Rúben Guerreiro – “Quem não gostaria de fazer top 10 no Tour?”

Rúben Guerreiro – “Quem não gostaria de fazer top 10 no Tour?”

Levar a bandeira nacional estampada no maillot durante um ano está entre as maiores honras que um ciclista pode ter. Rúben Guerreiro cumpriu esse sonho quando em 2017 venceu o Campeonato Nacional, prova da qual abdica este ano para chegar ao Tour de France fresco e na forma de uma vida.

As pernas estão lá e isso é que importa. O corredor de Pegões Velhos destruiu há dias no Mont Ventoux algumas figuras de 2021: o rei da montanha da Vuelta, Michael Storer, o campeão da Volta a França do Futuro, Tobias Halland Johannessen, um top 10 no Tour e na Vuelta, Guillaume Martin. Já para não falar de Carlos Verona, vencedor de etapa no recente Critérium do Dauphiné.

“As subidas no Tour são curtas e inclinadas. É difícil bater Tadej Pogacar e Primoz Roglic nesse terreno, mas no Ventoux também bati bons rivais e tenho confiança para os enfrentar no frente a frente”,

dispara o cowboy em entrevista ao TopCycling.

Rúben Guerreiro anda de pontaria afinada e moral em alta. E com razões para tal. Subiu com os melhores nos Alpes durante o Dauphiné [acabou 9º] e no Tour quer subir a parada:

“A equipa definiu que o objetivo é eu ir lutar por uma etapa e respeito essa decisão. Os líderes são Rigoberto Urán, que já tem provas dadas, e Neilson Powless, em quem a EF Education-EasyPost acredita muito para a classificação geral.

Respeitando a estratégia da equipa, não vou perder tempo nas primeiras etapas a não ser que seja obrigado como aconteceu no Giro de 2021. O cenário ideal é chegar às montanhas com o mesmo tempo dos homens que disputam a geral.”

Há no discurso do ribatejano a ambição natural de um jovem que a caminho dos 28 anos sente que ainda não atingiu todo o potencial.

“Encontrei-me este ano como ciclista e como atleta. Fui 18º em 2021, mas não me sentia como agora. Perdi peso. Trabalhei muito na alta montanha. Mostrei à equipa que recupero bem em provas por etapas. Com uma pontinha de sorte posso ficar às portas do top 10, que é o sonho de qualquer profissional. Quem é que não gostaria de fazer top 10 no Tour?”.

A pergunta é retórica e deixa antever a ambição de liderar.

“Não ia pedir a liderança para o Tour porque a equipa tem outra estratégia, mas um top 10 reforçaria o longo caminho que tenho feito até aqui, mostrando que mereço apoio. Tenho mais um ano de contrato e oxalá possa encontrar esse apoio dentro da equipa. Se isso não acontecer vou à procura dele porque com 27 anos sinto que posso evoluir e quero liderar a curto ou médio prazo. Eu e as pessoas que me rodeiam acreditam que posso lá chegar, passo a passo, como tem sido a minha carreira”.

Contam-se pelos dedos de uma mão os portugueses que fecharam nos 10 melhores do Tour: Alves Barbosa, Joaquim Agostinho e José Azevedo.

Um cowboy inspirado por um Pistolero

Ficou para a posteridade a celebração de Alberto Contador em momentos de vitória. Tiro para o ar e concorrência abatida. O vencedor de sete grandes Voltas é fonte de inspiração para o “cowboy” de Pegões, que em cada vitória saca das pistolas .

“Eu dou dois tiros, o Contador dava só um mas eram mais certeiros”,

reconhece Rúben Guerreiro bem disposto.

E se Rúben Guerreiro, o Pistoleiro português, pudesse escolher o cenário do próximo duelo?

“Depois de ganhar no Mont Ventoux gostava de ganhar no Alpe d’Huez [onde Joaquim Agostinho venceu em 1979]. No Dauphiné fizemos as duas primeiras subidas [Galibier e Croix de Fer] e só o final era mais simples em Vaujany; nesse tipo de dias o Contador atacava de longe, virava a corrida de pernas para o ar e em etapas curtas, mas intensas desde a partida, podem-se ceder minutos porque ou tens pernas ou perdes muito tempo”.

A jornada de alta montanha no Tour com maior quilometragem não supera os 179km [16ª etapa] de extensão e as jornadas decisivas [etapas 11, 12, 17 e 18] têm ainda menos. O formato foi testado e aprovado nas últimas edições na Vuelta pela ASO; agora é aplicado tanto nos Alpes como nos Pirinéus durante a prova francesa.

“É um formato mais interessante para ciclistas e espectadores porque puxa pelo espetáculo ao não termos etapas bloqueadas até à última subida. São menos conservadoras, ou seja, um ciclista como eu, sem nada a perder, pode mexer longe do final”,

explica o atleta da EF Education-EasyPost.

Curtas, longas, mais ou menos duras, Pogacar é a referência.

“Sente-se no pelotão que ele está noutro planeta, mesmo que a Jumbo-Visma esteja fortíssima como se viu no Dauphiné. O Pogacar tem demonstrado melhor condição do que os outros e quanto melhor a forma, maiores são as diferenças”.

O Tour começa a 1 de julho, em Copenhaga, na Dinamarca, e todas as etapas têm transmissão na Eurosport desde o quilómetro zero.

Por: Gonçalo Moreira

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