Covid-19 e a industria das bicicletas – Copo meio cheio ou meio vazio?

Covid-19 e a industria das bicicletas – Copo meio cheio ou meio vazio?

O impacto do Covid-19 na industria das bicicletas é para já negativo, como em todos os sectores, mas em tempo de crise será melhor ver o copo meio cheio ou meio vazio? Haverá uma nova utilização da bicicleta?

O problema do covid-19 na industria das bicicletas já existe (como em tudo o resto), agora tudo depende de como cada país, cada empresa e cada pessoa faz a abordagem ao mesmo daqui para a frente.

Comecemos pelos factos básicos

A utilização da bicicleta como meio de transporte (que não tem expressão no nosso país, sejamos realistas), tem vários benefícios que se tornaram mais evidentes com o problema da pandemia, facilita o respeito ao distanciamento social, ajuda a manter o sistema cardiovascular e pulmões saudáveis prevenindo doenças.

A própria Organização Mundial de Saúde aconselhou a utilização da bicicleta durante o confinamento.

Por exemplo alguns ministros da saúde como o alemão e depois o espanhol, entre outros, recomendaram o uso da bicicleta para deslocações essenciais durante os tempos de confinamento.

Houve cidades europeias como Paris e Londres, onde a utilização das plataformas de partilha de bicicletas foram mantidas como uma alternativa mais segura ao transporte público, e inclusive houve iniciativas por parte das cidades em colocar assinaturas gratuitas para profissionais de saúde.

As empresas e associações de ciclismo fizeram a sua parte para garantir que os serviços relacionados as bicicletas fossem reconhecidos como essenciais durante a crise, em Portugal a Abimota e a MUBI foram as entidades que comunicaram ao governo essa necessidade e a lei durante o estado de emergência mudou.

O confinamento irá terminar, o regresso ao trabalho e ao dia-a-dia terá inevitavelmente que acontecer, a população terá que adoptar hábitos adequados à nova realidade de viver com o vírus, e se estas foram medidas tomadas durante o confinamento em muitos países, são medidas que ajudam a viver com o vírus.

Tendo em conta estes factos o sector das bicicletas poderá ter novas oportunidades e no caso destas se confirmarem, as lojas que preparem os Stocks.

Crises podem trazer novas oportunidades

Como podes ver neste artigo do “The Guardian” actualmente várias cidades pelo mundo fora estão a alargar a sua rede de ciclovias, começaram inclusive a instalar ciclovias adicionais temporárias ( nas faixas de rodagem de veículos ) a fim de acomodar o aumento de ciclistas, e com o objectivo de evitar os aglomerados nas ciclovias já existentes.

Em Berlim, foram criadas ciclovias temporárias nas faixas de rodagem automóvel. Fotografia: Annegret Hilse/Reuters

Se existe uma altura em que a industria do ciclismo (empresas e entidades) pode aproveitar para crescer e mudar a forma como se olha para a bicicleta como meio de transporte, esta é uma delas.

Como está o cenário em Portugal neste momento?

Ouvimos algumas lojas do sector em Portugal, das quais recebemos a informação de que a partir do momento em que lhes foi permitido laborar (por lei), conseguiram vender bicicletas de gama baixa a novos clientes (pessoas que antes não pedalavam e passaram a pedalar).

O serviço de oficina também foi dedicado a novos clientes que procuraram as lojas para colocar a andar as bicicletas que estavam perdidas no sótão.

É certo que esta tendência pode ser temporária e fruto do actual estado de emergência, poderá despoletar novos hábitos e novos utilizadores?

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Quem pode sustentar a mudança?

Esta mudança de paradigma e recuperação não depende só dos consumidores e das empresas, o poder central tem um papel fundamental na aplicação de novas formas de mobilidade.

Nos tempos recentes vimos que criar novas leis e alterar as existentes para nos adaptarmos à nova realidade de vida com o vírus não pareceu difícil, depende da necessidade e vontade de quem dirige o país, assim como de cada indivíduo.

Como pode ser estimulada essa vontade por parte do Governo, em aproveitar o momento para alterar a forma dos portugueses se deslocarem? Com números.

Em 2018 a European Cyclists Federation (ECF) publicou um estudo no qual analisaram os benefícios do ciclismo na União Europeia, o qual inclui, os benefícios económicos para a UE.

De acordo com esse estudo o impacto que a utilização da bicicleta tem não é só ambiental, mas também social e económico, destacamos alguns dos parâmetros revelados. (Os números referem-se a toda UE).

Vê como pode a utilização da bicicleta ser benéfica em tantos campos diferentes.

