“Prova de ciclismo, pare por favor”

“Prova de ciclismo, pare por favor”

Como se garante a segurança numa prova de ciclismo? Isabel Fernandes foi ao Algarve e ao Alentejo com a GNR para nos contar tudo.

O título do artigo é a típica frase de abordagem por parte da GNR aos condutores durante uma prova de ciclismo e antes da chegada dos corredores ao local.

Um Destacamento de Trânsito Eventual (DTE), como é denominado este grupo de militares da GNR, é composto por motos e ligeiros. Tem um número de efetivos variável que depende das características da prova e do número de participantes.

Desde sempre a GNR acompanha as provas de ciclismo através de um DTE. Até 2017 esse destacamento era formado por militares da região onde se desenrolava cada prova.

Era mais uma tarefa relacionada com o trânsito, existindo “apenas” um manual de procedimentos de segurança para provas de ciclismo criado pela Federação Portuguesa de Ciclismo, a Associação Nacional de Árbitros de Ciclismo e o Comando Geral da GNR.

Créditos: João Fonseca

Dois comandantes e cerca de 40 batedores em 2024

A partir de 2018 a GNR passou a ter um DTE para as provas de ciclismo, com um comandante e batedores escolhidos de todo o país e que fazem as principais provas de ciclismo.

O número de provas realizadas pelo “DTEv Ciclismo” também tem vindo a aumentar. Este ano há dois comandantes e cerca de 40 batedores, entre efetivos e reservas.

Garantem todas as provas internacionais em Portugal, com excepção do Troféu Joaquim Agostinho e da Clássica da Arrábida, e incluindo as visitas da Volta a Espanha ao território nacional.

Nas duas provas internacionais por etapas já realizadas este ano, Algarve e Alentejo, tivemos a oportunidade de ver no terreno todos os elementos do grupo de 2024.

Créditos: Podium Events

Militares com experiência no ciclismo

Como é que esta alteração melhorou a segurança das provas de ciclismo?

São escolhidos militares com experiência no ciclismo, formação específica a nível da GNR para conduzir em provas de ciclismo. Têm ainda a componente de formação específica da Federação Portuguesa de Ciclismo, com o objetivo de compreenderem a dinâmica da modalidade e o papel dos membros da caravana.

A segurança de uma prova sempre foi o elemento principal da prova e seria impossível garanti-la sem a presença dos elementos das forças de segurança.

A caravana é uma equipa única e que tem de trabalhar em harmonia, apesar de cada um ter uma função. Ninguém consegue o sucesso de uma prova de ciclismo trabalhando isoladamente. É bom ouvir um batedor da GNR dizer: “Capitão, há muito vento lateral em xxxx, há possibilidade de abanicos.” Finalmente conseguimos criar uma só caravana, uma equipa onde todos falam a mesma língua!

Créditos: João Fonseca

Reconhecimento total do percurso

Como trabalha este grupo de militares para garantir a melhor segurança possível durante uma prova de ciclismo?

Além da preparação já referida no início do ano, o Comandante do DTEv GNR da prova faz o reconhecimento total do percurso com antecedência. Depois solicita à GNR ou PSP de cada localidade os meios necessários para a passagem segura da caravana.

Este trabalho é realizado pelo diretor da prova em colaboração com o responsável pela segurança. Já na prova esta equipa faz briefings e debriefings sobre as etapas e planeia a tática do dia seguinte.

Aproveite, saia do carro e desfrute da prova

O DTEv divide-se em duas equipas operacionais. Uma é composta por um ou dois ligeiros e motos que circulam cerca de 15 minutos avançados em relação ao pelotão.

Estes militares têm a função de parar os veículos em sentido contrário e fazê-los estacionar fora da estrada; também fazem avançar os veículos no mesmo sentido da corrida.

É o trabalho de limpeza do percurso para que quando os ciclistas passem não haja obstáculos (p. ex. veículos) que coloquem a segurança em causa.

Estas viaturas estão identificadas por um autocolante vermelho com a inscrição “PROVA DE CICLISMO” e a abordagem é, como ouvi por várias vezes:

“Prova de ciclismo, por favor desligue o carro e mantenha-se aqui até à passagem do carro da GNR com autocolante verde e a inscrição “FIM DE PROVA”. Aproveite, saia do carro e desfrute da prova. Obrigado pela colaboração!”

A segunda equipa garante que os veículos se mantiveram parados e a via desimpedida como indicado pela primeira equipa.

É composta pela viatura do comandante e o número de motos necessárias para acompanhar os grupos de corredores.

Atrás do carro vassoura, que fecha a caravana, circula a viatura da GNR com o autocolante verde e a inscrição “FIM DE PROVA”. Este indica aos condutores que podem retomar a marcha e que o ciclismo agradece a colaboração.

O capitão Vieira em ação durante a Volta ao Algarve.
Créditos: João Fonseca

Volta à Espanha será um novo desafio

Como são geridas as duas equipas e uma caravana de muitos quilómetros?

O comandante gere todas as operações e reajusta a tática de acordo com as situações de corrida. Via rádio comunicam o comandante e todos os veículos das forças policiais; também o diretor da organização, o responsável da segurança, o presidente do colégio de comissários, os serviços médicos e as motos de segurança civis que sinalizam os locais perigosos do percurso.

Este ano a Volta à Espanha será um novo desafio para o DTEv Ciclismo da GNR. É também a oportunidade para alargar o savoir faire das nossas forças policiais.

Da nossa parte podemos passar a mensagem a todos os contactos sobre o significado dos dísticos vermelho “PROVA DE CICLISMO” e do verde “FIM DE PROVA”. A segurança de todos é responsabilidade de cada um de nós.

O TopCycling agradece à Isabel Fernandes e aos membros do DTE da GNR a disponibilidade.

Isabel Fernandes com o capitão Fonseca da GNR durante a Volta ao Alentejo.

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