Quando a Trek lançou a nova geração da Domane, informou desde logo que esta quarta geração mantinha o conforto característico do modelo, mas que teria funcionalidades orientadas para a competição. Foi exactamente o que constatei ao testar a nova Trek Domane SLR 7.
Vídeo do teste à Trek Domane SLR 7
Basta olhar para a bicicleta que nos apercebemos disso pelo próprio design do quadro. Depois, quando pedalamos na Trek Domane SLR 7 é um misto de sensações.
Por um lado apercebemo-nos de que se trata de uma bicicleta de endurance pela postura de pedalada e quando visualizamos além do guiador o volumoso pneu de 32mm., mas quando gingamos a bicicleta pedalando de pé e quando fazemos acelerações, sentimos que não é tão “molengona” como outras bicicletas deste segmento.

O mesmo conceito, mas mais eficaz
A Domane anterior (terceira geração) deixou a sua marca, era uma bicicleta bastante versátil, mas o seu peso era um ponto menos bom para quem queria ter algo mais do que uma bicicleta para fazer quilómetros de uma forma confortável.

Quem quisesse uma bicicleta para ir fazer um Granfondo de uma forma mais competitiva, provavelmente nem colocava aquele modelo no seu lote de opções.

A Domane SLR 7 que testei não tem esse problema, é uma bicicleta a ter em conta, mesmo para quem pretende andar rápido.
A Domane mais leve de sempre
Os engenheiros da Trek atacaram o projecto com o principal objectivo de poupar peso e conseguiram!
A novidade mais significativa nesta quarta geração é que é mais leve cerca de 300 gramas do que a anterior. É muito peso poupado, tendo em conta que falamos numa bicicleta que vai na sua 4.ª geração.

Essencialmente conseguiram fazê-lo actuando no sistema IsoSpeed. Tornaram o IsoSpeed traseiro mais simples, na linha daquilo que fizeram na Trek Checkpoint (modelo de Gravel), retirando a regulação que tinha anteriormente e retiraram por completo o IsoSpeed frontal que havia na caixa de direção.

Evolução simples e lógica
A chegada dos travões de disco permitiu que cada vez mais bicicletas tenham um maior espaçamento de pneu no quadro (uma tendência actual), que juntamente com a chegada dos pneus tubeless permite ter pneus mais volumosos e rolar com pressões que conferem maior conforto.
Desta forma, o peso extra que o IsoSpeed frontal aportava ao conjunto deixou de fazer sentido, os pneus garantem esse conforto.

Relativamente ao ajuste que o IsoSpeed traseiro permitia, a marca afirma que grande parte dos ciclistas não tiravam partido dele (pedalavam sempre com o mesmo ajuste) e desta forma decidiram retirar essa opção, que também aportava algum peso extra ao conjunto.

O espigão integrado e ajuste do IsoSpeed desapareceram e agora todos os modelos têm um espigão de selim regular, embora tenha o formato em D, em vez de ser redondo.

Os 20 mm. de offset do espigão combinam na perfeição com o sistema IsoSpeed e o aperto está agora camuflado debaixo de uma tampa de encaixe no tubo superior, o que ajuda a dar um aspeto mais “clean” às linhas da nova Trek Domane.

A integração dos tubos no cockpit também é diferente da anterior geração, agora a Trek Domane SLR 7 tem um aspeto mais limpo, com um sistema na linha do que a marca faz nos modelos Emonda e CheckPoint, com uma tampa que esconde os tubos de travão antes destes entrarem pela testa do quadro.

Este sistema integrado permite uma manutenção ou troca de guiador mais simples do que em outros sistemas integrados, algo que vejo como muito positivo.
Integração sim, mas simplicidade também por favor. (Até os mecânicos agradecem).

A bicicleta é compatível com outros guiadores regulares, no entanto o mesmo pode não acontecer com o avanço.

Em andamento
Bastam 5 minutos de pedalada para nos apercebermos de que estamos numa bicicleta de endurance, como referi no início a postura de pedalada é confortável e os volumosos pneus de 32mm. não deixam dúvidas, é uma bicicleta orientada para passar longas horas nela em vários tipos de terreno, seja uma estrada de terra, com pavê ou outras irregularidades.

É precisamente quando abrimos os horizontes e integramos estradas de terra nos nossos trajectos que esta bicicleta ganha uma nova vida, sentimos a bicicleta robusta, suave, estável e equilibrada.
Os pneus 32mm. absorvem bastante as irregularidades, transformam a bicicleta num autêntico “trator” que nos permite chegar mais facilmente a locais onde não levaríamos uma bicicleta com pneus de 25/26mm.

