Campeões do Tour de France vencem o Vélo d’Or de 2023 que premeia os melhores do ano. Conferimos o ano de ouro de Jonas Vingegaard e Demi Vollering.
Subjetivos e potencialmente injustos, assim são os prémios individuais. No entanto, alguém os tem que atribuir e no ciclismo é a Vélo Magazine – parte do grupo ASO que edita o L’Équipe e organiza o Tour de France – que desde 1992 premeia o ciclista do ano.
O Tour de France pesou nas votações de 2023. Jonas Vingegaard somou 142 pontos e bateu o campeão mundial Mathieu van der Poel (133) e Tadej Pogacar (126). Mais folgada foi a vitória de Demi Vollering (171 pontos) sobre a campeã mundial Lotte Kopecky (139). As corredoras da SD Works bateram Annemiek van Vleuten (99 pontos).
Sucedem a Remco Evenepoel e Annemiek van Vleuten, vencedores na época passada.
Estes foram os finalistas do Vélo d’Or masculino:
- Mathieu van der Poel: campeão mundial de fundo de estrada, 1º na Paris-Roubaix e na Milão-Sanremo
- Remco Evenepoel: campeão mundial de contrarrelógio, 1º na Liège, clássica de San Sebastián e UAE Tour
- Jonas Vingegaard: vencedor do Tour de France, Criterium du Dauphiné, Volta ao País Basco e 2º na Vuelta a Espanha
- Tadej Pogacar: 17 vitórias na temporada incluindo Volta à Flandres, Volta à Lombardia, Amstel Gold Race, Flèche Wallone e Paris-Nice. Foi 2º no Tour de France
- Primoz Roglic: vencedor de Giro de Itália, Volta à Catalunha e Tirreno-Adriático. Foi 3º na Vuelta a Espanha
- Jasper Philipsen: 1º na Brugge-De Panne e corredor com mais vitórias na temporada – dos 19 triunfos quatro foram no Tour de France
- Wout Van Aert: 1º no GP E3 Harelbeke e na Volta à Grã-Bretanha; vice-campeão europeu e mundial de estrada e pódio na Paris-Roubaix, Milão-Sanremo e Gent-Wevelgem
- Mads Pedersen: sete vitórias na temporada, incluindo Giro de Itália, Tour de France, Paris-Nice, clássica de Hamburgo e Volta à Dinamarca
- Tom Pidcock: vencedor da Strade Bianche, 2º na Liège e 3º na Amstel Gold Race
- Adam Yates vencedor do GP de Montréal e da Volta à Romandia, 2º no Criterium du Dauphiné e 3º no Tour de France
Injustiças no top 10 feminino
Como especialista de ciclismo feminino julgo que há alternativas a Elisa Longo Borghini, Juliette Labous e Katarzyna Niewiadoma. A italiana falhou os principais objetivos, a francesa não venceu (apesar da época ter sido notável) e a polaca não ganha na estrada desde 2019 (o título mundial de gravel não conta no Vélo d’Or).
Em alternativa sugiro três nomes: Shirin van Anrooij ganhou na estreia da Volta a França do Futuro e dominou o Troféu Alfredo Binda – uma das mais antigas clássicas do calendário feminino –, Chloe Dygert é a história de superação do ano tendo ganho o mundial de contrarrelógio três anos após quase perder uma perna, enquanto Charlotte Kool foi a sprinter mais vitoriosa do ano.
Eis as finalistas do Vélo d’Or feminino:
- Demi Vollering: 17 vitórias incluindo Tour de France e tripla das Ardenas; vice-campeã mundial de fundo na estrada
- Lotte Kopecky: 14 vitórias incluindo campeã mundial de fundo na estrada, 1ª no Tour de Flandres, Omloop Het Nieuwsblad, Volta à Bélgica e 2ª no Tour de France
- Lorena Wiebes: 12 vitórias incluindo no Giro Donne, no Tour de France e nas clássicas Scheldeprijs e Ronde van Drenthe
- Marlen Reusser: campeã europeia de contrarrelógio, 1ª na Volta à Suíça, País Basco e Gent-Wevelgem
- Annemiek van Vleuten: 1ª no Giro Donne, Vuelta Feminina e Volta à Escandinávia
- Elisa Longo Borghini: 1ª no UAE Tour, 2ª na Liège
- Gaia Realini: 3ª na Vuelta Feminina, Giro Donne e Tour de l’Avenir
- Katarzyna Niewiadoma: 3ª no Tour de France
- Alison Jackson: 1ª na Paris-Roubaix
- Juliette Labous: 2ª no Giro Donne e 5ª no Tour de France
Vélo d’Or sabe a pouco
É sempre subjetivo premiar os melhores do ano, mas confiamos em que jornalistas das mais respeitáveis publicações mundiais o fazem após longa reflexão. Há um aspeto importante: os prémios cingem-se ao ciclismo de estrada.
Este aspeto é restritivo já que o ciclismo é cada vez mais multidisciplinar. Deveriam pesar os resultados de ciclocrosse, mountain bike e pista porque há atletas que transcendem a estrada.
Com critérios mais alargados podiam estar na corrida ao prémio a campeã mundial de ciclocrosse, Fem van Empel, a vencedora da Taça do Mundo de XCO, Puck Pieterse, e a campeã mundial de XCO, Pauline Ferrand-Prévot. Do lado masculino ficam sem reconhecimento Nino Schurter, vencedor da Taça do Mundo de XCO, e o melhor pistard da atualidade, Harrie Lavreysen, que em 2023 venceu dois títulos mundiais e três europeus.
O Vélo d’Or sabe a pouco…