Não sei bem como começar a escrever o artigo sobre a Specialized Tarmac SL7 S-Works, experimentar durante mais de 500km’s uma bicicleta de €12.799,00, de uma marca de referência como a Specialized, equipada com tudo o que há de melhor é bom, muito bom, descrever isso às pessoas que dedicam alguns minutos do seu tempo a ler o artigo é que não é tão fácil assim.
O teste em vídeo
Não vou referir os números sobre a aerodinâmica e quão mais rápida é esta bicicleta que a anterior, porque além de não ter um túnel de vento em casa, esses já foram divulgados no artigo de lançamento da SL7, valem o que valem, para umas pessoas valem muito, para outras nem por isso, vou tentar singir-me àquilo que senti com esta bicicleta.
É uma Venge magra
Com o lançamento da Tarmac SL7 a Specialized deixou de produzir a Venge (modelo Aero da marca, do qual passa a ser vendido só o quadro), e fez este novo quadro com a filosofia de ter uma bicicleta que faz bem o que as Aero fazem (rápidas a rolar e no sprint), mas sendo também ligeira e reactiva (que é o que as escaladoras fazem).
O conceito não é novidade, na verdade várias marcas estão a enveredar pelas “all around”, que é este tipo de bicicleta com o formato das Aero mas com tubos mais aligeirados de carbono. Conseguem assim ter uma bicicleta visualmente apelativa como as Aero mas sem o seu grande defeito, que era o peso.
A Specialized pegou na Venge e tornou-a mais leve, as bicicletas são muito parecidas visualmente mas notam-se vários tubos mais aligeirados ou seja, emagreceram a Venge. Isto descrito assim parece fácil, mas é um desafio para os engenheiros manter a rigidez e o desempenho da bicicleta. Conseguiram, mesmo com um quadro a pesar 800 gr’s!
Nunca tive oportunidade de testar uma Venge de ultima geração ou uma SL6, por isso não posso comparar esta bicicleta com as “irmãs”, mas que esta é uma bicicleta com a qual se faz tudo bem, é.
O que mais me impressionou foi a ligeireza da bicicleta, quando vemos em alguns artigos que esta bicicleta é mais rápida “X km/h” que a anterior soa a marketing, mas quando estamos a pedalar nela, fazemos força nos cranks e ela reage, ganha velocidade tão facilmente que ficamos espantados.
A bicicleta é reactiva a subir, dá prazer fazê-la “gingar” subida a cima, é tão leve que faz confusão, depois a geometria deixa-nos encaixados de tal forma na bicicleta que rolar em terreno plano também dá um prazer enorme, ou seja a bicicleta oferece-nos uma experiência francamente positiva quando saímos para pedalar nela. (Estou a tentar ser comedido nas palavras, apetece-me escrever uma experiência perfeita mas pareceria que estava comprado pela marca).
Convém realçar que esta ligeireza também se deve ao resto do conjunto, a bicicleta vem equipada com grupo SRAM Red e-tap AXS e as rodas Roval CLX Rapide em carbono, pneus Specialized S-WORKS Turbo 26mm., guiador Specialized S-Works Aerofly II, selim S-Works Power em carbono, tudo é topo de gama, tudo é leve.
A bicicleta testada, tamanho 56, com travões de disco, rodas de perfil 50 e 60, sem pedais e só cum uma grade de bidon pesou 6,990 Kg’s.
Transmissão SRAM RED e-tap AXS
Para quem ainda não teve a oportunidade de experimentar a transmissão 12 velocidades da SRAM, há duas coisas que posso dizer: a primeira é que é é bom, a segunda é que não é essencial.
É bom, permite ter opções mais alargadas de transmissão (existe mais um carreto), e permite andar no prato grande durante mais tempo, em 48-33 afrontam-se bastantes subidas sem ter que recorrer ao prato 35, e em 48-10 a bicicleta rola a velocidades iguais a um “tradicional” 52-11 (falando de grupos de 11 velocidades).
Não é essencial porque na verdade o que sinto é que com um grupo de 11 velocidades só recorro ao prato pequeno mais vezes, talvez pessoas com menos preparação física beneficiem do carreto de 33 dentes desta cassete.
O funcionamento electrónico por Wireless tem um toque ligeiramente mais esponjoso que o Shimano Di2 mas funciona na perfeição.
De realçar ainda que este modelo vem equipado com potenciómetro SRAM Quarq AXS de série, é colocar o dispositivo de treino e sair pedalar.
Esteticamente (questões estéticas não se discutem, mas é a minha opinião), os poisa mãos do SRAM RED e-tap AXS estraga a imagem geral da bicicleta, é um equipamento topo de gama e na minha opinião a SRAM devia aprimorar a estética destes poisa mãos.
Integração dos componentes
A tendência actual nas bicicletas é a integração cada vez maior dos componentes, integração de avanço e guiador com espirais de travão pelo interior, espigão com aperto integrado no quadro entre outros elementos.
A Specialized Tarmac SL7 S-Works não tem avanço e guiador totalmente integrados, mas sim separados, o que pode facilitar a operação de troca de avanço (maior ou com diferente inclinação), ou mesmo tarefas de manutenção ou reparação.