Poderás rodar com pressões ligeiramente mais baixas e descobrir todo um novo mundo, fazendo incursões por estradas de terra batida e gravilha, apesar de não ser uma Gravel.

Quando quiseres andar rápido podes montar uns pneus 28mm. com pressões mais altas e tens uma bicicleta, que apesar de não ser tão ágil como uma trepadora mais “racing”, não te vai deixar mal quando quiseres desempenho num Granfondo ou numa volta do grupeto de domingo.

Transmissão e travagem
As 12 velocidades nas bicicletas de estrada começam a ser assumidas como normais, embora ainda haja muita bicicleta no mercado com grupos de 11 velocidades, não se pode dizer que seja uma novidade.

Para aquele que utilizar pela primeira vez, no início irá estranhar um pouco o SRAM Force eTap AXS, mas a adaptação é feita de forma rápida.
Irá notar principalmente que alterna menos vezes entre os dois pratos da frente.

O facto de ter uma cassete 33/10 e pratos 46/33 permite fazer subidas na ordem dos 7% sem recorrer ao prato pequeno, algo que também não prejudica em demasia a cadencia de pedalada (pedalei em descida a mais de 60 km/h sem esgotar a pedalada).

Em descidas mais longas (onde possas pedalar a mais de 60 km/h) poderás notar falta de desenvolvimento na transmissão, algo que resolves montando um prato 48d. na frente.

É uma bicicleta bastante versátil e que acabou por surpreender muito pela positiva, no que respeita a sensações e experiência de utilização.

Nas bicicletas de estrada a travagem está sempre ligada à transmissão e como tal, também os travões estão a cargo da SRAM, grupo Force completo (gama média alta da marca americana).
Com a chegada do travão de disco às bicicletas de estrada, vieram os eixos passantes, que significam ter que utilizar uma chave sextavada para desmontar as rodas, em caso de furo por exemplo.

Para os esquecidos, a Trek resolveu o problema colocando um aperto rápido na roda traseira, que se retira e é uma chave sextavada que serve para ambas as rodas.

Pneus volumosos, maior partido da potência dos travões de disco
Os travões de disco trouxeram potência e sensibilidade à travagem nas bicicletas de estrada em geral, mas quando temos uns pneus 25mm. montados essa potência é limitada pelo volume do próprio pneu, algo que os pneus 32mm. da Trek Domane SLR 7 resolvem.

Os travões Sram Force são potentes e com os pneus 32mm conseguimos tirar mais partido dessa potência de travagem. Travar um pouco mais tarde ou aplicar um pouco mais de potência na travagem em situações de recurso são algumas das vantagens da nova Trek Domane SLR.

De referir que as rodas Bontrager Aeolus Pro 37, com um perfil de 37mm, em Carbono OCLV também aportam rigidez e qualidade ao conjunto.
O selim é sempre um componente importante e muito pessoal, quando compramos uma bicicleta nova nem sempre o selim que vem montado de origem oferece o conforto que desejamos, não é o caso nesta Trek Domane SLR 7, fiquei muito bem impressionado com o Bontrager Verse Short Elite.

Tudo para fazer um ciclista feliz
A Trek Domane SLR 7 que testámos tem um PVP no site da marca de 10.999,00 €, não é o modelo topo de gama mas como é de esperar com este preço, tem características premium.

Vem equipada de série com grupo de transmissão eletrónico, rodas em carbono, guiador e espigão de selim em carbono, um selim confortável e adequado, bem como o medidor de potência Quarq que também vem instalado de série.

Há muito pouco a melhorar ou a acrescentar neste conjunto, depois de comprar, é sair para pedalar e desfrutar da máquina.
Em resumo
Vem preparada para instalar guarda lamas, incorporar bolsas no tubo superior do quadro, tem um espaço de arrumação no quadro que permite guardar desde a ferramenta, a um colete ou um pequeno impermeável, ou mesmo comida (ver vídeo aqui), características que lhe conferem uma versatilidade difícil de encontrar noutros modelos do mercado.
Como já referi, desde um bikepacking de longa distância e vários dias, por vários tipos de terreno, a uma “competição” domingueira com os amigos ou num granfondo, a Trek Domane SLR7 acaba por conseguir fazer um pouco de tudo e é ideal para quem procura isso mesmo numa bicicleta, fazer um pouco de tudo.
Podes ver as características completas, as cores, os restantes modelos e preços da nova Trek Domane no site da marca em Portugal aqui: www.trekbikes.com/pt
Por: Luís Beltrão
Fotografia: Mário Silva
Edição fotografia: Jorge Branco
Vídeo e edição vídeo: Luís Beltrão
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