudo é como no grupo Dura-Ace.

É um grupo fiável, rápido e com uma sensação tão próxima do melhor grupo Dura-Ace, que de olhos vendados a maioria dos utilizadores não notaria a diferença.
Bidões e grades Aero
Outro acessório que não vem de série na Madone SL7 são as grades de bião e bidões Aero. Estes bidões e grades foram desenvolvidos especificamente para a Madone Gen.8, em túnel de vento, para funcionar em sintonia com o design do quadro de forma a que o conjunto seja mais aerodinâmico.
Se te vais sentir mais rápido com eles? Não, mas esteticamente ficam fenomenais na bicicleta! A questão é que entre grades e dois bidões ainda tens que desembolsar 150,00€.

Rodas à altura do conjunto
As rodas Bontrager Aeolus Pro 51 seguem a mesma linha de raciocínio: têm o perfil e a rigidez das RSL51 da SLR, mas com cubos diferentes e um peso ligeiramente superior.
Ainda assim, o comportamento em estrada é muito bom! Rolam soltas, mantém a velocidade, respondem bem quando se imprime força e transmitem segurança quando estamos em alta velocidade.

Também os pneus Bontrager R3 de 28mm. estão à altura, transmitem segurança curvar, permitem pressões que garantem conforto e são suficientes para encarar alguns sectores com o piso em pior estado. Para os que desejam um pouco mais, a Madone suporta 32mm.
IsoFlow: conforto e design
Assim como na sua irmã topo de gama, esta Trek Madone SL7 tem um design diferenciado e um conforto que nem parece de uma bicicleta “racing”, graças a esta solução do sistema IsoFlow que a Trek conseguiu nesta nova geração.

Não é uma bicicleta de endurance, mas absorve muito bem as irregularidades da estrada e permite rolar durante horas sem sentir aquele desgaste acumulado.

Este design permite isolar o ciclista das irregularidades, é como se o espigão de selim ficasse “suspenso no ar”, como podes ver na fotografia em baixo.

Onde se nota a diferença para a SLR9?
Claro que há momentos em que a Madone SL7 revela que não é a versão mais leve do catálogo da Trek. Nas subidas mais inclinadas, ou quando se exige uma resposta mais explosiva e imediata, sente-se aquele peso extra em relação à SLR9.
A Madone SL7 é uma bicicleta que transmite umas sensações muito boas, mas a SLR9 tem aqueles pontos “premium” que lhe conferem mais agilidade e leveza em todos os momentos.

Também não temos o cockpit totalmente integrado, e isso tira algum impacto visual e aerodinâmico ao conjunto, mas nada disto que refiro (peso extra e a estética) é algo que arruíne a experiência.
A pergunta que se impõe é: vale a pena pagar o dobro pelo modelo topo de gama? Na minha opinião, para a maioria dos ciclistas, a resposta será não.

No entanto, o valor é relativo para pessoas diferentes.
Para aquele que tem a possibilidade financeira de ter uma bicicleta topo de gama, igual à utilizada pela equipa World-Tour da Lidl-Trek, claro que terá uma peça extraordinária, uma F1 do mundo das bicicletas! Da mesma forma que para aqueles que treinam seriamente para obter os melhores resultados e classificações nos Granfondos, faz sentido que terem o equipamento que não lhes vai prejudicar em nada o seu desempenho.

A Madone certa para quase todos
Esta bicicleta é ideal para quem:
- Quer entrar nas primeiras competições com uma máquina que não comprometa a dedicação no treino;
- Procura uma bicicleta fiável para andar rápido nos treinos e voltas de fim de semana;
- Valoriza a estética e o design, mas não precisa (ou não quer pagar) pelo “show-off” topo de gama;
- Valoriza uma experiência de alto nível sem estourar o orçamento.
A Madone SL7 Gen 8 entrega sensações muito próximas do nível premium, por um preço que, face àquilo que oferece, faz todo o sentido.
Se estás à procura de uma bicicleta com uma performance acima da média e que te satisfaça em pleno nas tuas voltas — mas não queres ou não podes gastar 12 mil euros — esta é provavelmente uma das escolhas mais inteligentes do mercado.
A bicicleta testada: Trek Madone SL7 Gen.8
Os sapatos utilizados no teste: Trek Velocis
O equipamento utilizado no teste: Rapha no site da Trek
Podes saber mais pormenores acerca dos valores, disponibilidade e pontos de venda desta bicicleta através do site da marca em Portugal: www.trekbikes.com/pt