No entanto, e como se pode ver pelas fotografias, a bicicleta tem um aspecto integrado, tanto o avanço como o guiador apesar de serem separados oferecem um aspecto limpo e desempenho aerodinâmico.
A tampa frontal de aperto do avanço contempla a integração do suporte de GPS, visto as espirais passarem pela parte inferior do mesmo.
As rodas
As rodas Roval Rapide CLX estão à altura do conjunto, têm de uma rigidez e suavidade fantásticas, e apesar de se notar uma ligeira instabilidade em dias de muito vento (menor do que com outras rodas que já experimentei), a verdade é que são bastante estáveis, tendo em conta que são uns aros com um perfil de 51mm (frente) e 60mm (atrás). Ainda assim, é necessário experiência, audácia e “kit de unhas” para descer rápido com estas rodas.
A rolar e em terrenos sinuosos é quando os 21mm. de largura interna do aro e 51mm. de perfil na frente, e os 21mm. de largura internado aro e 60mm. fazem a diferença, estas rodas rolam como poucas, são simplesmente fantásticas.
Claro que em terreno plano a bicicleta embala e mantém a velocidade de mais facilmente do que com umas rodas de perfil mais baixo. Quem adquirir a bicicleta terá que pensar quais o tipo de terreno pelo que anda e quais os objetivos que tem.
Os Pneus
Não percebo bem o porquê dos pneus 26 (nestas alturas penso sempre que os engenheiros da marca percebem mais disto do que eu, e deveria estar calado), porque numa bicicleta que suporta 32mm., seria bem mais aceitável uns 28mm. Na minha opinião hoje em dia, os 25mm. (ou 26) são os antigos 23, e os 28mm. são os antigos 25mm., não sei se concordam.
No entanto, os pneus 26mm. tiveram um comportamento irrepreensível, mas confesso que não abusei muito em curva pois sofrer uma queda com uma bicicleta destas, além de não ser bom para a saúde após uma queda recente, também não é bom ter que dizer à marca que lixei novamente uma bicicleta deles (caí feio no teste da Specialized Diverge, que podes encontrar no nosso site).
O Preço
São várias as visões que se podem ter sobre o factor preço das bicicletas (não só da Specialized, mas de todas as marcas), até que ponto a Specialized Tarmac SL7 S-Works justifica o preço?
A minha opinião é que estamos perante uma bicicleta que está equipada com tudo o que há de melhor no mercado, ao nível das bicicletas utilizadas pelos profissionais no Tour de França, digamos que é uma “Moto GP” ou um “Fórmula 1” fazendo a comparação com o mundo das motos ou dos automóveis, pelo que não se deve comparar com o preço de um automóvel ou moto de série.
A diferença é que um apaixonado por motos, ou por automóveis, mesmo que tenha dinheiro não pode comprar um F1 ou uma Moto GP e desfrutar deles nas estradas normais, mas um apaixonado pelas bicicletas com dinheiro pode.
Justifica para quem possa e queira dar esse dinheiro, no que respeita a sensações transmitidas, por menos dinheiro na própria Specialized existem bicicletas que oferecem uma experiência e performance muito boas.
QUADRO | S-Works Tarmac SL7 FACT 12r Carbon |
FORQUETA | S-Works FACT Carbon, 12x100mm thru-axle, flat-mount disc |
GUIADOR | S-Works Aerofly II |
AVANÇO | Tarmac integrated stem, 6-degree |
FITA | Supacaz Super Sticky Kush |
SELIM | Body Geometry S-Works Power |
ESPIGÃO | 2021 S-Works Tarmac Carbon seat post, FACT Carbon, Di2 Compatible, 20mm offset |
TRAVÕES | SRAM RED eTap AXS, hydraulic disc |
DESVIADOR DIANTEIRO | SRAM RED eTap AXS, braze-on |
DESVIADOR TRASEIRO | SRAM RED eTap AXS, 12-VEL. |
CASSETE | SRAM RED XG-1290, 12-V, 10-33d |
PEDALEIRO | SRAM RED AXS Power Meter |
PRATOS | 48/35D |
EIXO PEDALEIRO | SRAM DUB BSA 68 |
CORRENTE | SRAM CN Red 12-V |
RODA DIANTEIRA | Roval Rapide CLX, 21mm internal aro em carbono, 51mm perfil, cubo Roval AFD, raios DT Swiss Aerolite |
RODA TRASEIRA | Roval Rapide CLX, 21mm internal aro em carbono, 60mm perfil, cubo Roval AFD, raios DT Swiss Aerolite |
PNEUS | Turbo Cotton, 320 TPI, 700x26mm |
CÂMARAS DE AR | Turbo Ultralight, 60mm Presta valve |
Podes ver mais informações e pormenores sobre a Specialized S-Works Tarmac SL7, aqui.
Por: Luís Beltrão
Fotografia: Mário Silva
Edição fotografia: Jorge Branco
Vídeo e edição vídeo: Luís Beltrão
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