O Topcycling esteve em Espanha, juntamente com os mais prestigiados meios internacionais, para testar a nova bicicleta Trek Madone Gen 8. Neste artigo podemos passar-vos uma opinião mais detalhada acerca da mesma, através do Luís Beltrão.
A apresentação e o teste
No evento de apresentação e teste desta nova bicicleta da Trek, tive a oportunidade de conversar com os responsáveis pelo desenvolvimento da oitava geração da Madone, bem como testar durante dois dias, duas versões distintas da bicicleta: a Trek Madone SLR 7, equipada com Shimano Ultegra Di2, e a versão topo de gama Trek Madone SLR 9, equipada com o novo SRAM Red AXS, idêntica à utilizada pela equipa profissional do World Tour, Lidl-Trek.
A Review em vídeo
Adeus Emonda – Alterações no catálogo da Trek
Convém começar por esclarecer o leitor acerca desta importante alteração.
Com o lançamento desta nova Madone, a Trek faz uma reestruturação significativa no seu portfólio de produtos. A Trek Émonda e a anterior geração da Madone deixam de existir, sendo substituídas pela nova Trek Madone Gen 8.
Seguindo a tendência
A indústria do ciclismo está em constante evolução, a tendência atual é a criação de bicicletas “All Round”, que são eficientes e rápidas tanto em terreno montanhoso como em terreno plano.
A Trek decidiu dar este passo agora porque, segundo os responsáveis de produto, na geração anterior da Madone desenvolveram a bicicleta mais aerodinâmica e rápida de sempre da marca. Depois perceberam que, se conseguissem reduzir o peso dessa bicicleta para o nível da Émonda, não precisariam de ter duas bicicletas distintas.
Assim, criaram uma única bicicleta que combina o melhor dos dois mundos: a aerodinâmica da anterior Madone e o baixo peso da Émonda.
A Trek passa a ter uma bicicleta “All Round”, com um peso anunciado de 6,8 kgs. (com pedais e grades bidom) e capacidade para suportar pneus de 33mm., o que também lhe confere robustez fora do asfalto.
Tecnologia e Design (o que há de novo)
A Madone Gen 8 incorpora a tecnologia melhorada do IsoFlow, que é agora (segundo os responsáveis da marca) 80% mais confortável verticalmente, absorvendo as vibrações da estrada e permitindo longas horas de pedalada com conforto, não obstante ser uma bicicleta Racing.
Confesso que um dos pontos que mais me surpreendeu no teste que fiz à anterior geração da Madone foi o conforto. Ao longo dos dois dias de teste pude constatar que essa característica mantém-se neste novo modelo.
O tubo diagonal, as novas grades de bidon e os bidons RSL AERO
Os responsáveis da Trek explicaram-me que embora tenha um formato bastante simples, o tubo diagonal foi desenvolvido para ser o mais aerodinâmico possível. Este é um dos pilares da construção desta nova bicicleta, que juntamente com as novas grades de bidon e bidons aerodinâmicos, contribui para a eficiência aerodinâmica global da nova Madone.
Apesar do formato, as novas grades de bidon suportam bidons normais (redondos), é escolha do utilizador comum ou dos profissionais utilizar os bidons com formato Aero ou não. (Ver vídeo para mais detalhes).
Conforme refiro no vídeo, com o cansaço acumulado e no meio do stress de uma competição eu não utilizaria estes bidons (porque só entram numa posição), mas a verdade é que os ciclistas profissionais da Lidl-Trek os utilizaram no Critérium du Dauphiné.
Nos testes em túnel de vento existem vantagens na utilização do “pack completo”, acredito que os profissionais os utilizem em algumas etapas/competições, noutras não.
Novo guiador
O guiador integrado segue os mesmo princípios do já existente “SLR Gen 7 Barstem“, mas é mais leve. Este guiador, mais estreito na parte superior (menos três cm.), é um dos grandes responsáveis pelos ganhos aerodinâmicos globais da bicicleta.
Os senhores da Trek desenvolveram a aerodinâmica da bicicleta tendo em conta o ciclista, ou seja, desenvolveram a aerodinâmica do conjunto “ciclista/bicicleta” e não só da bicicleta, pois os ciclista é o elemento que mais resistência provoca na deslocação do ar.
Com o design deste guiador o ciclista tem uma postura naturalmente mais aerodinâmica, com mãos e braços mais fechados.
Nova tabela de tamanhos
Outra novidade é o facto de a Trek disponibilizar uma tabela de tamanhos diferente do habitual, na qual acaba por haver menos dois tamanhos, simplificando a escolha.
Caso venhas a adquirir uma destas novas bicicletas informa-te na loja acerca desta alteração e qual o tamanho adequado a ti.
Nova técnica de construção da forqueta
A forqueta/coluna de direção é uma só peça, esta foi uma das inovações que também permitiu poupar algumas gramas em relação às versões anteriores da Emonda e Madone, que tinham uma construção de duas peças na forqueta.
