Em 2019 a Shimano lançou o primeiro grupo de componentes dedicados especificamente ao Gravel / Aventura, o grupo Shimano GRX.

O Shimano GRX trouxe múltiplas opções, incluindo sistema de transmissão simples e duplo, mecânico ou com mudanças electrónicas, 11 e 10 velocidades, sistema integrado para estrada e uma gama alargada de andamentos para se adaptar aos mais diversos estilos de Gravel e de ciclismo de aventura.

Nós tivemos a oportunidade de testar o sistema mecânico de 1X11 velocidades (prato 42D com cassete 40-11D), embora a Shimano ofereça três opções de cranques: 1×11, 2×11 ou 2×10 vel.

Esta versão (prato 42D com cassete 40-11D), pareceu-nos um pouco “curta”, tanto em descida como na hora de encarar inclinações muito acentuadas.

Mesmo tratando-se de uma Gravel bike, mais ágil que uma bicicleta de montanha, é necessário um bom nível de preparação física para encarar todos os tipos de terreno, torna-se exigente na hora de encarar inclinações acima dos 7%, se tivermos em conta que muitos dos utilizadores vão carregar as suas bicicletas com bagagem, acrescentando mais peso, mais exigente será.

Mas se o terreno pelo que pedalas é maioritariamente plano, ou se as inclinações que tens na tua zona não são bastante acentuadas, esta relação de andamentos faz sentido, principalmente se pedalas também em dias de chuva, onde a opção de um prato é sempre vantajosa em condições de lama.

De recordar que na gama GRX existe a opção do pedaleiro duplo GRX RX810 com uma diferença de 17D, com uma relação de andamentos 48-31D, que é neste momento o racio de mudança mais largo da marca.
As manetes
O posicionamento das manetes exige alguma adaptação, mas depois de pedalarmos algumas horas ficamos fãs deste posicionamento, que é desenvolvido especificamente para o gravel.

Além da ergonomia, as manetes têm características muito específicas tais como, um eixo da manete travão que foi reajustado +18mm para melhorar o apoio natural da mão, alavanca de travão melhorada para melhorar o apoio dos dedos e um repousa-mãos com uma nova textura anti-derrapante que garante uma melhor aderência em terrenos mais acidentados.

As manetes de travão secundárias
As manetes para travão de disco (BL-RX812-L/R) conectam ao circuito principal de travagem na bicicleta na frente ou atrás.

Estas manetes de travão estão desenhadas para ser instaladas no topo da haste de guiador próximo do avanço, o que permite ao ciclista ter uma opção de travagem quando pedala com as mãos colocadas no topo do guiador ou surgem mudanças repentinas de situações. (Sistema utilizado por alguns ciclistas World Tour no Paris-Roubaix).
Não são imprescindíveis, mas a verdade é que quando estão lá são úteis, principalmente em voltas longas, nas quais se muda a posição das mãos mais vezes.
O desviador GRX
O GRX tem 4 opções de mudança traseira, dependendo da cassete ou do modo de comutação que se pretenda utilizar.
Nós testámos a versão mecânica RD-RX812, um desviador de caixa mais longa utilizado com cassetes 11-40/42D das gamas Deore XT, SLX ou Deore.

Como já se deve ter notado, toda a linha GRX pode ser conjugada com muitos dos componentes da Shimano já existentes, sejam eles de estrada ou de montanha, o que é uma vantagem quer na hora de querer montar uma bicicleta na gama de preço que melhor se adapta a nós, como na hora de trocar um componente.
A Shimano utiliza correntes e cassetes de montanha com a gama GRX ((Deore XT, SLX ou Deore) e estrada (Ultegra, 105, Tiagra) existentes na gama, no caso da versão que testámos vinha montada com uma cassete XT 42-11.
Além do topo de gama Shimano GRX série 800, a Shimano tem componentes de 11vel. mais acessíveis, pedaleiro e manípulos da série 600 que podem ser combinados com produtos da série 800, assim como pedaleiros, mudanças e manetes ST de 10vel.
Os travões
Durante o tempo em que pedalámos com a Rondo Ruute AL2 equipada com o GRX, fizemo-lo por vários tipos de estradão com algumas descidas acentuadas, nas quais sentimos que a potência de travagem é progressiva (não “on/off) e suficiente.

Os travões hidráulicos GRX topo de gama ( ST-RX815) integram a tecnologia ‘Servo Wave’ proveniente dos sistemas de travão de montanha da Shimano.
De qualquer forma, e no seguimento dos restantes componentes da gama, também os travões estão disponíveis em gamas mais baixas para quem preferir apenas instalar um sistema de travão mais acessível em termos de valores, sem a opção ‘servo Wave’.

Componentes PRO Discover
A Rondo Ruute AL2 que testámos, estava também equipada com componentes PRO Discover, dos quais destacamos o guiador com 44 cm de largura no topo e 57 cm nos drops.

Como referimos antes exige alguma adaptação, mas depois de passada essa fase, transmite óptimas sensações tanto quando nos queremos acoplar na bicicleta a rolar, como na hora de abordar descidas mais técnicas, nas quais oferece maior controlo.

A título de curiosidade, alguns ciclistas de estrada profissionais estão a optar por este tipo de formato, tendo em conta a postura mais “aero” e acoplada na bicicleta que oferece.

Na fotografia Victor Campenaerts, ciclista belga da equipa World Tour NTT.
Em resumo, dependendo dos objectivos que cada um pretende a gama GRX tem uma solução adequada com a qualidade e fiabilidade Shimano, características fundamentais para esta vertente do ciclismo.
Na nossa opinião, para quem pretende uma utilização variada da bicicleta, pedalando por vários tipos de terreno e fazendo tanto passeios curtos, como voltas mais longas (Bikepacking), a melhor opção será a versão de 2X11.
Por: Luís Beltrão
Fotografia: Jorge Branco
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