Economia nas emissões de CO2:

  • O ciclismo economiza emissões equivalentes a mais de 16 milhões de toneladas de CO2 equivalente por ano na UE.
  • Este valor orresponde ao total anual de emissões de CO2 de um país inteiro como a Croácia.
  • Valor na economia: 600 a 5.630 milhões de euros, dependendo do custo social do carbono.

Economia de combustível:

  • Os níveis actuais de ciclismo na UE correspondem a uma economia de combustível de mais de 3 biliões de litros por ano, o que corresponde ao consumo de combustível para o transporte rodoviário de um país como a Irlanda.
  • O valor desta economia de combustível é de quase 4 biliões de euros.

Construção de bicicletas e indústrias relacionadas:

  • O valor do mercado de bicicletas na Europa foi estimado em 13,2 biliões de euros em 2016.
  • Espera-se crescer com uma taxa anual de 5,5% até 2022.
  • Em comparação, o mercado europeu de automóveis deverá crescer apenas 1,7% até 2024.

Cicloturismo:

  • Existe um número estimado de 2,3 biliões de viagens de cicloturismo por ano na UE, o que representa um valor económico total de 44 biliões de euros.
  • Cicloturismo está ligado a 525 000 empregos na UE.
  • Em França, os ciclistas gastam quase 20% a mais que a média para todos os turistas.
  • Em comparação, o sector de turismo de cruzeiros representava um valor económico de 38 biliões de euros e 326 000 empregos em 2012.

Vidas mais longas e saudáveis: mortalidade reduzida

  • O ciclismo evita 18 110 mortes prematuras por ano na UE-28. Isso corresponde a uma economia valor de 52 mil milhões de euros por ano.
  • O ciclismo também contribui para uma vida mais saudável, ajudando a prevenir um grande número de doenças graves crónicas, como por exemplo doenças cardiovasculares, diabetes (tipo 2), e osteoporose.

Benefícios para a saúde mental

  • A prática de actividade física moderada reduz o risco de doença de Alzheimer em 29%, e em cerca de 26% para declínio cognitivo.
  • A actividade física também foi associada a chances 17% menores de desenvolver depressão numa grande meta-análise de estudos relevantes.

Estes são só alguns dados que transcrevemos do referido estudo, deixamos o link para o documento original no final do artigo, o qual tem as fontes das quais retiraram os dados e números apresentados.

Sabemos que é difícil alterar culturas e mentalidades, mas se o governo e a industria estiverem em sintonia, após a crise e juntamente com outras medidas necessárias, o incentivo à utilização da bicicleta pode fazer o mercado do ciclismo crescer em vertentes que antes não eram tão exploradas no nosso país.

Cabe aos importadores e lojas irem analisando os sinais que o mercado lhes dá, adaptarem-se, e principalmente prepararem-se e cativarem o seu publico para novas utilizações da bicicleta, além do lazer e desporto.

Se és daqueles que encontraste este artigo na pesquisa de como utilizar a bicicleta na deslocação para o trabalho, vê o este nosso artigo acerca da melhore bicicletas para as deslocações diárias.

Algumas recomendações para pedalar com segurança durante a crise COVID-19 (recomendações da ECF)

  • Procura manter-te actualizado acerca das recomendações e leis das autoridades no que respeita às deslocações na tua zona de residência.
  • Verifica a tua bicicleta antes de sair, é muito importante que todas as possíveis avarias sejam evitadas. Antes de começar a pedalar, faz um rápido “check-up” da tua bicicleta e verifica se tudo funciona correctamente: pneus, travões, luzes, corrente, espigão, desviadores.
  • Lava as mãos antes e depois de andar de bicicleta, não toques no rosto e desinfecta o que puderes na bicicleta (principalmente nas bicicletas partilhadas).
  • Mantem a distância de segurança, distanciamento social é naturalmente inerente ao ciclismo, mas presta atenção extra e mantém algum espaço entre ti e outros utilizadores da estrada. Ao parar nos semáforos ou em um cruzamento, evita criar grupos de ciclistas muito próximos uns dos outros.
  • Embora o ciclismo seja e permaneça seguro e saudável, todas as actividades devem se limitar às necessidades absolutas. Portanto, verifica o teu itinerário com antecedência e segue a rota mais directa para chegar ao destino.

Fontes: European Cyclist Federation (ECF), MUBI, The Guardian.

Estudo da ECF: Os benefícios da bicicleta na UE

Agradecimentos às lojas BikePlanet, CC Bikes e Lisbon Bike pelas informações.

Agradecimentos ao nosso leitor Rui Igreja que partilhou connosco o estudo da ECF.

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