Novo Carbono
Segundo os responsáveis de produto da Trek, neste modelo também foram utilizadas novas formas de moldagem do carbono que lhes permitiu utilizar menos material, aumentando ainda assim a rigidez. Chamam-lhe o Carbono OCLV 900.
Primeiras Impressões a pedalar
Ao pedalar na oitava geração da Trek Madone sente-se imediatamente a leveza e a agilidade (ver vídeo). A geometria mantém-se fiel à anterior geração da Madone, proporcionando uma posição elevada e agressiva.
A nova Trek Madone é 320 gramas mais leve que a versão anterior, o que se traduz numa experiência de pedalada naturalmente mais ágil e responsiva.
Se bem se recordam, no teste da anterior geração da Trek Madone eu apontei o peso como um ponto menos bom em percursos ondulados e em subidas, pois bem, a Trek resolveu esse problema nesta nova versão da Madone.
Agora sim, em subida a bicicleta responde rapidamente, proporcionando uma sensação de leveza que é difícil de alcançar em bicicletas aerodinâmicas de tubos maiores e espalmados, normalmente também mais pesadas (como a anterior geração da Madone).
A bicicleta é leve, é rápida, é reactiva, maneável, confortável, enfim, eu diria que esta bicicleta coloca a Trek de novo em campo.
Perguntas TopCycling
Na conversa de vinte minutos que tive com os responsáveis pelo desenvolvimento da nova Trek Madone, procurei fazer algumas perguntas que, provavelmente, alguns de vocês fariam.
Deixo-vos algumas das perguntas e respostas desta conversa.
Luís Beltrão (LB): É a primeira vez que a Trek tem uma bicicleta de corrida (a sua principal bicicleta de competição de estrada) com um design fora do comum, não é o design e geometria clássica como o da Emonda por exemplo. O que é que têm para dizer aos utilizadores amantes desse tipo de design?
Jordan Roessingh (Trek): Quando trabalhas na Trek, estás constantemente a tentar melhorar os produtos. O público alvo deste tipo de bicicleta deseja uma bicicleta rápida e leve, nós acreditamos que esta é a bicicleta mais rápida e leve que alguma vez construímos, e assim vamos ao encontro do que o público deseja neste tipo de bicicleta.
LB: De acordo com os vossos testes no túnel de vento, esta bicicleta é mais rápida 77 segundos por hora do que a Trek Emonda. Como se explica e fundamenta isso ao utilizador comum, que não está no túnel de vento?
Trek: Basta ele colocar-se a pedalar na nova Trek Madone ao lado do seu amigo que não tem esta bicicleta, e vai notar que sem querer começa a ganhar terreno (Risos). Agora mais a sério, grande parte desse resultado e dos ganhos aerodinâmicos da bicicleta, tem a ver com o formato do guiador e a postura que o ciclista adopta naturalmente. É um avanço significativo em relação à Trek Emonda.
LB: Ter uma só bicicleta de corrida na gama de estrada (tendo em conta que a Domane não é uma pura bicicleta de corrida), com um design característico e diferente é algo arriscado, porque para o cliente que vai à loja a primeira impressão estética é a que conta. A Trek tomou esta decisão tendo em conta a aceitação do público em relação à anterior Madone?
Trek: Foi uma decisão muito importante para a marca, portanto tivemos tudo em conta, desde a performance, que teria que ser melhor do que as anteriores Madone e Emonda, ao conforto, estética, sensação e prazer na pedalada, tudo.
O design do IsoFlow é diferente e pode ser até controverso para algumas pessoas, mas não o fazemos só para ser diferente, fazemo-lo porque tem vantagens e também porque temos uma equipa de designers de produto que trabalha arduamente para fazer bicicletas que tenham bom aspecto.
No final de contas, procuramos inovar em todos os aspectos e a Trek Madone não é só mais uma bicicleta como tantas outras no mercado.
Conclusão
A nova Trek Madone Gen 8 é, sem dúvida, uma revolução na marca e uma bicicleta que chega para mexer com o mercado.
Combina a leveza da Émonda, as características Aero e design distinto da anterior Madone, o que lhe dá além do óptimo desempenho, uma identidade própria, tornando-a numa bicicleta única.
Este não é o tipo de bicicleta da qual se goste “mais ou menos”, é uma bicicleta da qual se gosta ou não se gosta, mas quem gosta, fica decididamente com uma bicicleta distinta de tudo o que existe no mercado.
Pedalar é uma experiência para o utilizador e a Trek conseguiu criar uma bicicleta que não só atende às necessidades dos ciclistas profissionais, como também oferece uma experiência de pedalada fantástica aos entusiastas do ciclismo. Eu gostei.
Disponibilidade e preços
Podes ver a gama completa da nova Trek Madone, a disponibilidade e preços aqui no site da marca: www.trekbikes.com/pt/